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Capital

Na favela, Natal tem solidão, improviso e ceia feita só com doações

Diversos produtos, entre eles, alimentos e brinquedos, foram doados por voluntários para moradores da Favela do Linhão, em Campo Grande

Liniker Ribeiro e Anahi Gurgel | 25/12/2017 18:09
Doações garantiram almoço natalino para famílias carentes (Foto: Paulo Frans)
Doações garantiram almoço natalino para famílias carentes (Foto: Paulo Frans)

No barraco improvisado, no meio da favela, tudo estava pronto. Os produtos adquiridos por meio de doações carinhosamente preparados, a espera dos filhos e do companheiro. Esse era o Natal dos sonhos para a dona Maria Eleodora de Lima, de 62 anos. E tinha tudo para ter sido exatamente assim, exceto por um único motivo: ninguém apareceu.

Moradora da "Favela do Linhão", na região sul de Campo Grande, a idosa acabou tendo apenas uma companhia nesse 25 de dezembro, a da garrafa barata de conhaque. "Estou triste, mas bem! Acabei nem comendo o que eu tinha feito e passei o Natal tomando meu conhaque", revelou a idosa.

Apesar disso, a satisfação da moradora em ter sido ajudada por voluntários, era visível. "Ganhei até panetone e o pessoal também me ajudou com alimentos, isso já vale. Tendo saúde, eu me viro", afirmou ela.

Alimentos doados para famílias carentes contribuíram para Natal recheado (Foto: Paulo Frans)
Alimentos doados para famílias carentes contribuíram para Natal recheado (Foto: Paulo Frans)

A solidariedade também garantiu uma ceia recheada para outros moradores do local. Na casa simples onde a diarista Ida Freitas, de 36 anos, mora com o marido e os cinco filhos, todos com idade entre 8 e 19 anos, doações garantiram não só a ceia, mas um almoço natalino animado e cheio de esperanças para a família, nesta segunda-feira. "Tudo o que conseguimos para nossa ceia foi fruto de doações", revelou ela.

"Mesmo com a crise, muitas pessoas ajudaram e conseguimos ganhar brinquedos, comida e, em especial, carne e refrigerante", contou a diarista toda alegre, enquanto aguardava a carne assando ficar pronta.

Mas não foram os presentes que mais alegraram a família. Para eles, mais importante do que ganhar um produto, é poder compartilhar com quem se ama. "Moro em uma casa muito simples, humilde, mas só de ter minha família reunida, isso sim é importante. Tem gente que mora em uma mansão e não tem o principal, que é o amor".

No meio da rua, quem também estava feliz era a pequena Ketlen, de 9 anos, que mesmo não tendo tido um Natal com mesa cheia, brincava alegre ao lado do irmão, com o relógio ganhou por meio de doação. "Na minha casa não teve ceia e nem peru. Comemoramos com uma marmita e um refrigerante de latinha", disse a menina não parecendo se importar com o Natal diferente, feliz por ganhar o brinquedo novo.

Presente doado alegrou Natal de menina de 9 anos (Foto: Paulo Frans)
Presente doado alegrou Natal de menina de 9 anos (Foto: Paulo Frans)
Promotor de vendas Thiago Pereira Panid, 24 anos
Promotor de vendas Thiago Pereira Panid, 24 anos

Para o promotor de vendas, Thiago Pereira Panid, 24 anos, que mora em uma casa simples com a esposa e os dois filhos, as doações também foram bem vindas. "Eu trabalho para ganhar mil reais por mês e, a gente gasta muito com fraldas, roupas e comida, por isso, acabou não dando para comprar nenhum presente. A sorte é que recebemos doações", agradeceu ele.

Empenhado em melhorar de vida e dar mais qualidade para os filhos, o jovem revelou ainda um de seus sonhos, poder estudar e conseguir formação em um curso de cabeleireiro, para poder juntar dinheiro e comprar uma casa melhor para viver com a família. "Eu quero muito fazer esse curso e poder ter minha casinha, mas infelizmente é muito caro, R$ 1,2 mil, e eu não tenho condições", concluiu Thiago, revelando os desejos já para o próximo ano.

Quem também fez questão de dizer o que espera do futuro, foi a pequena Ketlen. Com apenas 9 anos, as palavras finais ganha, destaque pelo discuso de gente grande. ""O que eu posso desejar para as pessoas é muita saúde e muito amor. E quando eu crescer, também vou distribuir presentes para os pobres", finalizou.

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