ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no X Campo Grande News no Instagram Campo Grande News no TikTok Campo Grande News no Youtube
MAIO, SEGUNDA  19    CAMPO GRANDE 24º

Capital

MP cobra ação da prefeitura em via que alaga com risco de arrastamento e morte

“Já vi ciclista sendo levado e o pessoal do posto de gasolina que conseguiu segurar”

Aline dos Santos e Mariely Barros | 21/10/2022 11:49
MP cobra ação da prefeitura em via que alaga com risco de arrastamento e morte
Mulher caminha pela Avenida Capibaribe, ponto de sério risco de arrastamento em dia de chuva forte. (Foto: Henrique Kawaminami)

Vistoria constatou que a vazão de enchente é o dobro da suportada pela drenagem em trecho do Bairro Santo Antônio e o MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) cobra ações da prefeitura na Avenida Capibaribe, perto do Córrego Imbirussu, diante do sério risco de arrastamento e morte.

No levantamento do DAEX (Departamento Especial de Apoio às Atividades de Execução) foi observada que a vazão de enchente é superior a capacidade de escoamento existente na região mais baixa do bairro, resultando num polígono de risco perto do cruzamento da avenida com as ruas Gibraltar e Macaé.

 Realizada em janeiro, a inspeção foi para verificar a existência de transbordamentos das redes pluviais, obstruções de bueiros, falta de manutenção e limpeza dos equipamentos como bocas de lobo e tubulações da rede de drenagem.

 “Pode-se verificar que a vazão de enchente é mais de 2x superior a vazão suportada pela estrutura atual de drenagem, logo o resultado são os alagamentos”, informa o documento de vistoria.

MP cobra ação da prefeitura em via que alaga com risco de arrastamento e morte
MP aponta que drenagem não é suficiente diante da força da água do Córrego Imbirussu. (Foto: Henrique Kawaminami)

No mês de setembro, a promotora Andréia Cristina Peres da Silva solciitou que Defesa Civil apresente plano de trabalho e autuação contendo no mínimo: deslocamento de equipe e interdição da Avenida Capibaribe durante chuvas intensas, mapeamento e sinalização de rotas alternativas para os transeuntes e instalação de placas no local informando à população dos riscos envolvidos quanto ao deslocamento de tamanho volume de água sobre a pista.

A prefeitura de Campo Grande também deve encaminhar cronograma de manutenção contínua de todos os dispositivos da rede drenagem, especialmente em pontos do bairro Santo Antônio.

Polígono do medo - O alerta do Ministério Público ganha a voz do medo de quem mora no trecho  rotineiramente invadido pelo Córrego Imbirussu.  Como de Agnes Freitas, 55 anos.

 “É horrível, triste mesmo", descreve a moradora sobre a força do alagamento. Além da residência, ela é dona de dois salões localizados na avenida. “Um eu não consigo alugar por conta das enchentes e o outro, que serve como restaurante de uma inquilina, vive alagando. Ela construiu uma parede para água não entrar na cozinha, mas é difícil segurar”.

MP cobra ação da prefeitura em via que alaga com risco de arrastamento e morte
Por precaução, moradora deixa os móveis elevados com pedaço de madeira. (Foto: Henrique Kawaminami)

Por precaução, Agnes elevou todos os móveis com pedaços de madeira. "Toda vez que chove é uma apreensão, ontem, quando começou a chover, eu saí de casa, não aguento a aflição. Quando eu construí aqui, não tinha esse problema porque a rua era de terra. Depois que afastou, ficou assim”, diz a moradora.

Rafael Martins, 33 anos, que trabalha no restaurante, afirma que é impossível manter local aberto quando chove forte. "A dona aqui já está muito triste com a situação, temos muito prejuízo com os dias fechado, não tem como mesmo sair de moto porque a água leva para o córrego. Eu mesmo paro os atendimentos quando chove, não tenho coragem de passar ali, já vi até caminhonete perder o controle com a água", relata Rafael.

Na tentativa de conter a enxurrada, Reinaldo Martins Feitosa, 42 anos, fez uma calçada mais elevada na frente da sua casa, mas a família segue com medo da enchente.

“Isso aqui é um risco à vida humana, qualquer um pode ser arrastado. Já vi ciclista sendo levado e o pessoal do posto de gasolina que conseguiu segurar. Somos refém da chuva. Se chove, não podemos sair de casa e nem receber visita. Se está fora, temos que esperar a água baixar para voltar", diz Reinaldo.

Em 2017, um menino de 12 anos morreu após ser levado pela força da água do Imbirussu, quando brincava com amigos, mas no bairro Jardim Sayonara.

A prefeitura de Campo Grande informou que tem feito de forma periódica a manutenção das bocas de lobo, limpeza e desobstrução da travessia de água sob o Córrego Imbirussu. A Sisep (Secretaria Municipal de Infraestrutura e Serviços Públicos) aponta que no local é necessária a construção de uma ponte com maior capacidade de vazão. A prefeitura busca recursos para viabilizar o projeto.

MP cobra ação da prefeitura em via que alaga com risco de arrastamento e morte
Em relatório de vistoria, MP mostra o mapa de alagamento em poligono da Capibaribe. (Foto: Reprodução)


Nos siga no Google Notícias