Lojistas transformam Centro em shopping a céu aberto para cobrar revitalização

Cansados de esperar por ações públicas, mais de 100 lojistas se uniram para transformar o Centro de Campo Grande em um “shopping a céu aberto” neste sábado (8). Durante a campanha “Renova Centro”, consumidores tiveram acesso a banheiro limpo, água gelada, Wi-Fi, carregadores de celular, workshops e até uma galeria de arte.

O evento começou às 8h e segue até as 22h30 para contemplar todos os empreendimentos da região. “A gente quer cuidar não só do Centro da manhã, mas do Centro da noite também, das nossas lojas, de bares e restaurantes”, explica o organizador, Ulysses Serra.

A proposta é simples: mostrar que o Centro pode ser atrativo se oferecer o mesmo conforto de um shopping. “A ideia do Renova Centro é uma provocação ao poder público. A gente quer falar que o Centro não morreu e não vamos esperar o poder público fazer alguma coisa. Então, a gente se uniu, nós, empresários.”

Para ilustrar o potencial da revitalização, os organizadores montaram um “diretório de shopping” em um salão na Rua 14 de Julho, próximo à Rua Maracaju, com mapa das lojas da região.

“Como seria o Centro se fosse um shopping a céu aberto? A gente criou o mapa do Centro como um diretório de shopping. Trouxemos serviços, banheiro, Wi-Fi, carregador e uma sala de palestras no fundo, porque queremos atender os lojistas também. Trouxemos workshops e palestras do Senac e Sebrae.”

A ação incluiu arte e cultura, algo que, segundo Ulysses, faz falta na região. “Eu sinto falta de arte e cultura no Centro. A gente trouxe uma galeria de arte. Os artistas aqui da frente já são renomados no estado e, mais adiante, estão obras de alunos da Secretaria de Educação, nossos futuros artistas”.

Da resistência à aprovação — No início, muitos lojistas duvidaram da ideia. “Eles estavam desacreditados. ‘Ah, já tentaram demais’. ‘Isso é coisa da prefeitura’. E eu falei: não, isso é coisa nossa”, afirma Ulysses. Com o movimento ao longo do dia, o cenário mudou. “Quando viram tudo acontecendo, pediram para fazermos de novo”.

A organização pretende usar os números obtidos durante o evento para cobrar medidas do poder público. “É um dia só, porque sozinhos não conseguimos bancar isso sempre. Vamos levar o cadastro, os números de atendimento e mostrar que, juntos, a gente consegue”.

Segundo Ulysses, a expectativa é de que ações semelhantes ocorram em datas de maior movimento. “Quem sabe abrir isso no Natal? Imagina uma semana antes da Black Friday, do Dia das Mães, com uma campanha robusta para competir com os shoppings”.

Aprovado pelo público — Quem passou pelo espaço elogiou a iniciativa. Cassiane Santos, 25 anos, descobriu o projeto ao ir comprar um presente. “Achei a iniciativa legal. Se tivesse esse espaço aberto todos os dias, atrairia mais gente para o Centro.”

A assistente jurídica Hellen Thais de França, 34 anos, também se surpreendeu. “Geralmente faço minhas compras no bairro, mas o Centro está bem atrativo. Não sabia desse espaço e achei inovador. Infelizmente o Centro está jogado, mas isso aqui é muito atrativo.”

Para Hellen, além da estrutura, é preciso divulgação. “Com certeza atrairia mais gente para o Centro. Tem que divulgar mais na TV, no rádio, para trazer a população.”

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