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Justiça mantém Marcinho VP em presídio federal de Campo Grande

Decisão renova por três anos a permanência do líder do Comando Vermelho em unidade de segurança máxima

Por Gustavo Bonotto | 27/11/2025 21:30
Justiça mantém Marcinho VP em presídio federal de Campo Grande
Márcio dos Santos Nepomuceno, apontado como um dos líderes máximos do Comando Vermelho, em entrevista para programa da TV Record em 2018. (Foto: Reprodução)

A Justiça do Rio de Janeiro decidiu manter o líder do CV (Comando Vermelho), Márcio dos Santos Nepomuceno, o Marcinho VP, por mais três anos no presídio federal de Campo Grande, em decisão tomada nesta quinta-feira (27), após avaliação de segurança que apontou risco de articulações criminosas, com pedido formal da administração penitenciária fluminense como motivo da renovação.

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A Justiça do Rio de Janeiro determinou a permanência de Márcio dos Santos Nepomuceno, conhecido como Marcinho VP, por mais três anos no presídio federal de Campo Grande. A decisão, tomada na quinta-feira, considerou o risco de articulações criminosas e a necessidade de reduzir a influência do detento sobre o Comando Vermelho.Marcinho VP, que cumpre pena de 55 anos e 8 meses, está no sistema federal desde 2007. O juiz Rafael Estrela destacou que o isolamento evita repasses de ordens a comparsas e interferências em disputas territoriais no Rio de Janeiro. A defesa contesta a decisão, argumentando que o detento permanece isolado há 18 anos, sem possibilidade de contato externo.

O juiz Rafael Estrela afirmou que a permanência no regime federal reduz a influência da facção e impede contatos externos. A medida reforça o caráter estratégico da unidade sul-mato-grossense no enfrentamento ao crime organizado.

Marcinho VP está na Penitenciária Federal de Campo Grande desde janeiro de 2024 e cumpre pena que soma 55 anos e 8 meses de reclusão. O preso chegou ao sistema federal em 2007 e passou por todas as unidades de segurança máxima. O magistrado classificou o interno como liderança de alta periculosidade do Comando Vermelho.

A decisão mencionou que o isolamento do detento evita repasses de ordens a comparsas e impede interferências em disputas territoriais no Rio. O juiz fez referência à megaoperação realizada nos complexos do Alemão e da Penha, palco de confronto que deixou mais de 120 mortos e motivou nova onda de transferências de chefes da facção. A autoridade judicial afirmou que o retorno ao sistema estadual criaria instabilidade e ampliaria riscos à segurança pública.

O histórico disciplinar do preso também pesou na análise. O documento registrou que ele acumulou faltas graves no sistema fluminense e respondeu por episódios de indisciplina no sistema federal. A Vara de Execuções Penais considerou que a manutenção no regime especial preserva a integridade do sistema e evita rupturas na estratégia nacional de contenção do crime organizado.

A permanência de Marcinho VP em Mato Grosso do Sul já vinha produzindo desdobramentos jurídicos. No início do mês, o Supremo Tribunal Federal negou pedido da defesa para liberar entrevista do preso ao jornalista Roberto Cabrini, após a decisão da 5ª Vara Federal de Campo Grande que impediu a entrada da equipe da TV. O ministro Flávio Dino afirmou que a negativa não configurava censura, pois buscava resguardar a segurança da unidade e impedir comunicação direta de presos considerados de alta periculosidade.

Os advogados contestaram o entendimento e afirmaram que o detento se mantém isolado desde a transferência para o sistema federal, sem qualquer possibilidade de contato externo. A defesa também argumentou que o cliente não tem relação com o confronto que deixou 121 mortos no Rio, ocorrido um dia após o pedido de autorização para a entrevista. A equipe jurídica classificou como incoerente a tese de liderança criminosa atribuída ao preso após 18 anos de isolamento.

Campo Grande se tornou ponto estratégico para o Comando Vermelho após o Ministério da Justiça confirmar a vinda de dez chefes da facção para presídios federais, incluindo a unidade da Capital. A Senappen (Secretaria Nacional de Políticas Penais) definiu que os líderes seriam distribuídos entre as cinco penitenciárias do País, com objetivo de dispersar o grupo e impedir rearticulações.

A operação que motivou as novas remoções identificou que integrantes do CV ordenaram montagem de barricadas nos complexos do Alemão e da Penha, mesmo após anos de reclusão em regime severo. A transferência reforçou a presença da cúpula da facção em Mato Grosso do Sul e colocou a penitenciária federal entre os principais eixos da estratégia nacional de combate ao crime organizado.

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