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Capital

“A gente revive tudo" diz vítima de estupro que assiste júri de agressor

Camila foi atacada e esfaqueada 11 vezes por Felipe Gamarra em julho de 2019 no Jardim Carioca

Ana Paula Chuva e Bruna Marques | 11/03/2022 13:01
Olhar de Camila, ansiosa para o final do julgamento (Foto: Henrique Kawaminami)
Olhar de Camila, ansiosa para o final do julgamento (Foto: Henrique Kawaminami)

A aposentada Camila, 33 anos, assiste ao júri de Felipe da Silva Gamarra, 28 anos, nesta sexta-feira (11).  O réu é acusado de estupro e tentativa de feminicídio contra a mulher em às 13h do dia 29 de julho de 2019, no Bairro Jardim Carioca, em Campo Grande.

Atenta a tudo, a mulher, que só terá o primeiro nome divulgado, contou ao Campo Grande News, que decidiu assistir ao júri para ver “se a justiça seria feita” e pretende ficar até a hora em que a sentença for dada. Camila chegou meia hora antes do horário marcado para o início das atividades, acompanhada pelo marido, que preferiu não ficar no local.

“Estou na expectativa. Queria acompanhar de perto. Cheguei aqui às 7h30 e ficarei  até o final. Meu marido me trouxe, mas preferiu ir embora. Quero ver se a justiça será feita, estou ansiosa. Aqui a gente revive tudo o que aconteceu no dia, o medo, a angústia. Dá um aperto no coração, frio na barriga de ouvir tanta mentira, porque ele mentiu sobre muitas coisas”, disse Camila.

Marca de uma das facadas na mão de Camila (Foto: Henrique Kawaminami)
Marca de uma das facadas na mão de Camila (Foto: Henrique Kawaminami)

A vítima, na época era doméstica e por conta das sequelas do ataque precisou se aposentar. Mãe de três filhos e casada há 18 anos, não foi só a profissão e o bairro em que morava que Camila viu mudar nesses quase três anos.

“Não consigo mais trabalhar porque não tenho força na mão direita. Vou fazer mais duas cirurgias  ainda, no abdômen e na alça do intestino. Mudou tudo. A rotina, a autoestima, o psicológico. Nada é como antes. Agora tenho até medo dos meus filhos saírem sozinhos e serem atacados”, declarou a mulher.

Durante o depoimento de Felipe, Camila segurou firme as mãos e a vontade de gritar dizendo que o relato do réu não condizia com o que de fato aconteceu no dia do crime que a vitimou.

“A vontade é de gritar que não foi assim que aconteceu. Ele contou muitas mentiras. Espero que pegue a sentença máxima e pague pelo que fez. Se ele for solto, em pouco tempo haverá outra vítima aparecendo na televisão, um ser humano desse não tem cura”, desabafou Camila.

Defensor público ao lado de Felipe, no banco dos réus (Foto: Henrique Kawaminami)
Defensor público ao lado de Felipe, no banco dos réus (Foto: Henrique Kawaminami)

Julgamento – Felipe foi preso em em agosto de 2019, na cidade de Anastácio. Ele  é acusado de ataque à três mulheres no Jardim Carioca em Campo Grande e hoje está no banco dos réus pelo estupro e tentativa de feminicídio contra Camila em julho do mesmo ano.

O MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) denunciou Felipe por tentativa de homicídio qualificado por emprego de meio cruel e recurso que dificultou a defesa. As facadas começaram pelas costas da vítima, que estava amarrada e debilitada. Das 11 facadas, três foram no pescoço.

O ataque contra a doméstica foi às 13h do dia 29 de julho de 2019, no Bairro Jardim Carioca, em Campo Grande. Armado com faca, ele abordou a vítima na rua e a obrigou a entrar num matagal. Tentou roubar o celular, avaliado em R$ 1.590, mas desistiu porque ela não conseguia desbloquear o aparelho e após violência sexual, esfaqueou a mulher.

Hoje, durante julgamento, afirmou ser a vergonha da família e pediu redenção. “Se um dia ela puder me perdoar”. A frase levou a tia da vitima a se retirar da sala. Felipe ainda chegou a afirmar que não se lembrava do dia do ataque. Em geral, passava os dias bebendo e usando drogas.

O julgamento começou por volta das 8h,  na 2ª Vara do Tribunal do Crime, de Campo Grande e é presidido pelo juiz Aluizio Pereira dos Santos. Por volta das 12h houve uma pausa e a sessão deve retornar ainda no início da tarde de hoje.

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