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Capital

Educação e Emprego puxam Campo Grande como a 5ª capital mais desenvolvida

Paula Vitorino | 30/10/2011 10:05

Moradores constatam “boom” na construção civil, com mais vagas de emprego desde 2009; escolas também melhoraram pontuação na avaliação educacional, mas pais ainda relacionam a qualidade de ensino com altas mensalidades

Construção civil vem criando cada vez mais vagas na Capital. (Fotos: João Garrigó)
Construção civil vem criando cada vez mais vagas na Capital. (Fotos: João Garrigó)

Parques com muito verde, pistas de caminhada e pontos culturais, além de avenidas largas e culinária tradicional, que mescla influências da fronteira e do oriente. Quem mora ou visita a capital sul-mato-grossense, Campo Grande, logo se encanta por essas e outras características.

Mas a cidade, ainda considerada por muito como “provinciana”, se destaca no Brasil não só pelos atributos de bem-estar e simpatia, mas também pelos indicadores de crescimento.

Pesquisa da Firjan coloca Campo Grande como a 5ª Capital mais desenvolvida do Brasil, segundo dados do estudo mais recente, com ano base de 2009. Além disso, se destaca como a única capital do Centro-Oeste no top 5 e ocupa a 48ª no ranking das 100 cidades brasileiras mais desenvolvidas.

O crescimento é medido pelo IFDM (Índice Firjan de Desenvolvimento Municipal), que avalia três áreas de desenvolvimento: Emprego & Renda, Educação e Saúde. A pesquisa mostra a evolução de cada um dos 5.564 municípios do país.

A avaliação começou em 2008, analisando os anos de 2000 a 2005, e permite comparar o desenvolvimento de cada localidade ano após ano, com base em dados oficiais. Os municípios e estados são classificados entre desenvolvimento alto (0,8 – 1,0), moderado (0,6 – 0,8), regular (0,4 – 0,6) ou baixo (0 – 0,4).

Na avaliação geral do Estado, Campo Grande também ganha destaque por ser o único município classificado com IFDM de alto desenvolvimento – 0,8616. A maioria das cidades (64) possui indicador moderado.

Do ano anterior para 2009, a Capital pulou da 86ª nacional para a 48ª colocação. O avanço foi puxado por alta de 2,5% na Educação (0,8040) e o pequeno aumento, de 0,2%, no Emprego & Renda (0,8885). Em contrapartida, recuou na Saúde, em 0,4% (0,8923).

Mesmo com a queda na última área, a cidade apresenta índice de alto desenvolvimento nos três setores. É o único município do Estado com estes indicadores.

Só na última década, Campo Grande cresceu 19%. Na primeira avaliação, em 2000, a cidade apresentava indicador socioeconômico de 0,7242.

Setor de comércio é segundo que mais oferece vagas na Capital, segundo Funtrab.
Setor de comércio é segundo que mais oferece vagas na Capital, segundo Funtrab.

Tem emprego? - A primeira área abordada pelo IFDM é o emprego formal e a renda da população empregada, acompanhando a movimentação e características do mercado formal de trabalho com dados oficiais disponibilizados pelo Ministério do Trabalho.

São analisados, principalmente, a geração e estoque de emprego formal, além dos salários médios. A Firjan considera o índice essencial, pois onde o mercado de trabalho é melhor, mais recursos circulam e aumentam a qualidade dos demais setores.

Apesar do pequeno aumento do indicador na Capital em 2009, o resultado é um fator positivo para a cidade e vai contra a maré de crise registrada nesse ano em todo o país, com recuo de 5,2% no setor entre 2008 e 2009, devido a crise mundial.

Dados do Caged, que indicam a geração de empregos formais, ainda revelam que o setor continuou crescendo em 2010, com 10 mil empregos e deve melhorar a posição da Capital no próximo IFDM.

A melhora no setor é confirmada por quem está de olho nas vagas de trabalho.

A candidata a uma vaga de serviços gerais, Daniela da Penha de Oliveira, de 26 anos, lembra que a oferta melhorou nos três últimos anos e que agora “tem vaga sobrando”.

