ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no X Campo Grande News no Instagram
MAIO, DOMINGO  11    CAMPO GRANDE 17º

Capital

“Disciplina" geral do PCC entre mulheres manteve Facebook ativo dentro da cadeia

Miriã Helena Paschuin foi condenada nesta semana a 23 anos de prisão pelo assassinato de Joyce Viana

Geisy Garnes | 31/10/2021 12:01
“Disciplina" geral do PCC entre mulheres manteve Facebook ativo dentro da cadeia

Mesmo após ser condenada a 23 anos de prisão por participar na decapitação de Joyce Viana de Amorim, durante “Tribunal do Crime” do PCC (Primeiro Comando da Capital), Miriã Helena Paschuin, de 24 anos, é investigada por continuar alimentando redes sociais de dentro da cadeia.

Depois de publicar fotos e mensagem em um perfil no Facebook, Miriã tornou-se alvo de um procedimento da Agepen (Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário), que deve apurar o uso das redes sociais e a entrada de celular no Estabelecimento Penal Feminino Irmã Irma Zorzi.

Apontada pela Justiça como “disciplina” geral feminina no Estado, liderança dentro da facção paulista responsável pelas decisões sobre os assuntos da organização criminosa na rua, a mulher conhecida como “Fernanda” ou “Pandinha”, está presa pelo assassinato de Joyce desde fevereiro de 2019, consequência das investigações feita pela DEH (Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes de Homicídio).

Por boa parte do tempo dentro da cadeia, manteve as redes sociais ativas, publicando fotos e mensagens aos “amigos”. O perfil não estava em seu nome, mas pelo endereço eletrônico da página, é possível ver que o registro foi feito em nome de Miriã Paschuin.

Hoje, o perfil está desativado. Ainda assim, o caso foi denunciado a Agepen e uma investigação foi aberta para apurar a situação. A interna chegou a ser ouvida e afirmou que o nome do perfil é da irmã, mas que nunca usou as redes sociais dentro da prisão. Alegou também que “alguém está tentando prejudicá-la”.

A cela de Miriã foi vistoriada pelos agentes penitenciários e nada foi encontrado. Ainda assim, diante dos indícios, o uso do celular no presídio segue em investigação. Durante a apuração, a interna foi afastada do serviço interno remunerado que desenvolvida no Irma Irmã Zorzi, além de responder a processo disciplinar.

“Pandinha” foi condenada por envolvimento na morte de Joyce após um júri de 18 horas. Na terça-feira, dia 26 de outubro, ela e outros 8 integrantes da facção paulista foram levados a julgamento pela 1ª Vara do Tribunal do Júri. O resultado só saiu na madrugada do dia 27 de outubro.

“Disciplina" geral do PCC entre mulheres manteve Facebook ativo dentro da cadeia
Chegada dos réus no Tribunal do Júri no dia 26 de outubro. (Foto: Marcos Maluf)

Dos nove réus, sete foram condenados. Miriã confessou ter filmado o relato de confissão e o pedido de misericórdia da vítima ao PCC, enquanto era mantida refém dos assassinos. Foi considerada culpada pelos jurados e sentenciada por quatro crimes: homicídio qualificado, cárcere privado, ocultação de cadáver e organização criminosa.

Somadas, as penas chegaram a 23 anos de reclusão em regime fechado e pagamento de vinte dias-multa. No processo, o defensor público Humberto Bernardino Sena já manifestou que não concorda com a decisão do júri e, por isso, vai recorrer do resultado do julgamento para Miriã.

A execução – Após 10 dias desaparecida, Joyce Viana de Amorim, 22 anos, foi encontrada com as mãos amarradas e sem a cabeça, na manhã do dia 14 de maio de 2018, em estrada vicinal que dá acesso à Avenida Wilson Paes de Barros, entre os bairros Santa Emília e Nova Campo Grande.

O crime, segundo a polícia, aconteceu depois que a vítima tentou “recuperar” um chinelo furtado, afirmando ser integrante do CV (Comando Vermelho). Após a afirmação, foi mantida refém, forçada a gravar um vídeo em que confessava ser integrante da facção carioca e, por fim, executada.

As investigações da DEH (Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes de Homicídio) identificaram a participação de dez pessoas e três adolescentes no crime. Um dos acusados morreu antes de ser levado a julgamento.

Nos siga no Google Notícias