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Capital

Com risco de epidemia, prefeitura adota “estratégia de guerra" contra dengue

Flávia Lima | 05/11/2015 15:46
Prefeito Alcides Bernal (esq) e secretário de Saúde do município, Ivandro Fonseca, assinam termo de parcerias que irão desenvolver ações contra a dengue. (Foto:Fernando Antunes)
Prefeito Alcides Bernal (esq) e secretário de Saúde do município, Ivandro Fonseca, assinam termo de parcerias que irão desenvolver ações contra a dengue. (Foto:Fernando Antunes)

Para evitar uma epidemia de dengue em 2016, tal como ocorreu em 2013, a prefeitura de Campo Grande lançou na manhã desta quinta-feira (5), uma verdadeira estratégia de guerra, assim batizada pelo secretário municipal de Saúde, Ivandro Fonseca.

Com mais de 31 mil casos notificados no Estado desde o início do ano, o secretário diz que o cenário atual indica a necessidade de ações preventivas para evitar o avanço sem controle da doença

O maior problema, segundo ele, é a alta incidência de outras doenças, considerada "primas", da dengue, como a febre chikungunya e a zika, também transmitidas pelo mosquito Aedes Aegypti.

Para impedir o avanço dessas doenças, a administração está buscando parcerias com órgãos públicos e segmentos da sociedade que irão atuar juntos no desenvolvimento de ações que terão como alvo principal de combate, os imóveis abandonados, terrenos baldios e os quintais de casas, onde estão concentrados 86,2% dos focos do mosquito, segundo dados do último Lira (Levantamento Rápido do Índice de Infestação por Aedes Aegypti), divulgado esta semana.

Durante o lançamento do conjunto de ações, o prefeito Alcides Bernal enfatizou a questão dos imóveis abandonados e ressaltou que vai buscar parceria com o Tribunal de Justiça para obter o alvará que garante a entrada nos imóveis fechados e que representam uma das principais barreiras  durante os mutirões e campanhas anuais de combate a doença.

"Vou buscar uma agenda urgente com o Judiciário e pedir ao desembargador João Maria Lós, esse alvará que garante nossa entrada nesses locais", disse o prefeito. A questão dos quintais onde forma encontrados focos do mosquito foi lembrada pelo secretário Ivandro Fonseca, que ressaltou a intensificação de mutirões, especialmente nos 21 bairros com maior incidência de dengue, segundo o Lira.

"Também faremos palestras e campanhas em escolas e associações de moradores porque ainda falta conscientização dos moradores sobre os perigos dessas doenças", alertou. Tanto o secretário quanto o prefeito afirmaram que estão buscando parceria com o Exército para dar suporte de logística aos agentes de saúde que visitam os bairros.

A ideia é que eles ajudem a convencer os moradores que tem barrado a entrada dos agentes nas residências. "Recebemos muitas reclamações referente a proibição da entrada dos profissionais nas casas, por isso acreditamos que os militares poderão ajudar impondo respeito", destacou Ivandro.

Além da parceria com os órgãos, o prefeito disse que também deverá montar uma estrutura de atendimento como a utilizada na epidemia de 2013 nos postos de saúde da Capital, garantindo a assistência da população e encaminhando aos hospitais apenas os casos graves, onde já ocorram sangramentos.

"Todos sabemos que os hospitais não tem estrutura para arcar com toda a demanda, então vamos ampliar leitos e apostar no tratamento com hidratação nas UBs", explica Bernal.

O prefeito lembrou que o investimento na saúde básica garantiu que a epidemia daquele ano retrocedesse após a adoção das medidas, que incluíram ampliação no horário de atendimento da população em alguns postos de saúde, que durante a epidemia chegaram a receber 1,5 mil pessoas com sintomas de dengue, em cada unidade.

Ao todo, 48 mil casos foram notificados em todo o Estado, mas em Campo Grande, devido a reorganização feita nos postos de saúde em 2013, apenas 400 pacientes foram encaminhados aos hospitais.

Quanto as terrenos baldios, outra grande preocupação, o secretário de Saúde disse que denúncias podem ser feitas através do telefone da Ouvidoria da prefeitura. "Não vamos admitir terreno sujo, onde o proprietário é notificado e não toma providências. Se for o caso, vamos desapropriar", garante.

Estrutura - Quanto ao número de funcionários envolvidos nas ações, o secretário Ivandro Fonseca disse que atualmente existem 2,5 mil agentes de saúde na Capital. Ele também reconheceu a deficiência de pelo menos 200 profissionais no quadro de médicos nas unidades de saúde, mas ressaltou que o prefeito autorizou a contratação de pelo menos 100.

Para o prefeito, as ações surtiram resultado a partir do momento que as entidades e poder público se unirem para combater as três doenças. "O momento é de crise, de dificuldade, mas temos que fazer a nossa parte e estabelecer parceiras para evitar uma epidemia. Não vamos permitir que a população corra esse risco", destacou.

Mesmo com a escassez de recursos, Bernal garantiu a compra de mais equipamentos para borrifação e veículos. O prefeito acredita que a greve da Solurb, concessionária responsável pela coleta de lixo na Capital contribuiu com o agravamento da incidência da doença. "Temos muitos problemas que não conseguiremos resolver em um ano. Desde 2012, por exemplo, pararam de emitir notificações, mas um dia sem coleta de lixo trouxe um prejuízo incalculável", criticou.

Ele disse que vem percorrendo bairros e observando o amontoado de lixo em algumas regiões, que vem se transformando em lixões a céu aberto. "Essa situação é um risco latente, por isso precisamos da união de todos para enfrentarmos as dificuldades", disse

Em relação ao buracos que tomaram conta da cidade, oferecendo risco de virar criadouros do mosquito, Bernal disse que a parceria com o Exército também irá atuar no sentido de colaborar com o recapeamento das ruas. "Os militares são especialistas em obras horizontais e há extrema boa vontade em nos ajudar na requalificação das vias urbanas a um custo extremamente baixo", destacou.

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