Corredoras redobram atenção e ajustam rotas após ataque e assalto no parque
Além de tentativa de estupro, jovem foi assaltado também na quarta-feira no Parque dos Poderes
No dia seguinte à tentativa de estupro no Parque dos Poderes, o cenário era semelhante a qualquer outra quinta-feira: muita gente correndo, pedalando ou caminhando. Mas, hoje, o cuidado é redobrado e teve quem evitasse pontos considerados perigosos e mantivesse o olhar atento para todos os lados.
RESUMO
Nossa ferramenta de IA resume a notícia para você!
No dia seguinte a uma tentativa de estupro no Parque dos Poderes, em Campo Grande, frequentadores mantiveram a rotina de exercícios, mas com cautela redobrada. O local, que concentra maior movimento às quintas-feiras devido às assessorias de corrida, não apresentava patrulhamento policial durante a manhã. O caso ocorreu quando um homem identificado como Gleidon Barbosa da Silva, de 33 anos, tentou arrastar uma mulher para uma área de mata. No mesmo dia, um homem de 29 anos foi assaltado no parque, tendo seus pertences roubados e sendo vítima de transferência bancária via Pix.
Na quinta-feira, o movimento é maior por conta das assessorias de corrida, que organizam vários grupos para a prática esportiva coletiva. A equipe de reportagem chegou por volta das 5h30, percorreu as ruas do parque por uma hora e não encontrou nenhuma viatura da PM (Polícia Militar) nas vias do local.
- Leia Também
- Apesar de pânico, ataque a corredora no Parque dos Poderes é caso isolado
- Corredora escapa de estupro no Parque dos Poderes e agressor é preso
A advogada Marília Stangarlin, 34 anos, corre no Parque dos Poderes há cerca de dois anos, três vezes na semana. “Terça e quinta têm as assessorias, é bem movimentado, me sinto segura, mas alguns pontos, por exemplo ali embaixo, na curva, geralmente ninguém corre muito”, disse, acrescentando que também evita o trecho.
O ponto indicado por Marília foi onde ocorreu a tentativa de estupro, ontem, por volta das 5h15. Conforme relatado pela vítima à polícia, o homem identificado como Gleidon Barbosa da Silva, 33 anos, tentou arrastá-la para uma mata fingindo estar armado. A mulher reagiu e pediu socorro; o agressor correu, mas foi alcançado e detido.
Marília se surpreendeu com o ataque ter ocorrido cedo, em um horário em que normalmente há movimento. “De manhã a gente pensa: ‘Ah, o povo que faz coisas erradas, os meliantes estão dormindo, né? Não vão acordar às cinco horas da manhã pra atacar pessoas’. Porque, se fosse à noite, você fala: ‘À noite é mais perigoso’. Mas, de manhã, eu nunca tinha ouvido falar”, contou.
Deolina Souza de Oliveira, 82 anos, também estava no parque, acompanhada do marido e de um casal de amigos. “Sozinha eu não venho de jeito nenhum”. Diz que não viu patrulhamento hoje. “Tem que ter, pela quantidade de pessoas, atletas correndo, andando de bicicleta e mesmo as moças correndo aqui nessa pista onde eu corro”.
A psicóloga Paula Vilena, 40 anos, estava com uma amiga e adotou como tática correr somente nos dias de assessoria, quando os grupos organizados são maiores. “A gente acaba ficando mais segura pela quantidade de pessoas, mas não pelo patrulhamento. Acho que falta um pouco, principalmente por causa das mulheres”.
Frequentador do parque há cerca de um ano, o empresário Douglas Brandão, 43 anos, conta que a situação é mais tensa na sexta-feira, quando é comum ver pessoas alcoolizadas que estacionam em pontos do local. Hoje, veio mais tarde e desconfiado. “O pessoal está com medo, falei ‘vou dar uma arriscada, mas vou correr mais pra cá’”.
Assalto no parque
Além do estupro, circulava entre os esportistas o relato de outro crime, um assalto também ocorrido ontem, às 7h44, segundo registro da ocorrência.
O caso foi registrado na Depac/Cepol (Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário). Segundo o homem de 29 anos, ele foi assaltado enquanto começava uma corrida na Avenida Desembargador José Nunes da Cunha, no Parque dos Poderes. A vítima relatou que foi abordada por um ladrão armado com uma faca, que levou chave do carro, celular, relógio e óculos. Depois, percebeu que fizeram um pix de R$ 300 usando o aparelho celular.
Brandão diz que muitos preferem correr dentro do parque, perto dos grupos das assessorias. Mas conta que um amigo desistiu de ir ao local hoje depois dos relatos.
Marília Stangarlin, a primeira entrevistada, diz que é preciso ficar alerta. “Ser mulher é difícil, né? Porque a gente, em todo lugar que vai, nunca está totalmente segura. Quem tem assessoria se sente um pouco mais segura, mas quem não tem, tem que ser assim: se está de fone, correr com um fone só, ficar sempre de olho”.
Em nota, a PM informou que o patrulhamento preventivo é realizado diuturnamente no Parque dos Poderes por meio das equipes de radiopatrulha do 9º BPM (Batalhão de Polícia Militar), e das unidades especializadas.
Ainda segundo a PM, rondas preventivas e abordagens policiais têm sido intensificadas de acordo com o emprego operacional das viaturas. "A unidade da PMMS responsável pela região já possui conhecimento da situação e está trabalhando na demanda, sendo analisada para a reforçar o policiamento na região de modo a prevenir e reprimir essas ocorrências".
Receba as principais notícias do Estado pelo Whats. Clique aqui para acessar o canal do Campo Grande News e siga nossas redes sociais.






