De braços cruzados, funcionários da Santa Casa cobram por salário atrasado
Salário de janeiro ainda não foi pago e funcionários dizem que só voltam ao trabalho depois do dinheiro entrar na conta
De braços cruzados, os funcionários da Santa Casa paralisaram as atividades na manhã desta terça-feira (9). O protesto é pelo atraso no pagamento dos salários programado para cair no 5º dia útil, ou seja, na última sexta-feira (5), o que não aconteceu. Depois de uma conversa com o Ministério Público do Trabalho, foi dado um prazo que terminou nessa segunda-feira (8). Sem dinheiro na conta, o resultado é este: paralisação.

"Querem pagar 50% do salário, mas eu não trabalhei 50%". O desabafo é de Jussara Alves, de 49 anos, que trabalha na higienização do hospital há quatro anos. "Isso prejudica muito, porque eu preciso pagar água, luz e aluguel. Eu não estou trabalhando 50% e preciso comprar comida", reforça.
Desde outubro ela conta estar sofrendo com atraso de salário, até férias ela diz ter tirado, mas sem receber. "E apesar disso, nunca deixei de trabalhar", ressalta.
Secretária-Geral do Siems (Sindicato dos Trabalhadores na Área de Enfermagem de Mato Grosso do Sul), Roseli Carvalho é enfática ao dizer que a categoria só vai sair dali depois de receber o salário.
"Toda vez botam a culpa na prefeitura pelo atraso, somos mais de 100 pessoas aqui fora só da enfermagem e estamos aqui desde 7h30", fala.
Presidente do Siems, Lázaro Santana contabiliza 1,2 mil profissionais entre auxiliares técnicos e enfermeiros prejudicados pelo atraso de salário. "Estamos tentando reivindicar férias, acúmulo de 11 mil horas extras não pagas, e apesar dessa mobilização da paralisação, temos 50% da equipe trabalhando no CTI, 30% nas enfermarias e 100% na sala de emergência", assegura Lázaro.
Representante do Sintesaúde, sindicato que fala pela categoria profissional dos trabalhadores em estabelecimentos de serviços de saúde, Osmar Gusti também reforça que a assistência aos pacientes continua com 30% do efetivo trabalhando. "Para não prejudicar os pacientes, vamos lavar roupas, estão fazendo comida. Nós só vamos sair daqui se pagarem o salário".
A assessoria de imprensa da Santa Casa afirmou que não há paralisamento, somente manifestação de alguns funcionários convocados por sindicatos e que realmente o pagamento do salário está atrasado, porque a Prefeitura de Campo Grande não repassou o valor contratual. A previsão, segundo a assessoria do hospital, é de pagar os trabalhadores assim que o recurso for repassado pelo município.
Questionada pelo Campo Grande News, a prefeitura respondeu que há apenas um montante em aberto, de cerca de R$ 5 milhões, e que está sendo repassado ao hospital nesta terça-feira.
"O mesmo não encontra-se em atraso, pois está dentro do período de compensação financeira. Cabe ressaltar que a Santa Casa recebe mensalmente aproximadamente R$ 24 milhões, recursos estes que vêm sendo pagos normalmente, não havendo assim pendência por parte do município", explicou a nota.