Falta de médicos gera espera de horas e angústia em pacientes de UPAs

Leitores do Campo Grande News relatam que UPAs (Unidades de Pronto Atendimento) estão lotadas e falta de médicos no atendimento de pacientes na tarde desta segunda-feira (19), em Campo Grande. É comum as unidades de saúde ficarem lotadas no início da semana, principalmente nas segundas-feiras. No entanto, há pacientes que aguardam há pelo menos 3 horas, sem previsão de atendimento.

Angústia - Na UPA Coronel Antonino, a lotação fez com que a auxiliar de Educação Infantil, Maitê Gonçalves, mãe da Marcela, de 6 anos, esperasse por atendimento por cerca de 2h30 enquanto a filha passava mal. De acordo com a escala divulgada pela Sesau (Secretaria Municipal de Saúde), 6 médicos deveriam estar no atendimento adulto e outros 5 realizando atendimentos pediátricos nessa unidade.

“Eles falaram que tinha três médicos, mas apenas dois estavam chamando na pediatria”, relata a mãe. “Eles até falaram no microfone que só havia três médicos”, completa. Depois que passou por atendimento, o médico decidiu que Marcela deverá tomar soro.

“Mas eles não fizeram nem questão de passa-lá na frente como urgência. Uma criança de 20 kg vomitou 8 vezes e teve duas diarreias, estava com o corpo mole e tremendo. Mesmo assim, eles alegaram que tinha pessoas esperando há mais tempo que ela, mesmo eu enfatizando o meu medo de que ela desmaiasse”, detalha a mãe. Marcela foi admitida na internação por volta de 16h30, quando a mãe notou que apenas três crianças, além de Marcela, estão em observação nesse setor.

Demora - Na UPA do Universitário, a lotação também predominou na tarde de hoje, onde apenas 2 médicos realizavam atendimento desde o início da tarde, de acordo com a atendente Bianca Pereira, de 20 anos. Ela afirma que um dos médicos, durante 2 horas de espera dela, chamou apenas 1 paciente. Segundo ela, a demora ali é constante.

A escala divulgada pela Sesau aponta que 4 médicos deveriam estar no atendimento adulto e outros 4 realizando atendimentos pediátricos nessa unidade.

“Tem gente com deficiência aguardando na fila há mais de 2 horas e só tem um médico atendendo. Pessoas caindo de doentes nesse hospital, uma tristeza. Tem pessoas que já estão se irritando, está uma calamidade”, compartilha Bianca. “Eles falam que tem 5 médicos atendendo. Fantasmas, só pode”, completa.

O Campo Grande News entrou em contato com a Sesau para obter posicionamento sobre a situação. De acordo com o órgão, "neste momento, a UPA Universitário está atendendo com 5 médicos clínicos e 2 pediatras, e a UPA Coronel Antonino com 4 clínicos e 1 pediatra. Além disso, é importante destacar que a escala que é divulgada no site e nas redes sociais é uma prévia, podendo ocorrer alteração no quadro funcional."

Em nota, a secretaria ainda afirma que "o atendimento nas unidades de urgência e emergência, UPAs e CRSs, é feito de acordo com uma classificação de risco e não por ordem de chegada. Pacientes classificados como azul e verde, ou seja, de menor gravidade, tem um tempo médio de 4h para ser atendido. Os casos mais graves são priorizados", pontua.

A Sesau ainda aponta que "nestas unidades existem pacientes que estão em observação nas enfermarias ou dão entrada pela urgência e que precisam ser devidamente acompanhados pelos profissionais o que, por sua vez, impacta no atendimento dos demais pacientes."

De acordo com a Prefeitura, para melhorar a qualidade da assistência prestada à população, mais de 1,4 mil novos profissionais de saúde, entre eles cerca de 300 médicos aprovados em concurso de 2019, foram convocados para reforçar o quadro da rede municipal de saúde, e a Sesau mantém ainda o processo de contratação temporária aberto e tem feito novos chamamentos periodicamente.