Mãe de mulher que morreu queimada culpa filha mais nova por tragédia
Vítima foi atingida na cabeça antes de homens atearem fogo em barraco
Um dia depois do aniversário de 49 anos, Rosa Cristina Bezerra, dona de casa, precisou identificar o corpo da própria filha, Elizabete Cristina Bezerra, de 30 anos, morta carbonizada dentro do barraco que morava, no Bairro Vivendas do Parque, em Campo Grande, na madrugada desta sexta-feira (5).
Para a dona de casa, a morte de Elizabete é culpa da filha mais nova, de 23 anos. "Minha outra filha tem problema com droga desde os 12 anos. Ela queimou o barraco de um 'boqueiro' lá no Noroeste e o cara começou a perseguir minha filha mais velha, por causa da que tacou fogo nas coisas dele", explica Rosa.
Morando na mesma rua, a dona de casa contou ao Campo Grande News que, na tarde desta quinta-feira (4), as duas filhas estavam juntas. "A Elizabete veio aqui de tardezinha, tava nervosa, dando conselho pra irmã mais nova. Ela disse pra minha outra filha não ir lá pro Noroeste, que o negócio tava feio e os cara tava nervoso", detalhou a mulher.
De acordo com Rosa, Elizabete foi atingida na cabeça antes do barraco começar a pegar fogo. "Eu vi ela, toda torrada. Deram uma paulada na cabeça dela, dava pra ver o crânio aberto. Trancaram ela desmaiada e tacaram fogo", contou aos prantos, inconformada com a morte da filha mais velha.
Internada na Santa Casa de Campo Grande, a irmã de Elizabete foi espancada momentos depois que o barraco começou a pegar fogo. Acompanhada do namorado, de 39 anos, a jovem estava em um bar, no Bairro Tiradentes, quando três ou quatros homens chegaram no local e começaram as agressões com pedaços de madeira, pedras, socos e chutes.
O casal foi socorrido pelo Corpo de Bombeiros ao mesmo tempo que as chamas no barraco eram apagadas. A jovem teve ferimentos no crânio, rosto e mãos e segue internada em observação, sem risco de morte. O namorado foi levado para uma unidade de saúde e está bem.
"Acho que mataram primeiro ela aqui, e a outra filha minha pegaram lá no bar. Ontem de noite, ainda pedi pra mais nova não sair, falei pra ficar aqui escondida. Acho que os caras viram ela na rua e ficaram com raiva da Elizabete, que não contou nada", desabafou Rosa.
O velório e sepultamento de Elizabete devem acontecer no Cemitério Santo Amaro, mas ainda não há horário definido, já que o corpo não havia sido liberado pelo Imol (Instituto de Medicina e Odontologia Legal). "Só queremos justiça", disse a aposentada Irene Vergilio Duarte, avó da vítima.
Elizabete também era usuária de drogas desde os 18 anos, mas de acordo com a família e vizinhos, era tranquila e não mexia com ninguém. Ela tinha 4 filhas, entre 5 e 15 anos, que moram com o pai e frequentavam o barraco aos finais de semana.
