Contrastes: revitalização da Afonso Pena traz à tona comércio de ambulantes
No meio da avenida revitalizada, um comércio a céu aberto apareceu
Quem vê o paranaense com sotaque de alagoano com óculos e antenas à tira colo em plena avenida Afonso Pena se depara com o contraste das realidades do centro da Capital. Se já existiam, com a revitalização os cenários só ficaram mais evidentes.
Um banho de loja tomou a avenida. O asfalto agora está novo como tapete, árvores bem cuidadas, jardim verdinho e florido. Canteiro que dá até gosto de ver e ainda no ar, o cheiro de grama nova. Mas ali mesmo, olhando por outro ângulo a via não mudou de cara. Nas laterais, calçadas gastas pelo tempo e tomadas por quem tenta ganhar a vida. Gente que trabalha e não é de hoje.
Em meio aos produtos “seo” Cícero Firmino da Silva, 48 anos, é o retrato desse contraste. Ele se destaca e não está sozinho nisso. Entre a repaginada da avenida, ambulantes se juntam dividindo espaço, principalmente na esquina com a 14 de Julho. No meio da avenida revitalizada, um comércio a céu aberto apareceu.
“Para eles isso aqui que eu faço não é serviço, mas ninguém vê essa área largada? Eu nunca vi um limpando essa calçada”, questiona. Vendedor ambulante, há dois anos ele passa metade do dia na avenida fazendo comércio e tentando fugir da fiscalização.
A revitalização se restringiu ao meio da avenida e fez saltar aos olhos de quem passa, a disparidade nos cuidados. “Ali está ao Deus dará, mas se eles me vêem, levam tudo”, completa Cícero.
A diferença é tanta que olhando rápido não parece nem que se trata do mesmo lugar. “Se você prestar atenção é muito visível a diferença”, comenta a dona de casa Elen Costa, 33 anos.
Moradora da Cidade Morena há pouquíssimo tempo ela ainda opina além “percebo que o trânsito melhorou um pouco, mas aqui está tão ruim, precisava dar uma limpada, não dá só para olhar o meio”.
E o contraste não para por aí. Nos degraus das lojas, índias passam o dia sentadas. Ao lado de caixotes, bacias de milho e guavira.
“Com certeza precisava dessa reforma né? Mas só ficou bonito aqui”, mostra a panfleteira Juliana Apontes, 23 anos.