“Fechei os olhos e acreditei em Deus”, diz vítima de tentativa de feminicídio
Acusado acompanhou quase todos os depoimentos, mas deixou a sala quando começou o relato da mulher
Durante a primeira audiência de instrução e julgamento do caso de tentativa de feminicídio, Luciane Borges Nunes, de 46 anos, relatou à Justiça os episódios de violência que sofreu ao longo de três anos de convivência com o agressor. Ela estava acompanhada de uma psicóloga da Casa da Mulher Brasileira, que prestou apoio emocional durante o depoimento.
RESUMO
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Luciane Borges Nunes, de 46 anos, relatou à Justiça os abusos sofridos durante três anos de relacionamento com Marcos Antônio, acusado de tentativa de feminicídio. Durante a audiência, ela detalhou o controle psicológico e as ameaças constantes, culminando em um sequestro e dois disparos que a deixaram internada por sete dias. A vítima, que ainda sofre sequelas pulmonares, contou que o agressor a afastou dos filhos e a monitorava constantemente, mesmo após uma medida protetiva. Testemunhas confirmaram o episódio traumático, e o caso segue em tramitação, com novas audiências previstas para ouvir familiares e policiais.
Segundo ela, o relacionamento começou de forma tranquila, mas depois de algum tempo, o agressor passou a exercer controle sobre sua vida, incluindo a relação com seus filhos. “Ele começou a afastar meus filhos. Eu fiquei chateada, mas ele dizia que era melhor para eles. Fui morar com ele em outra cidade, e meus filhos ficaram aqui. Depois voltei, ele prometia que ia mudar, mas nada mudou”, relatou.
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Ela contou ainda que, no dia do crime, foi obrigada a entrar no carro do agressor sob ameaça de morte, enquanto ele apontava uma arma de fogo. Durante o trajeto, o homem pegou seu celular e mantinha a arma sempre à mão, ameaçando-a. Em determinado momento, a vítima conseguiu fugir para um banheiro, mas foi atingida por dois disparos enquanto tentava escapar.
“Fechei os olhos e acreditei em Deus. Quando ouvi o barulho do carro saindo, abri os olhos e comecei a pedir ajuda”, disse a vítima, que ficou internada por sete dias e até hoje apresenta sequelas no pulmão. Ela precisou se afastar do trabalho por dois meses, mas retornou em julho.
No depoimento, ela detalhou ainda o histórico de abuso psicológico e controle que sofria no dia a dia. Segundo a vítima, Marcos Antônio não demonstrava ciúmes, mas exercia poder absoluto sobre suas ações. “Não era ciúmes, era controle. Ele contratava outras pessoas para ficar comigo e presenciava tudo. Sempre que tentava resistir, era ameaçada”, relatou.
A vítima afirmou que, mesmo após solicitar medida protetiva no ano anterior, voltou a conviver com ele por acreditar em mudanças, mas os abusos persistiram. Ela disse que atualmente mora sozinha e tenta reconstruir sua rotina.
O caso segue em tramitação na Justiça, e a audiência teve como objetivo colher detalhes sobre a dinâmica da violência e os impactos físicos e psicológicos sofridos pela vítima. Ainda serão ouvidos os filhos da vítima e policiais militares que participaram da ocorrência. Não há data prevista para a próxima audiência, em que possivelmente Marcos será ouvido.
O autor ouviu a maioria dos depoimentos durante a audiência, mas foi retirado no momento do depoimento da vítima.
A operadora de caixa, Marcella Beatriz, uma das testemunhas, contou ao Campo Grande News que estava saindo para trabalhar quando viu Marcos chegando para encontrar a vítima. "Ele desceu do carro e já foi armado para cima dela e falou para ela entrar no carro. Ela estava me olhando com uma cara de desespero. Ele apontou a arma para mim e meu filho também", disse ela.
Ainda conforme a testemunha, o autor mandou-a voltar para dentro de casa e "não se meter". Minutos depois, ela ligou para a polícia e denunciou o caso. "Foi bem traumático, e despertou vários gatilhos tanto em mim quanto no meu filho, e ainda mais nela. É uma coisa que a gente não deseja para ninguém", finalizou.
Caso - Mulher, de 46 anos, foi baleada em uma tentativa de feminicídio no dia 29. O crime aconteceu em um posto de combustíveis no cruzamento das ruas da Divisão e Santa Quitéria, no Bairro Parati. O autor dos disparos foi preso minutos depois.
A vítima, de 46 anos, havia sido sequestrada horas antes do ataque. Imagens de segurança mostram a mulher caminhando na rua até ser surpreendida por Marcos.
Ele estaciona o carro e, ao notar sua presença, a vítima tenta mudar de direção. Enquanto caminha, olha diversas vezes para trás, mas é seguida pelo acusado. Em determinado momento, ele se aproxima, inicia uma conversa e a convence a entrar no veículo.
Horas depois, novas imagens registram a mulher entrando em um banheiro de posto de combustíveis, no Bairro Parati, em uma tentativa desesperada de escapar. Marcos a seguia. Quando ela correu para fugir, foi perseguida e alvejada.
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