Em trecho de alagamento crônico, novo mercado é esperança para acelerar drenagem
Obra definitiva na região do Córrego Segredo é esperada por quem está perto da rotatória da Euler de Azevedo
Quando a chuva começa a ficar forte, existe um trecho que, fatalmente, irá virar notícia: a rotatória no cruzamento das avenidas Euler de Azevedo e Ernesto Geisel, no Bairro São Francisco. No local, muitos carros já ficaram submersos, e houve quem precisasse subir no capô enquanto aguardava o socorro, para não ser levado pelas águas.
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A rotatória no cruzamento das avenidas Euler de Azevedo e Ernesto Geisel, em Campo Grande, é um ponto crítico de alagamentos durante chuvas fortes, com carros submersos e moradores em risco. Com a instalação de um Fort Atacadista na região, comerciantes esperam que a prefeitura acelere a construção de bacias de contenção para evitar inundações crônicas. O empreendimento, em fase de Estudo de Impacto de Vizinhança, prevê medidas como readequação da drenagem e captação de água da chuva, mas a falta de manutenção em barragens existentes ainda preocupa. A prefeitura estima que a solução definitiva exigirá investimentos superiores a R$ 100 milhões.
Agora, comerciantes no entorno acreditam que o novo empreendimento a ser instalado na região pode ser o que faltava para que a Prefeitura de Campo Grande acelere a construção de bacias de contenção nos bairros que margeiam o Córrego Segredo e afetam a região. Do contrário, assim como os outros comércios, corre risco de ver a água invadir e se tornar um problema crônico.
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A empresa destaca que a escolha do local levou em conta a infraestrutura já existente e a proximidade com a Orla Morena, área de lazer e convivência importante para a comunidade.
O empreendimento, loja do Fort Atacadista, prevê utilizar área construída de 9.938,95 m², sendo 5.967,77 m² do mercado, 3.416,77 m² de estacionamento e 437,75 m² de área de circulação externa. Está na fase de EIV (Estudo de Impacto de Vizinhança), em que a população pode encaminhar sugestões e contribuições, o que pode ser feito até 15 de julho, por meio do site da Planurb (Agência Municipal de Meio Ambiente e Planejamento Urbano).
No EIV, a empresa SDB Comércio de Alimentos Ltda. cita os problemas na região: alagamentos, inundações e enchentes em vários pontos; sistema de microdrenagem insuficiente; bueiros assoreados, com localização e distribuição irregulares; e ligações clandestinas de esgoto. No documento, lista as obras necessárias na área: desassoreamento, limpeza e desobstrução de bueiros, implantação de microdrenagens e de “piscinões abertos”.
O relatório preliminar cita que a análise do projeto demonstra que, para a construção do atacadista, não haverá necessidade de processo de corte de solo, apenas regularização do terreno, e que será necessário fazer a readequação da drenagem pluvial. Entre as medidas a serem adotadas, estão a implantação de sistema de captação de água da chuva para complementar o abastecimento, o reuso da água e a realização de impacto na comunidade, “considerando o acesso à água e a qualidade de vida dos moradores”.

O EIV complementa: “A ausência de áreas de preservação permanente, unidades de conservação ou outras áreas protegidas pela legislação ambiental dentro das áreas de influência direta e indireta do empreendimento é um ponto positivo, pois facilita o desenvolvimento do projeto sem a necessidade de atender às restrições ambientais mais rigorosas”.
O documento informa que a taxa de permeabilidade é de 25%, ou seja, este é o percentual mínimo do terreno que deve permanecer permeável, sem cobertura de concreto ou asfalto, para permitir a infiltração da água da chuva no solo.
No entanto, a empresa, sem entrar em detalhes, relata que, caso a remoção de árvores seja confirmada, deverá ser justificada e acompanhada de plano de compensação, que contemplaria o plantio de novas espécies ou a “implementação de medidas que mitiguem os impactos ambientais dessa remoção”.
O funcionamento será de segunda a sábado, das 7h às 22h, e aos domingos, das 7h às 20h. A logística de carga e descarga ocorrerá exclusivamente por acesso interno, com horários programados entre 6h e 18h, para não afetar o tráfego local, garantem os responsáveis.
A reportagem entrou em contato com a assessoria da SDB para saber, com mais detalhes, quais seriam as obras a serem feitas para evitar possível impacto na região e ainda não obteve retorno.
Para quem trabalha há décadas na região e já viu muito carro rodar nas águas da chuva, o empreendimento é benéfico. “É positivo, ajuda a valorizar o bairro”, avaliou o comerciante Jarbas Gomes, 74 anos, dono de conveniência instalada perto da rotatória há 25 anos. “Só que eles vão ter de subir o terreno, ou a água vai entrar. No mínimo, um metro e meio de aterro, senão vão passar muita raiva.” Outro comerciante, que está há 24 anos em frente à rotatória, diz que pode ser benéfico para quem está próximo. “Acredito que logo vão estar vendo isso aí”, espera.
O engenheiro civil e ambiental Antônio Sampaio diz que a solução para quem já está lá — e para os que ainda vierem — está mais acima, na construção de barragens antes da Avenida Mascarenhas de Moraes. “Ali fizeram uma barragem, mas era pequena, a prefeitura nunca deu manutenção. Era para ser uma bacia de contenção, ficou assoreada; a água inunda e transborda”, disse, explicando que isso aconteceu há 12 anos e, até hoje, ficou sem solução.
Em abril de 2024, durante o período de chuvas intensas e alagamentos recorrentes na área, a prefeita Adriane Lopes disse que há estudo do que precisa ser feito na região, a partir da Avenida Rachid Neder.
“Primeiro que seria uma obra com um custo muito alto, que ultrapassa, e muito, os R$ 100 milhões. Qual a solução daquele problema pontual? Quebrar tudo e fazer de novo, pois não houve o planejamento da urbanização alinhada à drenagem naquela região”, explicou, em entrevista publicada no portal do Executivo. Segundo ela, a solução seria a construção de bacias de contenção ao longo das vias nos bairros, para que a água não chegue com a força que desce hoje.
A reportagem entrou em contato com a prefeitura para atualizar o projeto previsto para evitar enchentes na região e aguarda retorno para atualização do texto.
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