Mãe acusa hospital de violência obstétrica após parto com fórceps
Após parto adiado, bebê nasceu com deformação na cabeça; mãe cobra que hospital arque com o tratamento
O que era para ser um dos dias mais emocionantes da vida de Luana Cristina, de 24 anos, se transformou em uma luta que ela ainda precisa enfrentar. Internada na Santa Casa de Campo Grande no dia 17 de julho, com 38 semanas de gestação e diagnóstico de pré-eclâmpsia, ela esperava ter o primeiro filho em segurança. Três dias depois, o parto terminou com o uso de fórceps, sem seu consentimento, e deixou no bebê um ferimento que agora exige cirurgia.
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Mãe denuncia violência obstétrica na Santa Casa de Campo Grande após parto com fórceps realizado sem seu consentimento. Luana Cristina, de 24 anos, afirma que o procedimento deixou seu filho com um hematoma na cabeça que necessita de cirurgia. A paciente alega negligência e falta de estrutura durante sua internação. O hospital defende que o uso do fórceps foi necessário para evitar um desfecho grave, incluindo risco de óbito do recém-nascido. A instituição afirma que a complicação é inerente ao procedimento obstétrico e não caracteriza erro médico. A mãe busca auxílio para custear o tratamento do bebê, que requer acompanhamento neurológico e exames mensais.
Luana acusa a Santa Casa de violência obstétrica, alegando que o parto foi marcado por negligência e falta de estrutura. Ela afirma que, mesmo com recomendação médica para interromper a gestação, o procedimento foi adiado por falta de profissionais. “Fui levada duas vezes para a sala de cirurgia e, nas duas, me tiraram de lá porque diziam que havia emergência ou que não tinha pediatra. Eu já estava sem comer, sem beber, e fui ter o bebê só na meia-noite do dia 20, três dias depois”, relata.
O filho dela nasceu com um hematoma na cabeça. Segundo Luana, o médico responsável reconheceu que o ferimento não deveria ter acontecido. “O doutor mesmo falou na minha frente: ‘não era para ter acontecido isso’. Disseram que o machucado ia sumir em até seis meses, mas o médico neurocirurgião depois me explicou que calcificou. Agora, só com cirurgia, e é arriscada”, conta.
Desde o parto, Luana tenta um posicionamento do hospital. Ela relata que chegou a participar de uma reunião com o médico responsável, mas não teve retorno sobre o custeio do tratamento do filho. “Eu tentei resolver de forma amigável, pedi que o hospital ajudasse, mas eles pararam de me responder. Moro de aluguel, estou de licença maternidade e não consigo arcar com tudo sozinha”, desabafa.
Hoje, a jovem custeia consultas e exames do bebê, que precisa de acompanhamento com neurologista e tomografias mensais. “Estou lutando pelo meu filho, porque foi um erro deles”, afirma.
O que diz o hospital - Em nota, a Santa Casa de Campo Grande informou que o parto “apresentou complicações no momento da retirada do bebê, exigindo, após diversas tentativas, a utilização de fórceps para a extração fetal”. O hospital disse ainda que “graças à intervenção, foi possível evitar um desfecho grave, inclusive o risco de óbito do recém-nascido” e que a complicação — um hematoma cefálico — “é possível mesmo em partos normais e geralmente se resolve em poucas semanas”.
Ainda conforme a resposta, o hospital registrou em prontuário que o uso do fórceps “foi fundamental para garantir a sobrevivência do bebê” e que “a complicação apresentada é inerente ao procedimento obstétrico, não caracterizando erro médico”.
A reportagem voltou a questionar a Santa Casa sobre as alegações de demora no parto e a ausência de resposta sobre os custos do tratamento, mas não obteve retorno até a publicação.
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