Justiça mantém Marcinho VP em presídio federal de Campo Grande
Decisão renova por três anos a permanência do líder do Comando Vermelho em unidade de segurança máxima

A Justiça do Rio de Janeiro decidiu manter o líder do CV (Comando Vermelho), Márcio dos Santos Nepomuceno, o Marcinho VP, por mais três anos no presídio federal de Campo Grande, em decisão tomada nesta quinta-feira (27), após avaliação de segurança que apontou risco de articulações criminosas, com pedido formal da administração penitenciária fluminense como motivo da renovação.
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O juiz Rafael Estrela afirmou que a permanência no regime federal reduz a influência da facção e impede contatos externos. A medida reforça o caráter estratégico da unidade sul-mato-grossense no enfrentamento ao crime organizado.
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Marcinho VP está na Penitenciária Federal de Campo Grande desde janeiro de 2024 e cumpre pena que soma 55 anos e 8 meses de reclusão. O preso chegou ao sistema federal em 2007 e passou por todas as unidades de segurança máxima. O magistrado classificou o interno como liderança de alta periculosidade do Comando Vermelho.
A decisão mencionou que o isolamento do detento evita repasses de ordens a comparsas e impede interferências em disputas territoriais no Rio. O juiz fez referência à megaoperação realizada nos complexos do Alemão e da Penha, palco de confronto que deixou mais de 120 mortos e motivou nova onda de transferências de chefes da facção. A autoridade judicial afirmou que o retorno ao sistema estadual criaria instabilidade e ampliaria riscos à segurança pública.
O histórico disciplinar do preso também pesou na análise. O documento registrou que ele acumulou faltas graves no sistema fluminense e respondeu por episódios de indisciplina no sistema federal. A Vara de Execuções Penais considerou que a manutenção no regime especial preserva a integridade do sistema e evita rupturas na estratégia nacional de contenção do crime organizado.
A permanência de Marcinho VP em Mato Grosso do Sul já vinha produzindo desdobramentos jurídicos. No início do mês, o Supremo Tribunal Federal negou pedido da defesa para liberar entrevista do preso ao jornalista Roberto Cabrini, após a decisão da 5ª Vara Federal de Campo Grande que impediu a entrada da equipe da TV. O ministro Flávio Dino afirmou que a negativa não configurava censura, pois buscava resguardar a segurança da unidade e impedir comunicação direta de presos considerados de alta periculosidade.
Os advogados contestaram o entendimento e afirmaram que o detento se mantém isolado desde a transferência para o sistema federal, sem qualquer possibilidade de contato externo. A defesa também argumentou que o cliente não tem relação com o confronto que deixou 121 mortos no Rio, ocorrido um dia após o pedido de autorização para a entrevista. A equipe jurídica classificou como incoerente a tese de liderança criminosa atribuída ao preso após 18 anos de isolamento.
Campo Grande se tornou ponto estratégico para o Comando Vermelho após o Ministério da Justiça confirmar a vinda de dez chefes da facção para presídios federais, incluindo a unidade da Capital. A Senappen (Secretaria Nacional de Políticas Penais) definiu que os líderes seriam distribuídos entre as cinco penitenciárias do País, com objetivo de dispersar o grupo e impedir rearticulações.
A operação que motivou as novas remoções identificou que integrantes do CV ordenaram montagem de barricadas nos complexos do Alemão e da Penha, mesmo após anos de reclusão em regime severo. A transferência reforçou a presença da cúpula da facção em Mato Grosso do Sul e colocou a penitenciária federal entre os principais eixos da estratégia nacional de combate ao crime organizado.
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