Misto-quente no aeroporto custa o dobro de padaria em área nobre
Valor do aluguel é apontado como justificativa por empresários

A conta é indigesta para quem viaja, seja de avião ou ônibus, em Campo Grande. Um misto-quente pode chegar aos R$ 16, se comprado separadamente, o que representa o dobro do valor cobrado em padaria de bairro nobre. Combos, por outro lado, seriam mais econômicos aos desconfiados passageiros que tem preferido comer em casa a comprar nos terminais.
"No aeroporto não dá, está muito caro e tudo inflacionado. Café mesmo só em casa ou traz uma marmita", brincou a estudante de Psicologia Ana Carolina Rangel, 25 anos. Salgados na rodoviária, conforme o psicólogo Daniel Torres, 29 anos, estão "carinhos pelo tamanho".
Para empresários, os custos do aluguel impactam diretamente nos preços praticados. Um dos estabelecimentos no aeroporto desembolsa quase R$ 40 mil por mês. "O aluguel é a razão dos preços. Aqui é por licitação presencial que acaba virando leilão", disse um deles.
O café custa, em média, de R$ 6 a R$ 9 no terminal aeroportuário. Na rodoviária, R$ 4,50. Padarias e lanchonetes vendem o mesmo item entre R$ 1 e R$ 3,50. Já um copo de suco natural de laranja tem variações entre R$ 4 e R$ 9 entre os estabelecimentos, contudo vale atentar para a quantidade servida ao consumidor que vai de 300 ml a 500 ml.
Comprado em padaria no Jardim São Bento, o misto quente custa R$ 8,15. No aeroporto, tem cardápio com valores de R$ 12 a R$ 16, porém os combos com suco valem R$ 16,90. Tradicional, o pão de queijo no Centro tem preço a partir de R$ 4, ante R$ 6 dos terminais.
"Tomei um café com pão de queijo, comprei água e chiclete. A conta deu R$ 15 e achei o preço razoável", avaliou a dona de casa Rosedi Gomes, 53 anos, imaginando que pagará bem mais caro até chegar a seu destino na Itália.
Concorrência restrita - Foram identificados pela reportagem do Campo Grande News quatro estabelecimentos no aeroporto e rodoviária que vendem alimentos e bebidas.
Infraero (Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária) e Socicam negaram, em notas, interferência na definição dos preços praticados pelos lojistas em áreas sob sua concessão. Admitiram ainda que entram na conta o valor do aluguel, perfil e movimento de passageiros.
"Em função da concorrência entre os participantes, há valores [de aluguel] que chegam a subir mais de 100% em relação ao valor inicial da abertura da licitação", destacou a Infraero.
Diante da necessidade de ajustes, muitos passageiros acabam mesmo por seguir o conselho da estudante de Zootecnia Marina Alves, 21 anos, de "comer em casa ou comprar o lanche no mercado". Contudo, se a fome apertar vale comparar preços do local de partida e destino.