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De ponta a ponta, sobram problemas de acessibilidade na Afonso Pena

Percorremos de um extremo ao outro da principal avenida da cidade, para entender o motivo da decisão judicial que deu 10 meses para a prefeitura realizar obras de adequação.

Aletheya Alves e Danielle Matos | 30/01/2019 06:20
Rampa de acessibilidade rachada na Afonso Pena. (Foto: Aletheya Alves)
Rampa de acessibilidade rachada na Afonso Pena. (Foto: Aletheya Alves)

Desde a região do Círculo Militar, até os altos da Afonso Pena, falta muito para a principal avenida da cidade garantir acessibilidade. Ao percorrer uma avenida vital para Campo Grande, de um extremo ao outro, ficam claros alguns pontos que levaram à determinação judicial que estabeleceu nesta semana um prazo de 10 meses para que a prefeitura providencie as obras que acabem com as limitações.

Piso tátil irregular ou a falta dele em uma sequência de quadras, raízes que destruíram as calçadas, rampas pela metade, buracos espalhados de lado a lado, são alguns dos problemas que dificultam o ir e vir, não só de quem é deficiente físico ou visual.

Nos Altos da Afonso Pena, até trilha de terra vira luxo (Foto: Danielle Mattos)
Nos Altos da Afonso Pena, até trilha de terra vira luxo (Foto: Danielle Mattos)

Percorremos de um extremo ao outro da avenida na tarde desta terça-feira.

O caminho é complicado quando se parte da região do Circulo Militar. Desníveis e trechos quebrados são recorrentes, o que inclui a péssima condição de rampas de acesso às calçadas. Neste tempo de chuva, a coisa piora ainda mais. 

Antes de chegar ao cruzamento com a avenida Ernesto Geisel, entre a Rua Joaquim Nabuco e Rua Vasconcelos Fernandes, por exemplo, há mais buracos cheios de água, que calçadas. 

Maria Terezinha, 56 anos, é cadeirante há 14 anos, e afirma que não consegue transitar pelas calçadas da Afonso Pena, especialmente, pelo caminho que leva ao ponto de ônibus no cruzamento da Afonso Pena com a Ernesto Geisel. “A cidade tem muito buraco em calçada, a gente precisa andar pelo canto da rua porque é mais seguro. Quando não tem calçada e eu preciso pegar ônibus tenho que dar um jeito. Sou cadeirante há 14 anos e sempre foi assim”.

Mais a frente, o cimento já foi triturado pelo tempo, inclusive, nas rampas de acesso nas esquinas.  “Quem precisa disso (acessibilidade) fica perdidinho. É doído andar aqui, calçada apertada e ainda dá para atolar nessa parte de terra que não tem nada”, diz GenilsonBenevites, de 45 anos.

Maria Terezinha, 56 anos, em ponto de ônibus quase no cruzamento com a Ernesto Geisel. (Foto: Aletheya Alves)
Maria Terezinha, 56 anos, em ponto de ônibus quase no cruzamento com a Ernesto Geisel. (Foto: Aletheya Alves)

Conforme o Centro se aproxima, a situação melhora e as calçadas ficam mais largas, com piso tátil e rampas bem estruturadas. O cenário deve melhorar ainda com as obras do Reviva Centro.

Mas isso não significa que o plano geral é igual. Basta ultrapassar os principais cruzamentos para a deterioração voltar. “Meu irmão não é cadeirante, mas tem deficiência mental e as calçadas com buraco fazem com que a gente tenha medo. Ele acaba se atrapalhando”, afirma Lucas, de 22 anos.

Desníveis entre calçadas são outro problema para quem transita cotidianamente pela Afonso Pena, avisa Josiane Valdez, 24 anos, que diz não entender como uma avenida tão longa será arrumada em dez meses. “Eu acho que é perigoso esperar dez meses, precisava ser mais rápido, mas não sei como vão dar conta de arrumar todos os buracos nesse tempo”. 

Na Afonso Pena, calçada com piso tátil termina com planta (Foto: Danielle Mattos)
Na Afonso Pena, calçada com piso tátil termina com planta (Foto: Danielle Mattos)

Outro extremo - Nos Altos da Avenida Afonso Pena, a falta de manutenção fica evidente em lugares onde falhas no piso tátil foram preenchidas pelo mato. Outro problema está na quantidade de areia acumulada e na falta de piso tátil. Em períodos de chuva, a lama impossibilita o trânsito de pedestres e muitos optam por dividir espaço com os veículos.

Próximo ao Parque das Nações Indígenas, no lado oposto ao dos estacionamentos, nem sequer têm calçadas.  Mesmo com o barro formado pela chuva, a estudante Ana Paula, 15, decidiu não correr riscos ao caminhar pela rua e encara a trilha de terra aberta no gramado. “As calçadas são uma porcaria, mas ainda é mais perigoso vir pela rua, ser assaltada ou atropelada”.

Outra opção para cadeirantes é utilizar a pista de caminhada ou de ciclistas no canteiro central.

Alessandra Camile, 38, pega ônibus diariamente no ponto próximo a Cidade do Natal e aponta a diferença entre as calçadas dos altos da avenida e do Centro. “Do Shopping Campo Grande pra cá é pior, porque a partir do terceiro ponto de ônibus, não tem nem calçada”.

Ela afirma que já observou muitas pessoas com deficiência transitarem por ali, e que, devido ao estado de conservação daquele trecho, precisam de companhia para circular. “Está tudo muito feio e abandonado, precisam refazer tudo. Por aqui, circula muito deficiente visual, eu já vi vários, mas eles estão sempre acompanhados, porque tem muitas curvas nas calçadas também”.

Prefeitura – Sobre a decisão da Justiça, por meio de nota a prefeitura informou que “vai executar o nivelamento, garantindo a acessibilidade necessária". Apesar disso, informe que fiscaliza as condições da avenida, mas na região central. "Informamos que a fiscalização referente à acessibilidade ocorre diariamente na região central, incluindo a Avenida Afonso Pena, onde os proprietários são notificados para a adequação do passeio público”.

Veja vídeo que mostra dois dos principais trechos encontrados pela reportagem:

Confira a galeria de imagens:

  • Trecho entre a Rua Joaquim Nabuco e Rua Vasconcelos Fernandes.
  • Na principal avenida da cidade, falta piso tátil.
  • Buracos viram poças de água entre Travessa Pimentel e Avenida Noroeste
  • Nos Altos da Avenida Afonso, falha em piso virou "jardim".
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