Com medo, guardas querem agilidade em cursos para trabalharem armados
Na média, apenas um em cada 12 agentes trabalham armados; Situação veio à tona após equipe sofrer ataque a tiros de traficantes em perseguição na região sul sem ter como revidar agressões

A ocorrência em que um homem acusado de tráfico morreu em confronto com policiais militares do Batalhão de Choque, na madrugada da última terça-feira (11), expôs o risco sofrido pela maioria dos guardas civis municipais de Campo Grande atuarem desarmados nas ruas da Capital. Atualmente, a média é de apenas um agente armado para cada 12 do efetivo total. Motivo de grande reclamação interna.
Na ocasião, após os guardas flagrarem Pedro Gabriel Silva, 36 anos, e um comparsa, que segue foragido, vendendo drogas na Praça Ary Coelho, na região central, deram início a uma perseguição de quase seis quilômetros até em que os acusados atiraram ao menos cinco vezes em direção da equipe da força municipal, que não tinha como revidar e teve de pedir apoio da PM.
“É um risco imenso. Ficamos expostos. Muitas vezes queremos ajudar mais a população, mas ficamos reféns dos bandidos armados. Essa situação precisa ser resolvida”, assegurou um dos agentes, sem se identificar.
A Prefeitura promete resolver a questão, mas com calma. Atualmente, apenas 101 GCMs do efetivo total de cerca de 1.200 estão credenciados a atuarem armados. Até o final do ano, mais 200 devem concluir o curso de aperfeiçoamento feito na Polícia Civil do estado e também receberem armamento para atuação ostensiva.
“Nosso planejamento é que todos os guardas tenham igualdade de condições para combater o crime”, assegurou o prefeito Marquinhos Trad (PSD).
Na nota, o poder municipal ressalta que, “quando necessário, (a Guarda Civil) tem apoio da PM, principalmente em ações conjuntas”, como foi o caso da ocorrência citada, que terminou na Vila Taquarassu (zona sul).
Paiol – Atualmente, a Guarda Civil Municipal conta com um arsenal de 203 coletes à prova de balas, 275 revólveres de munição calibre ponto 38 e 25 armas para uso de munição calibre ponto 12. O armamento foi adquirido junto à Polícia Militar ainda em 2016 e custou cerca de R$ 400 mil aos cofres municipais.
A atual gestão municipal admite que pretende ampliar o quadro de armamento da corporação no próximo ano.
Ao Campo Grande News em abril, o atual secretário municipal de Segurança e Justiça Social, Valério Azambuja, afirmara que a cautela para armar todo o efetivo é necessária por conta dos cursos de especialização e capacitação para uso do material bélico.
“Não é só entregar um revólver a cada um. São necessárias todas as certificações, em diversos métodos, atualizações”, disse, na ocasião. O secretário alertara que o recurso para o pagamento dos cursos e compra dos novos armamentos viriam do Fundo Municipal de Segurança, projeto que está em aprovação na Câmara Municipal e que estabeleceria uma cota fixa do orçamento para a área.
Campo Grande foi a última capital da região Centro-Oeste a contar com uma força municipal de segurança armada. Desde o Estatuto do Desarmamento, em 2003, a Legislação prevê que apenas cidades com mais de 50 mil habitantes podem armar suas corporações, desde que haja autorização concedida pela Polícia Federal.
A cidade só aprovou o início do curso de capacitação para armamento de sua guarda em novembro de 2015. Há pelo menos oito anos a categoria pedia a autorização para a atuação armada.
Atualmente, todas as capitais do país já contam com guardas armados ou projetos aprovados para implantação do porte de arma obrigatório como equipamento de serviço até 2019, segundo o Ministério da Justiça e Segurança Pública.