Depois de quatro dias, Ramão dá o abraço de Natal que a filha esperava

O abraço de Natal veio mais tarde este ano e aconteceu no quartel do Corpo de Bombeiros, na Avenida Manoel da Costa Lima. Depois de quatro dias sem notícias do pai, a diarista Marileide Pessoa Ojeda encontrou Ramão Marciano Ojeda, de 79 anos, na manhã deste sábado (28). O idoso usava as mesmas roupas com que saiu de casa no dia 24 de dezembro e tinha uma única lembrança clara na mente: a filha.

“Fiquei andando procurando por você”. Assim Ramão explicou onde esteve depois de quatro dias desaparecido. O abraço longo entre pai e filha teve a companha de lágrimas. “Fiquei bastante preocupada por causa da chuva e sem saber se ele tinha comido”, contou a diarista, com o semblante de alívio após noites de preocupação sem saber o paradeiro do pai, que sofre de Alzheimer.

Na véspera de Natal Ramão estava em casa, na Rua Jaguaribe, no Jardim Imá, região oeste de Campo Grande. Em determinado momento, se trocou e saiu sem avisar a família. Hoje, Marileide lembra que o pai tem costume de mudar de roupa várias vezes por dia e por isso ninguém desconfiou da situação.

Durante os quatro dias desaparecido, a família recebeu várias ligações e percorreu os quatro cantos da cidade na tentativa de encontrar Ramão. “Chegaram a me ligar falando que tinha o senhor muito parecido com meu pai, mas ele falava que não tinha filhos. Eu sabia que não era ele porque ele nunca esqueceu de mim”, conta Marileide.

Foi pela filha, conta Leoncio Elidio dos Santos, que Ramão chamou assim que foi encontrado. “Ele estava a poucas quadras do quartel do Corpo de Bombeiros, reconheci ele de uma foto que divulgaram e perguntei se ele queria voltar para casa, me respondeu que sim, que queria ir para casa encontrar a filha”. Confuso, o idoso contou que parecia estar perdido por dois anos, e não quatro dias.

Ainda assim, o agradecimento veio do próprio Ramão, em um abraço emocionado. “Obrigado por me ajudar”.

No quartel, os militares de serviço conseguiram localizar Marileide e avisaram que Ramão estava na unidade. “Primeira coisa que vou fazer é levar ele para casa, para tomar banho e comer. Depois vamos procurar um médico”.