Em rua que vira rio em dias de chuva, construtor "coleciona" casas paradas

Para quem mora ou trabalha na Rua Téofilo Otoni, na Vila Serradinho, em Campo Grande, dia chuvoso significa dia difícil. Isso porque uma obra inacabada, no cruzamento com a Rua Manoel Taveira, faz a via virar rio com qualquer chuvinha.

Na Teófilo Otoni, comporta é um item obrigatório nos portões das casas e empresas. Sem ela, a enxurrada formada pela chuva toma conta dos imóveis.

Mesmo sem morar no bairro, o construtor Josevy Araújo Ferreira, 47 anos, é diretamente afetado pelo problema. "Desde 2014 construo casas na Rua Teófilo Otoni para vender, mas quando chove dá muita enchente, a água chega a cinco centímetros. Quando um corretor vai ao local com possíveis compradores, os vizinhos falam que em dias chuvosos só conseguem entrar nas residências de barco. Não consigo vender, alugar e nem morar nas casas", desabafou.

Joseny contou à reportagem que já gastou aproximadamente R$ 30 mil para fazer cinco bocas de lobo para tentar amenizar o problema. "Já entrei com ação no Ministério Público Estadual e a prefeitura foi condenada a fazer a obra de drenagem. Porém, até agora não foi feito", disse.

A farmacêutica Thaís Fernandes, 31 anos, trabalha em uma empresa na Teófilo Otoni há um ano e meio. Nesse período, já passou por vários momentos de sufoco causados pela chuva. "Tem dias que não conseguimos entrar no prédio, precisamos esperar o nível da água baixar", disse.

Outro momento que marcou a memória da farmacêutica, foi quando os cachorros de uma casa ao lado da empresa quase morreram afogados. "A moradora saiu para trabalhar e não colocou a comporta no portão porque o tempo estava aberto. Do nada começou a chover, a água entrou no quintal e os cachorrinhos começaram a se afogar", lembrou. Por sorte, a chuva parou, o nível da água baixou e os animais se salvaram.

"Além de gerar um transtorno financeiro para todo mundo, tem a questão sanitária que faz mal a saúde. Se para quem só trabalha aqui já é ruim, imagina pra quem mora?", lamentou.

Além da enxurrada, outro problema no local são os buracos causados pela obra inacabada. O representante de vendas Marcos Aurélio Matsubara, 57 anos, mora no Paraná, mas há cinco anos frequenta a cidade devido ao trabalho. "Falam que fazem recapeamento, mas é muito fino. Eu mesmo já quebrei dois amortecedores do carro aqui", comentou.

Ontem (28), um carro que passava pelo cruzamento foi quase engolido por um buraco encoberto pela enxurrada.

Em nota, a prefeitura afirmou que a obra integra o projeto de infraestrutura para o Nova Campo Grande. Na Rua Teófilo Otoni a drenagem foi reforçada para pôr fim aos problemas de alagamento. Quando as condições climáticas permitirem a obra será retomada incluindo o recapeamento da rua.