Mulher é diagnosticada com sinusite e morre por AVC dois dias depois
Família defende negligência médica por diagnóstico errado e quer justiça
Após receber diagnóstico de sinusite no CRS (Centro Regional De Saúde) Aero Rancho, Rosangela Fátima Paula, de 52 anos, morreu em decorrência de um AVC (Acidente Vascular Cerebral), em Campo Grande. Ela foi levada por familiares para unidade de saúde com fortes dores de cabeça no dia 11 de outubro, onde ficou internada por 7 horas e liberada. Agora, a aponta negligência médica e pede por justiça.
Segundo a família, ela estava sozinha em casa quando começou a passar mal. Sentindo que ia desmaiar, ela ligou para a cunhada, que foi ao encontro de Rosângela para ajudá-la. Além de reclamar das fortes dores de cabeça, ela tinha vomitado e convulsionado enquanto estava sozinha em casa.
O sobrinho de Rosângela, Marcelo dos Anjos Souza, explicou que a família chamou o Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) para socorrer a tia, mas horas depois ninguém apareceu, então o próprio médico do Samu orientou que a levassem de carro até uma unidade de saúde.
“Ai meu tio (marido de Rosângela) chegou, colocou ela dentro do carro e foi para a unidade do Aero Rancho. Chegando lá, ela foi internada por volta de umas 14h, ficou em observação, tomou soro e mesmo assim ela continuou com muita dor de cabeça, a pressão dela não abaixava. Ela chegou a fazer xixi na roupa de tanta dor, eles não trocaram ela, nem pediram para ela trocar, ou colocar um lençol em cima”, relatou.
Horas depois de dar entrada, foi atendida pelo médico, que a diagnosticou com sinusite, prescreveu remédios para dor e a liberou por volta das 21h.
“Minha tia, que estava acompanhando ela, disse que achava que era AVC, porque ela tem caso na família. Aí o médico deu risada e falou, “isso aí é sinusite”, e passou medicação para ela tomar”, completou Souza.
Rosângela retornou para casa, mas por volta das 2h do dia 12 de outubro, passou mal novamente e desmaiou. A família procurou outra vez atendimento médico, mas desta vez na UPA do Universitário, onde ela foi entubada e pré diagnosticada com aneurisma. A médica plantonista solicitou vaga no Hospital Santa Casa de Campo Grande, para onde foi encaminhada.
“Quando já tinha amanhecido, constataram ser um aneurisma, que o cérebro dela já estava todo comprometido e encharcado de sangue e não tinha mais o que fazer. Era só aguardar para ver se ia ter uma reação ou alguma coisa, mas que provavelmente não iria ter”, apontou o sobrinho.
A Santa Casa decretou o óbito às 16h20 do dia 13 de outubro. Conforme relatório do hospital, ela deu entrada com fortes náuseas e hemorragia cerebral, mas sem indicação cirúrgica. Ficou internada no CTI em vigilância neurológica rigorosa, mas evoluiu para parada cardiorrespiratória.
Em nota, a Sesau (Secretaria Municipal de Saúde) vai apurar o ocorrido nos atendimentos prestados à paciente e abrirá sindicância. “Reforçamos que, por se tratar de uma unidade de urgência e emergência, onde é feita a estabilização do quadro clínico para então transferência a uma unidade hospitalar, não é possível fechar um diagnóstico, uma vez que para isso é necessário realizar exames complementares. Desta forma será apurado se houve alguma falha no atendimento e avaliação do quadro clínico da paciente”, divulgou a unidade.