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Capital

“Se tivesse que morrer, tinha morrido”, diz alvo de facção

Foram identificados 20 suspeitos de envolvimento com a ordem de execução, dois deles continuam foragidos

Viviane Oliveira, Geisy Garnes e Silvia Frias | 20/03/2019 17:48
Os cinco 'líderes' do plano de ataque foram levados para a Deco (Foto: Paulo Francis)
Os cinco 'líderes' do plano de ataque foram levados para a Deco (Foto: Paulo Francis)

Após um plano de execução a 12 servidores da segurança pública ser descoberto um dos agentes penitenciários marcado como alvo pelo PCC (Primeiro Comando da Capital) afirmou que só soube do possível atentado por “boca de terceiros”. “Se tivesse que morrer, tinha morrido”.

O servidor é citado em um dos áudios interceptado pela polícia durante as investigações do caso. Segundo ele, a falta de segurança para os agente ficou ainda clara depois do episódio, já que só descobriu que era um dos “marcados para morrer” depois que todos os outros colegas tiveram acesso a informação.

“Fiquei sabendo por boca de agente do corredor, depois que estava todo mundo sabendo. Se tivesse que morrer tinha morrido", lamentou. Em nota a Sinsap (Sindicato dos Agentes Penitenciários de Mato Grosso do Sul) afirmou que os agentes são constantes alvos de ameaças e por isso vários ofícios já foram enviados ao governo pedindo por providências.

“Não é de hoje que o Sindicato tem encaminhado ofícios para o governo e Agepen para garantir um respaldo maior a esses servidores, que perante as ameaças têm suas vidas modificadas, já que é uma situação que envolve toda a família”.

Ainda conforme o sindicato, desde 2015 documentos são enviados aos órgãos responsáveis, mas sem sucesso. “Outro caso envolvendo coação aos servidores ocorreu em 2016 envolvendo sete servidores. Essa é a forma que as facções usam para amedrontar o Sistema e assim demonstram o sentimento de impunidade que impera em meio à criminalidade, oque contribui para que fatos como esses se tornem corriqueiros”.

Presos chegando a sede da Deco (Foto: Henrique Kawaminami)
Presos chegando a sede da Deco (Foto: Henrique Kawaminami)

A Operação Impetus, organizada pela Deco (Delegacia Especializada de Combate ao Crime Organizado), foi realizada esta manhã e apontou que presos com funções de liderança dentro do PCC recrutaram internos integrantes da facção distribuídos entre os presídios fechado, aberto, semiaberto e alguns simpatizantes, para que levantassem de forma sigilosa dados pessoais e profissionais de servidores de segurança pública para executá-los.

Foram identificados 20 suspeitos de envolvimento com a ordem de execução, dois deles continuam foragidos.

Nesta manhã, foram levados a delegacia Augusto Macedo Ribeiro, o Abraão, Laudemir Costa dos Santos, o dentinho, Willyan Luiz de Figueiredo, o Daniel, Diego Duveza Lopes Nunes, o Pitbull, Wantensir Sampatti Nazareth, o Inverno e Maicron Selmo dos Santos, o Maestro. O grupo, segundo a polícia, tinha a função de liderança e era responsável pela central da facção. Eles serão indiciados pelos crimes de ameaça e organização criminosa.

Parte dos envolvidos estavam presos na Máxima (Foto: Henrique Kawaminami)
Parte dos envolvidos estavam presos na Máxima (Foto: Henrique Kawaminami)

Áudios - Em um dos trechos que a polícia teve acesso, membro do grupo diz que precisa dos nomes dos “opressores da irmandade” e dos diretores dos presídios de Dois Irmão do Buriti, da Penitenciário de Segurança Máxima Jair Ferreira de Carvalho e da PED (Penitenciário Estadual de Dourados). Ele conta ainda que os irmãos da rua foram alertados para não "ripar" nenhum agente, por enquanto, pois iriam achar que seria uma resposta em razão das transferências de penitenciárias dos "irmãos". 

 “Ó vou te dar um caminho ai, vai nos brother do setor, tá ligado, pergunta ai mano, o nome do Mohamed, preciso só disso. Se puder apoiar com endereço, melhor ainda, mano. Ai é cheque. Manda pelo menos os nomes deles ai, nome do diretor da Máxima, da PED (Penitenciária Estadual de Dourados), vulgo dos agentes da PED, nome que é chamado no trabalho deles, Cezinha, não é? Alceu dos Santos, eles não são chamados assim? Traz o vulgo. Unidade massa, os opressores, Mohamed, seu Tião. (sic)”.

Em outro trecho, o integrante da facção continua. “Se você conseguir colocar o nome do seu Tião completo, nome certo dos caras. Dos diretores a gente quer o nome deles, diretor de Dois Irmãos do Buriti, Máxima, PED. Traz essa parada ai, nós estamos em alerta, mano. Os irmãos até pediu pra segurar, pra não ripar agente agora na rua, não ripar os vermes, tá ligado mano, porque vai achar que é uma resposta em cima das transferências dos irmãos. Então está segurando. Não é pra ripar, já tem que ter tudo no pente, os irmãos vai mandar o suporte na hora que for a hora, vai ter que ser a hora daquele jeito, é responsa isso ai. (sic)”

Em outro áudio, o membro da facção fala: "Daniel, eu preciso do levantamento do nome do diretor dos agentes mano, ai da Máxima nóis qué do Mohamed. Monta um serviço de inteligência com o Dentinho com os manos, entra no Facebook, vamos pesquisar Facebook deles com foto deles, dos agentes, dos diretores, entendeu meu truta. Nós precisa saber nome deles completo, fotos deles, levantamento completo. O "Resumo" está me cobrando. Tem como você me apoiar e trazer esse retorno (sic)”. (Na linguagem deles, "Resumo" é quem tem o posto mais alto na facção). Ouça, abaixo, o áudio.

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