"Guerreira", trineta de José Antônio Pereira falece aos 80 anos em Campo Grande
Helena de Souza Benites faleceu ontem, decorrente de problemas cardíacos
Trineta de José Antônio Pereira, fundador de Campo Grande, Helena de Souza Benites, de 80 anos, faleceu ontem, decorrente de problemas cardíacos. Para que a memória dela, mas também da geração não se apague, a neta de Helena, Lucilene Benites da Rosa, 40, decidiu falar um pouco com o Campo Grande News.
Autônoma, ela conta que neste momento de pandemia, a avó, não poderá receber as homenagens devidas, mesmo não tendo falecido de covid-19. O velório dura apenas duas horas e o enterro, rápido, às 11h30 no Memorial Park, neste domingo, 28 de junho.
“Ela era nossa matriarca e a gente sente muito mesmo. Ela é uma das últimas dessa descendência que mantinha viva a memória e por isso, estamos meio perdidos agora”, sustenta Lucilene, já que além de sua mãe, falecida no ano passado, outros dois filhos de Helena que gostavam de conhecer e contar sobre a descendência, também morreram.
“Há seis filhos dela (Helena) vivos, mas muitas vezes sentimos como se família estivesse acabando. Mesmo com toda uma geração de netos, parece que os que vem, os mais novos, não têm a mesma força, a mesma garra que os antigos”, lamenta.
Ela procurou o Campo Grande News a pedidos do filho dela, de apenas 11 anos, que gosta sempre de se apresentar como tataraneto de José Antônio Pereira e viu na reportagem, uma forma de manter a história de Helena, bem como de seus fundadores, viva.
Filha do bisneto de José Antônio Pereira, José Antônio de Souza, Helena “fez de tudo” para cuidar dos nove filhos que teve. Trabalhou lavando roupa “pra fora”, fazendo faxina e vendendo roupas também.
“Era humilde, sem condições, porque sempre lutou e deu conta de criar todos os filhos, da casa e da família. Temos muito orgulho dela porque sempre foi guerreira”, sustentou Lucilene.

Para a neta, resta aos primos e gerações mais novas continuarem a história dos fundadores, e por isso, afirma que sempre foram feitas festas de confraternização da família, impedidas este ano devido a pandemia. “Tem sido muito difícil este ano, porque não podemos manter o contato como sempre fizemos”.
História - Com o fim da Guerra do Paraguai, muitos eram os relatos trazidos pelos militares de extensas terras de vacaria, devolutas, no Mato Grosso. É a partir daí que José Antônio Pereira decide ir até ao sul de Mato Grosso, em 1872.
Formou-se então uma primeira comitiva. No meio do caminho, defronta-se com terras de ótima qualidade, propícia à pecuária, na região de Campo Grande. José Antônio Pereira decidiu, então, estabelecer-se ali, na confluência dos córregos depois denominados de Segredo e Prosa. Constrói um rancho e forma uma pequena roça no lugar.
Em 1875, à frente de uma comitiva de 65 pessoas, praticamente toda sua família, José Antônio Pereira deu início à segunda viagem rumo ao seu destino, a pequena propriedade que deixara em Campo Grande.
Em 14 de agosto de 1875, então, José Antônio Pereira chega ao local onde havia deixado sua roça. Mas ao invés do zelador que havia deixado, encontra Manuel Vieira de Sousa (Manuel Olivério), mineiro de Prata, que igualmente fora atraído para aquelas terras devolutas.
Manuel Olivério manifesta intenção de devolver as terras, mas José Antônio lhe propõe parceria nas atividades a desenvolver. Logo se tornam amigos e as famílias acabam se unindo através dos laços matrimoniais. Estava criada a primeira geração de campo-grandenses.