Motoristas de ônibus param e terminais amanhecem vazios na Capital
Trabalhadores cruzam os braços por salários atrasados; frota está 100% parada e mais de 100 mil são afetados
Terminais e pontos de ônibus de Campo Grande amanheceram vazios nesta segunda-feira (14) com o início da greve geral dos motoristas do transporte coletivo. A paralisação foi deflagrada após o atraso no pagamento dos salários dos trabalhadores do Consórcio Guaicurus e afeta diretamente mais de 100 mil pessoas que dependem do transporte público na Capital.
RESUMO
Nossa ferramenta de IA resume a notícia para você!
A greve dos motoristas do transporte coletivo em Campo Grande deixou terminais e pontos de ônibus vazios nesta segunda-feira. A paralisação, que afeta mais de 100 mil usuários diários, foi motivada pelo atraso no pagamento dos salários dos funcionários do Consórcio Guaicurus. Os trabalhadores, que decidiram pela greve em assembleia na última quinta-feira, exigem o pagamento integral dos salários de novembro e do 13º salário. Apesar do repasse de 50% dos vencimentos pelo consórcio na sexta-feira, a categoria manteve a paralisação total da frota até que todas as pendências sejam quitadas.
A decisão de cruzar os braços foi tomada na última quinta-feira (11), em assembleia que reuniu mais de 200 motoristas. A categoria cobra o pagamento integral dos salários, que deveriam ter sido depositados no dia 5 de dezembro, além de outros direitos em atraso.
- Leia Também
- Greve de motoristas confirmada para segunda afetará mais de 100 mil passageiros
- Motoristas de ônibus mantêm greve após pagamento parcial de salários
Na tentativa de conter a paralisação, o Consórcio Guaicurus informou, no fim da tarde de sexta-feira (12), que efetuou o pagamento de 50% dos salários atrasados. O repasse parcial, no entanto, não foi suficiente para suspender a greve aprovada pelos trabalhadores.
Em uma das garagens do Consórcio Guaicurus, localizado nas Moreninhas, havia uma faixa avisando sobre a greve e policiamento reforçado. Cerca de 20 pessoas estavam no local.
Francisca Pereira, que trabalha na área de limpeza do Shopping Campo Grande, relatou que, como faz todos os dias, saiu cedo para pegar o ônibus na Rua Minas Novas, próximo à Rua Buinópolis, para entrar no trabalho às 7h.
Ela contou que no dia anterior havia visto ônibus passando e, por isso, acreditou que no dia seguinte também teria, chegando a esperar cerca de vinte minutos a mais após uma amiga comentar que já estava aguardando há esse tempo. Sem o ônibus aparecer, decidiu voltar para casa e esperar uma orientação da supervisora, afirmando que só iria trabalhar se a empresa pagasse.
José Ribeiro, de 48 anos, auxiliar de pedreiro, contou que estava em outro ponto da Rua Minas Novas quando foi avisado sobre a situação. Ele disse que a paralisação é justa, afirmando que há dinheiro para pagar, mas não pagam, e que, apesar de ser ruim para os trabalhadores, os responsáveis pela greve "estão de parabéns". José relatou que pensou que os salários já tivessem sido pagos e que, por isso, haveria ônibus, mas, diante do ocorrido, considera chamar um Uber e afirmou que irá conversar com o patrão antes, já que seguia para o Jardim Leblon.
Roseli Gomes Soares, de 49 anos, costureira, foi vista descendo a Rua Santo Ângelo em direção ao Terminal General Osório. Ela contou que saiu de casa apenas para confirmar se a greve era realmente verdade, já que no dia anterior o esposo havia visto um vídeo do Consórcio Guaicurus informando que os ônibus iriam circular, com promessa de pagamento. Roseli explicou que costuma pegar o primeiro ônibus às 5h20 em um ponto do bairro Coronel Antonino e afirmou que não pretende gastar com Uber para ir ao trabalho, pois o custo do dia acabaria sendo dobrado. Segundo ela, a paralisação a afeta em tudo, já que as horas em que não consegue trabalhar acabam sendo descontadas.
Sonia Batista da Silva, de 59 anos, é encarregada de empresa e costuma pegar o primeiro ônibus no Terminal General Osório para ir ao trabalho. Segundo ela, a empresa já estava ciente da greve e, por isso, ofereceu transporte próprio, informando que um carro da empresa irá buscá-la às 5h30 na Avenida Mascarenhas, bem em frente ao terminal, medida que será adotada com todos os funcionários que dependem de ônibus.
"Teve só o repasse de 50% do salário atrasado na sexta-feira e a demanda dos representantes dos trabalhadores é pagamento integral do salário e do décimo, além do vale que também não foi cumprido pela empresa. Não saíram nem da garagem hoje. Já foi orientado e votado em assembleia que os trabalhadores não precisavam nem vir caso e não vieram mesmo", disse Wagner Freitas, apoiador da paralisação.
O presidente do STTCU-CG (Sindicato dos Trabalhadores em Transporte Coletivo Urbano de Campo Grande), Demétrio Freitas, reafirmou neste domingo (14) que a frota permanecerá totalmente parada. Segundo ele, o pagamento incompleto não altera a decisão da categoria.
“Caso sejam efetuados os pagamentos referentes ao mês de novembro, que já está em atraso, e também do 13º, segunda parcela, além do vale, na terça-feira o serviço volta ao normal. Caso contrário, o retorno dos ônibus fica condicionado ao pagamento desses vencimentos”, havia explica Demétrio ao Campo Grande News.
A paralisação impacta diretamente a rotina da classe trabalhadora, que usa o transporte coletivo para se deslocar até o trabalho. Dados do próprio Consórcio Guaicurus indicam que, em agosto do ano passado, a média mensal de passageiros transportados era de 3.248.211.
Já informações mais recentes da 32ª edição do perfil socioeconômico do município, divulgada pela Planurb (Agência Municipal de Meio Ambiente e Planejamento Urbano) em agosto de 2025, com base em dados de 2023, apontam que o sistema registra média diária de 116.166 passageiros, em cerca de 72 mil quilômetros rodados por dia.
Colaborou Mylena Fraiha