“Antes você ficava esperando muito tempo por uma vaga, agora eles até ligam oferecendo. Acho que fica desempregado quem quer, porque emprego tem e em várias áreas”, diz.

Ela está procurando emprego há menos de um mês e diz que encontrou muitas vagas. A candidata também afirma perceber o “boom” no setor da construção civil, que vem ofertando diversas vagas diariamente na Capital.

Segundo o diretor da Funtrab, Delmundo Pereira, o setor é um dos principais responsáveis pela expansão de oferta de vagas na Capital, que também é acelerado pelo comércio e serviços.

O diretor também ressalta que vagas sempre estão disponíveis, mas o que muitas vezes dificulta a entrada no mercado de trabalho é a falta de qualificação.

Melhora na Educação - Com o aumento do índice em todo o Brasil em 2009, a Educação é considerada pela pesquisa fundamental para o desenvolvimento das localidades.

O indicador avalia tanto a oferta como a qualidade da educação no ensino fundamental e pré-escola, oferecida em instituições públicas e particulares. No ensino infantil, são considerados os números de matrículas em creches e pré-escolas, como também se os alunos estão na faixa etária adequada (0 a 5 anos).

Para o ensino fundamental, são considerados os indicativos de taxa de distorção de idade-série, percentual de docentes com curso superior, tempo horas-aula, abandono escolar e resultados do IDEB (Índice de desenvolvimento da Educação Básica).

Campo Grande registrou a nota do IDEB maior que a meta do Ministério da Educação para 2009. Entre a 4ª e 5ª séries a nota foi de 5.1. Já os alunos da 8ª e 9ª séries tiveram avaliação de 4.9. O previsto para os dois grupos era 4.4.

Mas para a empresária Sinedir Amorim, de 36 anos, que tem dois filhos no ensino fundamental, e educação de qualidade na Capital ainda depende de alto investimento dos próprios pais.

“Acredito que temos escolas muito boas e outras não aqui, mas geralmente as melhores têm também o maior custo. Meus filhos estudam na rede particular e é um investimento que faço nessa idade de formação”, diz.

Saúde - O indicativo de saúde, apesar de ter alto desenvolvimento na Capital, é um problema registrado pela pesquisa em todo país, principalmente no que se diz respeito aos atendimentos de alta complexidade.

A vertente é analisada sob os dados de atendimento básico à saúde, em três fatores: as gestantes, com consultas de pré-natal, taxas de óbitos infantis e de mortes que poderiam ser evitadas.

Desenvolvimento Brasil - O IFDM em todo o país caiu em 2009 para 0,7603, recuo de 0,6% em relação a 2008 – 0,7649. Desde 2000, é a primeira vez que a pesquisa registra queda no IFDM. Em 2007 foi registrado 0,7478 e em 2000 o Índice foi de 0,5954.

Os municípios de alto desenvolvimento também caíram em 2009 para 235, contra 269 em 2008.

O levantamento mostra que o fator Emprego & Renda foi decisivo para a queda em 2009, refletindo o impacto da crise mundial. O fator teve recuo de 5,2% e foi sentido principalmente nos grandes mercados do país: das 50 cidades, 37 tiveram queda no desenvolvimento.

Em compensação, os fatores saúde e educação tiveram aumento de 3,6% e 0,9% respectivamente.

Mas apesar da queda no Índice, o estudo mostra que mais de 90% dos municípios aumentou o desenvolvimento na última década, melhorando as condições principalmente das cidades do Norte e Nordeste. Mas ainda assim os dados mostram o Brasil dividido na parte norte, menos desenvolvida, e sul, com alto crescimento.

A pesquisa completa pode ser conferida no site: http://www.firjan.org.br

Campo Grande e seu principal eixo, a avenida Afonso Pena, vista de cima. (Foto: Rachid Waqued)
Campo Grande e seu principal eixo, a avenida Afonso Pena, vista de cima. (Foto: Rachid Waqued)
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