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Cidades

Morte de criança indígena antecipa visita do Ministério da Saúde

Vinda será para elaboração de projeto-piloto que buscará soluções para comunidades indígenas de Dourados

Cassia Modena | 11/05/2023 17:00
Criança que morreu tinha um ano e três meses (Foto: Divulgação/Aty Guasu)
Criança que morreu tinha um ano e três meses (Foto: Divulgação/Aty Guasu)

Mais uma vez projetadas nacionalmente após uma criança indígena morrer por desnutrição em uma comunidade de Dourados em 1º de maio, as mazelas sociais enfrentadas pelos povos indígenas de Mato Grosso do Sul deverão ter atenção especial do Ministério da Saúde, que prepara um projeto-piloto para encontrar soluções.

Visita de dois secretários ligados à pasta ministerial será feita ao município nos dias 31 de maio e 1º de junho, como parte desse trabalho. Agendada para data anterior à da morte da criança, a vinda havia sido protelada, mas foi antecipada após o caso vir à tona.

A informação sobre o projeto-piloto e a visita dos secretários foi dada à reportagem pelo deputado federal Geraldo Resende (PSDB), que denunciou ao Congresso a morte do indígena e acompanha medidas tomadas desde então.

O parlamentar explica que serão várias as frentes do projeto e que ele poderá servir de modelo ao País. "Vai tratar de educação, segurança pública, saúde e lazer para a população indígena e poderá ser reproduzido em outros lugares do Brasil", disse ao Campo Grande News.

Ainda de acordo com Resende, que pretende acompanhar a visita, os dois secretários que virão a Mato Grosso do Sul representam as áreas de Saúde Especial Indígena e Atenção Primária à Saúde.

ONU - A subsecretária-geral e assessora especial da ONU (Organização das Nações Unidas) para prevenção do genocídio, Alice Wairimu Nderitu, está encerrando sua primeira visita oficial ao Brasil em Mato Grosso do Sul.

Nderitu passou por Campo Grande, Amambai e Dourados. Nas cidades, ela ouviu representantes políticos e comunidades indígenas para entender a situação vivida por eles, especialmente no que toca à demora da demarcação de terras.

Em sua passagem por Amambai, ela visitou a área indígena Guapoy, chamado pela comunidade como “Massacre de Guapoy”, por ter sido marcado com a morte do guarani-kaiowá Vitor Fernandes, 42, durante confronto entre indígenas e policiais da Tropa de Choque da Polícia Militar.

Representante da ONU esteve na área indígena Guapoy, que fica em Amambai (Foto: Divulgação)
Representante da ONU esteve na área indígena Guapoy, que fica em Amambai (Foto: Divulgação)

O foco das visitas feitas pela subsecretária no País é entender o que passam os povos originários e, além deles, os afrodescendentes e grupos e comunidades vulneráveis. Nesta sexta-feira (12), ela dará entrevista coletiva virtual no Rio de Janeiro (RJ) para falar do trabalho.

Caso isolado - A criança indígena que morreu tinha 1 ano e 3 meses, e vivia com a família na Comunidade Santa Felicidade, onde seu povo é minoria em meio a migrantes e imigrantes.

A morte por desnutrição foi caso isolado segundo avaliação feita pela Defensoria Pública de Mato Grosso do Sul e MPF (Ministério Público Federal), após visita ao local no último sábado (6).

"Podemos constatar que realmente foi um caso isolado, falta de atenção para esta comunidade. Observamos as famílias, e apesar da precariedade do local, nos fez concluir que o problema foi isolado. Vamos dar os encaminhamentos devidos para chegar a uma solução definitiva para estas pessoas", disse o defensor Lucas Pimentel.

O procurador da República em Dourados, Marco Antônio Delfino de Almeida, confirmou à reportagem que a situação é um caso isolado e que a criança que faleceu tem outros quatro irmãos, que não estão com desnutrição.



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