"Chega de covardia": mulheres vão às ruas no Centro contra o feminicídio
Neste domingo, mobilização nacional pela vida delas reúne manifestantes na Capital
RESUMO
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Campo Grande participou, neste domingo (07), do movimento nacional “Levante Mulheres Vivas”, que ocorreu simultaneamente em várias cidades do país para denunciar a violência contra a mulher. A mobilização reuniu mais de 150 pessoas na Avenida Afonso Pena, com cartazes que expressavam indignação e pediam ações concretas, como leis mais rígidas contra a misoginia e a criação de políticas públicas permanentes. A psicóloga Ladielly de Souza Silva destacou a importância da união das mulheres além de ideologias políticas, enquanto a vereadora Luiza Ribeiro criticou a falta de secretarias específicas para mulheres em Mato Grosso do Sul. Dados alarmantes mostram que o estado já registrou 37 feminicídios este ano, além de milhares de casos de violência doméstica e estupro. Participantes reforçaram a necessidade de punições severas e educação desde a infância para combater a violência de gênero.
Campo Grande se uniu ao movimento nacional “Levante Mulheres Vivas”, neste domingo (07). A ação ocorre simultaneamente em diversas cidades do país para denunciar a escalada da violência contra a mulher.
Na Capital, a mobilização reuniu, pelo menos, 150 pessoas na Avenida Afonso Pena com a Rua 14 de Julho, onde mulheres, crianças, apoiadores e até alguns homens ocuparam o espaço com cartazes de encorajamento e indignação.
Entre as mensagens exibidas estavam frases como “Chega de covardia! Queremos uma lei contra a misoginia”, “Para homem violento, nada de tornozeleira, agressor de mulher tem que ir para a cadeia”, “MS sangra, MS grita, chega de mulher ter a vida interrompida” e “O feminicídio não escolhe somente feministas”.
A iniciativa é em razão da indignação coletiva após a repercussão de crimes registrados em diferentes estados, como o assassinato de Catarina Karsten, em Florianópolis; a morte das servidoras do Cefet (Centro Federal de Educação Tecnológica) Maracanã, Allane Pedrotti e Layse Costa Pinheiro, no Rio de Janeiro.

A psicóloga Ladielly de Souza Silva, de 29 anos, integrante da Associação Elas Podem, afirma que a mobilização é resultado de uma união que ultrapassa ideologias políticas.
“A questão das mulheres é algo que extrapola partido. Todas nós precisamos estar juntas nessa luta. O nosso Estado é onde mais mulheres são mortas. A gente precisou se organizar nacionalmente para dizer um basta: chega de violência; nós queremos as mulheres vivas”, declarou.
Para ela, a luta também passa pela busca de implementação da Procuradoria Especial da Mulher na Assembleia Legislativa, proposta existente desde 2015, mas nunca colocada em prática.

“Eu sou uma pessoa que a todo momento socorre mulheres. Fico emocionada em falar porque é exaustivo continuar todos os dias dizendo a mesma coisa e sentindo que não somos ouvidas”, desabafou.
A vereadora Luiza Ribeiro chamou a atenção para a ausência de políticas públicas estruturadas em Mato Grosso do Sul.
“Estamos numa situação muito grave. Por que isso acontece aqui? Porque não temos política pública permanente para a defesa da mulher. Apenas quatro estados não têm secretaria pública para as mulheres: Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Rio Grande do Sul e Rondônia”, afirmou.
Segundo Luiza, o Governo do Estado deveria aproveitar o momento para criar uma secretaria específica para mulheres, com orçamento robusto. “Nós não estamos passando por uma epidemia. Epidemia é uma circunstância. Nós estamos há muito tempo acumulando mortes por falta de política pública”, destacou.
A publicitária Valquiria Carneiro, de 62 anos, que mantém um perfil nas redes sociais voltado para mulheres 50+, reforçou a importância de romper o silêncio que ainda cerca a violência doméstica.
“Muitas mulheres se calam, têm vergonha. Eu digo: mulheres, não se calem, denunciem”, disse.
Para ela, a presença masculina é fundamental e contribui para inibir comportamentos violentos. “Existem homens bons, e a presença deles aqui talvez deixe os de mau caráter um pouco apreensivos.”
A assistente social Rosana Caroline de Souza Monteiro, de 46 anos, também destacou a necessidade de punições mais rígidas e educação desde a infância.
“Acho que as mulheres têm que lutar por punições mais rígidas, que inibam pelo menos a prática do feminicídio e da violência. Desde pequena, a menina já tem que aprender, saber identificar e lutar pelos direitos das mulheres”, afirmou.
Ao lado dela, sua filha Manuela, de 9 anos, mostrou que a consciência sobre igualdade e direitos pode e deve começar cedo. “Eu acho importante o pessoal saber que mulher também é um ser humano e tem todos os direitos que quiser”, disse a menina.
Dados - Somente neste ano, Mato Grosso do Sul já registrou 37 feminicídios. Dados da Sejusp (Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública) revelam ainda 1.819 casos de estupro, 75 tentativas de feminicídio e 18.508 registros de violência doméstica até 14 de novembro deste ano.
Dados do MJSP (Ministério da Justiça e Segurança Pública) mostram que, somente em 2025, o Brasil ultrapassou mil vítimas de feminicídio, o que equivale a quatro mulheres assassinadas por dia.
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