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Cidades

Mais de 90% das cidades crescem, mas Brasil continua dividido em dois

Paula Vitorino | 30/10/2011 09:15

IFDM mostra que Norte e Nordeste saíram da zona vermelha – baixo desenvolvimento, mas precisa de mais 16 anos para alcançar Sudeste. Já o Brasil só conseguirá garantir plena cobertura de saúde, emprego e educação em 2037

Em 2000 Brasil tinha grande parte de áreas vermelhas e estava dividido. Em 2009, país melhorou desenvolvimento, mas continua dividido entre os dois extremos: alto e regular desenvolvimento. (Foto: Reprodução Firjan)
Em 2000 Brasil tinha grande parte de áreas vermelhas e estava dividido. Em 2009, país melhorou desenvolvimento, mas continua dividido entre os dois extremos: alto e regular desenvolvimento. (Foto: Reprodução Firjan)

Na última década, mais de 90% dos municípios do Brasil apresentaram crescimento nas áreas de educação, geração de empregos e saúde, mas ainda assim, o país continua dividido em dois. Enquanto sul, sudeste e centro-oeste crescem em alto e moderado desenvolvimento, o norte e nordeste seguem em nível regular ou baixo.

O cenário é retratado nos dados do IFDM (Índice Firjan de Desenvolvimento Municipal) com ano base de 2009, quando são comparados ao levantamento de 2000. A pesquisa mais recente, 2009, foi divulgada na última semana. O Índice acompanha a evolução dos 5.564 municípios do país desde o ano de 2000, considerando três áreas de desenvolvimento: Emprego & Renda, Educação e Saúde.

Analisando os três fatores, o estudo classifica os municípios entre desenvolvimento alto, moderado, regular ou baixo. Entre 2000 e 2009, o índice de cidades com baixa crescimento caiu de 18,2% para 0,4%. – Veja comparação no quadro acima.

De acordo com o gerente de estudos da Firjan, Guilherme Mercês, a implantação de políticas sociais, combinadas com outras ações, no Norte e Nordeste contribuiu para o maior crescimento nas regiões, elevando os indicadores sociais na última década.

Mas ainda assim 22 municípios das duas regiões continuam com indicadores baixos, retratando os dois “Brasis” em relação ao desenvolvimento e condições básicas de saúde e educação para a população.

A distância entre as médias dos indicadores na parte norte e sul do mapa do país reflete a situação. A média dos 100 maiores índices – 0,8660 - é o dobro da média dos municípios com índices mais baixos – 0,4147.

Com isso, a projeção é de que o “Brasil da parte norte” demore 8 anos para alcançar os índices do “Brasil sul”. Já a população brasileira da maioria dos municípios só terá acesso igualitário e digno a condições de saúde, educação e emprego em 2037. A previsão tem como base o ritmo de crescimento observado pelo IFDM desde 2005.

O gerente de estudos pontua como fatores principais para a “corrida” por indicativos melhores o investimento em saúde e educação. Os Estados da região sul apresentam o maior índice de municípios com IFDM acima de 0,6, somando 67,8%.

No fator saúde, os três Estados da região estão entre os seis primeiros colocados. Paraná é campeão com 0,8898. Marcelo ressalta o funcionamento do Programa Saúde da Família, que previne as doenças graves com o atendimento nas residências.

Ele também frisa que o maior problema no país, constatado na pesquisa, é a falha nos atendimentos de alta complexidade, que acabam se concentrando em grandes centros por falta de estrutura nos demais Estados e municípios.

O pesquisador também ressalta que cabe ao Governo Federal captar impostos e distribuir de forma homogênea entre os municípios, analisando a desigualdade entre os mais pobres e ricos.

Desenvolvimento do Brasil - Mas apesar da diminuição da desigualdade no país, o Índice no Brasil caiu em 2009 para 0,7603, recuo de 0,6% em relação a 2008 – 0,7649. Desde 2000, é a primeira vez que a pesquisa registra queda no IFDM. Em 2007 foi registrado 0,7478 e em 2000 o Índice foi de 0,5954.

Os municípios de alto desenvolvimento também caíram em 2009 para 235, contra 269 em 2008.

O levantamento mostra que o fator Emprego & Renda foi decisivo para a queda em 2009, refletindo o impacto da crise mundial. O fator teve recuo de 5,2% e foi sentido principalmente nos grandes mercados do país: das 50 cidades, 37 tiveram queda no desenvolvimento.

Em compensação, os fatores saúde e educação tiveram aumento de 3,6% e 0,9% respectivamente.

Estado e cidades campeãs - No ranking dos Estados em 2009 com o maior percentual de cidades com alto desenvolvimento está São Paulo, com 40,5% dos municípios. Já o estado com pior indicativo é a Bahia, com 38,4% das cidades em baixo desenvolvimento.

Já no indicativo das cidades campeãs, São Paulo aparece com 14 dos 15 municípios com os melhores indicativos. Barueri registrou novamente a maior pontuação do IFMD – 0,9303.

Mato Grosso é o único Estado que aparece com representante entre os paulistas no ranking. O município de Lucas do Rio Verde ocupa a oitava posição. A produção de soja e algodão na região são os principais responsáveis pelo índice alto.

A pior cidade no Índice dos 10 brasileiros é São Felix de Balsas, no Maranhão – 0,3413. A Bahia e o Maranhão são responsáveis pela maioria das cidades com IFDM baixo.

Mato Grosso do Sul não aparece com municípios entre os 15 piores ou melhores índices da pesquisa. Mas Campo Grande é classificada como a 5ª Capital mais desenvolvida do país.

Pesquisa - O IFDM é desenvolvido pela Firjan e apresenta anualmente os dados oficiais com base nas três áreas de desenvolvimento, com os dados oficiais fornecidos pelo Governo Federal e prefeituras.

A pesquisa começou em 2008, comparando os anos de 2005 e 2000, e permite analisar a melhora ocorrida nas cidades a cada ano. A defasagem temporal dos dados é atualmente de dois anos, sendo o estudo mais recente de 2009 e divulgado na última semana.

Na área de Emprego & Renda, o foco é no mercado formal de trabalho, não considerando a informalidade como dados de desenvolvimento - geração de emprego e remuneração média. Na educação, são analisados dados do ensino fundamental e educação infantil, além da qualidade da educação – matrícula, distorção idadesérie, horas aula diárias e resultado do IDEB.

Já na saúde, o foco é na atenção básica, no primeiro nível de contato da sociedade com o sistema de saúde – consultas pré-natal, óbitos por causas mal-definidas e infantis por causas evitáveis.

A pesquisa completa pode ser conferida no site: http://www.firjan.org.br

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