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Capital

Médicos são suspensos por erro que deixou filho de vereador em estado vegetativo

Decisão unânime do CRM aplicou punição de anestesista e diretora técnica, que podem refletir em ação criminal

Por Gustavo Bonotto | 23/10/2025 22:35
Médicos são suspensos por erro que deixou filho de vereador em estado vegetativo
Dabiana e Beto ao lado do filho, que recebe tratamento em casa. (Foto: Arquivo/Osmar Veiga)

O CRM-MS (Conselho Regional de Medicina de Mato Grosso do Sul) aplicou, ao fim da noite desta quinta-feira (23), 30 dias de suspensão a Antônio Rodrigues de Pontes Neto e Karin Kiefer Martins, médicos do Hospital Adventista do Pênfigo, em Campo Grande, após erros graves durante a cirurgia do filho do vereador Beto Avelar (PP), Roberto de Avelar Júnior, 34 anos, que ficou em estado neurovegetativo em 2022.

RESUMO

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O Conselho Regional de Medicina de Mato Grosso do Sul suspendeu por 30 dias dois médicos do Hospital Adventista do Pênfigo, em Campo Grande, após erros graves durante cirurgia que deixou Roberto de Avelar Júnior, 34 anos, em estado neurovegetativo em 2022. O anestesista Antônio Rodrigues de Pontes Neto e a diretora técnica Karin Kiefer Martins foram condenados por negligência, imperícia e imprudência. O paciente, filho do vereador Beto Avelar, entrou andando para uma cirurgia simples de retirada de pino no braço e sofreu parada cardíaca, permanecendo 90 dias no CTI.

A decisão foi tomada por unanimidade, em julgamento ético-profissional conduzido por videoconferência, motivada por falhas no monitoramento, na condução do procedimento e na aplicação da anestesia. A punição  pode parecer leve, mas segundo o CRM é considerada gravíssima e pode influenciar processos criminais e cíveis relacionados ao caso.

O anestesista foi condenado por negligência, imperícia e imprudência, além de delegar atos exclusivos da profissão médica e desrespeitar normas do Conselho de Medicina. Ele também não obteve consentimento adequado e deixou de usar todos os meios disponíveis para prevenção e tratamento de Júnior.

A diretora técnica foi responsabilizada por desobedecer resoluções, acobertar conduta antiética e não denunciar irregularidades à comissão de ética. O relator do processo apresentou fundamentação detalhada, reforçando a gravidade das condutas e a necessidade de punição exemplar.

O caso começou em 25 de fevereiro de 2022, sexta-feira de Carnaval, quando Júnior entrou andando para uma cirurgia simples de retirada de pino no braço e permaneceu 90 dias no CTI (Centro de Terapia Intensiva). A família relatou que ele sofreu parada cardíaca, bradicardia e falta de oxigenação, além de procedimentos de extubação realizados de forma inadequada.

Médicos são suspensos por erro que deixou filho de vereador em estado vegetativo
Roberto de Avelar Júnior teve parada cardíaca em cirurgia e família aponta erro médico. (Foto: Arquivo pessoal)

Os pais, Beto Avelar e Dabiana Barcelos, tiveram de lutar judicialmente para garantir internação domiciliar e cuidados adequados. "Meu filho entrou andando e saiu neurovegetativo do hospital. São erros gritantes. Quando ficamos sabendo da parada cardiorrespiratória, nós tomamos todas as providências. Solicitamos a sindicância do hospital, fizemos o boletim de ocorrência”, relata o pai.

A sindicância do hospital não encontrou problemas e apontou que a parada cardiorrespiratória poderia ocorrer em qualquer paciente. “Mas eles não quiseram apresentar para nós as oitivas das pessoas ouvidas na sindicância. Essas oitivas são conclusivas da negligência, imprudência e imperícia. Nós tivemos que pedir judicialmente”, disse Beto.

O outro lado - Em nota, o Hospital Adventista do Pênfigo afirmou que todos os apontamentos estão sendo tratados tanto em processo judicial quanto administrativo e que tem colaborado de forma plena e transparente com a Justiça.

Ainda segundo o texto enviado à reportagem, o hospital reforça seu compromisso com a ética, a integridade e a qualidade no atendimento aos seus pacientes. "E, como parte de sua postura responsável, confia que a resolução dos questionamentos ocorrerá de forma célere e justa, a fim de comprovar a boa-fé e o compromisso com os mais altos padrões de conduta da instituição."

As defesas de Antônio e Karin não se pronunciaram no prazo estipulado de uma hora para a publicação do texto. O espaço segue aberto para declarações futuras.

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