Funcionária diz que foi demitida de empresa após relatar assédio
Jovem de 19 anos denunciou à polícia Civil que técnico esfregava partes íntimas nela
Jovem de 19 anos registrou boletim de ocorrência na Casa da Mulher Brasileira, nesta quinta-feira, relatando caso de assédio sexual na empresa em que trabalhava. Ela teria sido mandada embora, após levar o relato dos abusos aos superiores.
A vítima atuava como auxiliar de técnico de saúde bucal. Ela notou que um técnico de raio-x da empresa costumava esfregar as partes íntimas nela e em outras funcionárias. Desde a última segunda-feira, os assédios se intensificaram, quando o alvo da denúncia chegou passar a mão na bunda da jovem.
Ontem, a funcionária relatou as situações de assédio aos superiores, mas acabou demitida. Muito abalada, a jovem foi acompanhada de um tio para fazer denúncia. Ele afirmou à reportagem do Campo Grande News que os proprietários do estabelecimento são coniventes com as práticas. “Sabem que isso acontece e não fazem nada”, explicou.
Pelo menos outras quatro funcionárias, também relataram casos de assédio sexual partindo da mesma pessoa, mas não chegaram a procurar a polícia.
Conforme a proprietária da empresa Digital X, localizada na região central de Campo Grande, a jovem realmente relatou o caso, mas que ela foi mandada embora porque estava em período de teste e não desempenhou o trabalho a contento.
Quanto ao funcionário alvo da denúncia, ela afirmou que trabalha com ele há anos e nunca houve reclamações do tipo. A empresa, segundo a proprietária, desenvolve trabalho com psicóloga para evitar crimes como este.
O boletim de ocorrência foi registrado como fatos a apurar.
Lei - Conforme a lei, o assédio sexual é um tipo de crime que consiste em constranger alguém para obter "favorecimento sexual" usando a condição de superior hierárquico.
Pode ser uma atitude física, como a tentativa de um beijo, um comentário insistente, como um convite para uma carona, ou até um gesto.
O assédio sexual passa a ser previsto no artigo 216 A do Código Penal, que estabelece: "Constranger alguém com intuito de levar vantagem ou favorecimento sexual, prevalecendo-se o agente de sua forma de superior hierárquico, ou ascendência inerentes a exercício de emprego, cargo ou função". A pena para o crime pode variar de um a dois anos de detenção.
Mais pedem socorro - Mato Grosso do Sul é um dos estados mais violentos para mulheres no País. Dados divulgados pelo MDH (Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos), em junho do ano passado mostram que o Estado está em terceiro lugar no ranking de ligações para o 180, o canal de denúncia de violência voltado exclusivamente às mulheres.