ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no Twitter Campo Grande News no Instagram
MAIO, SEGUNDA  13    CAMPO GRANDE 29º

Capital

"Nunca vou estar preparado" diz pai sobre rodar "cracolândia" em busca da filha

João Batista, de 56 anos, ficou sem notícias da filha por quase uma semana, até ela retornar para casa

Aletheya Alves | 13/08/2021 08:39
João Batista, de 56 anos, conta sobre ter procurado a filha após desaparecimento. (Foto: Paulo Francis)
João Batista, de 56 anos, conta sobre ter procurado a filha após desaparecimento. (Foto: Paulo Francis)

Olhando para o portão de minuto em minuto, João Batista, de 56 anos, ainda tenta se recuperar dos últimos dias. É mais uma vítima dentro de famílias, que sofrem os reflexos da dependência química.

Com a filha de 24 anos desaparecida por quase uma semana, o jardineiro bateu às portas da antiga rodoviária e de outros locais frequentados por usuários de drogas durante suas buscas, mas não teve sucesso. Foi só durante a madrugada desta quinta-feira (12), quando tentava dormir, que voltou a ver a filha.

Quando recebeu a reportagem, João esperava a filha voltar mais uma vez. “Graças a Deus, ela apareceu. Agora, ela falou que ia resolver algumas coisas do computador, mas ainda não voltou. Tá começando a demorar, mas eu acho que ela vai voltar”.

Receoso com o cotidiano, o jardineiro explica que vem pensando sobre como não voltar a  perder a filha. “É um caminho que se você entra, precisa saber sair. É perigoso. Tô tirando força de Deus. Nós vamos lutar até onde conseguir”.

Depois de anunciar o desaparecimento, o jardineiro resolveu ir para as ruas e tentar a sorte na segunda-feira (9), quando já faziam três dias de seu sumiço.

Campo Grande News - Conteúdo de Verdade

Eu nunca estive preparado para isso, nunca vou estar. Eu fui na orla, na cracolândia. A gente se sente meio afligido, porque eles te olham de uma maneira que a gente se sente com medo. A gente não sabe quem vai encontrar lá dentro, João explica.

"A gente tentou ligar na sexta-feira, mas um homem atendeu e a gente reconheceu a voz dela no fundo. Mas desligaram e depois não conseguimos mais. Aí na segunda-feira, eu comecei a buscar por ela", João conta.

O primeiro local visitado pelo jardineiro, foi a região da Orla Morena, mas por lá, não conseguiu novidades sobre o paradeiro da filha. “Fui de dia. Uns davam informação, outros fugiam. Deixei meu telefone com os guardas, tiraram foto da foto que eu tinha dela e falaram que se encontrassem, iam abordar e ligar para mim”.

Depois, João foi para a Antiga Rodoviária, conseguindo apenas uma informação de que talvez a filha estivesse viva. “Fui lá na cracolândia, entrei lá dentro. Perguntei e um falou que tinha visto ela no outro dia. Outro, já falou que ela não estava lá, que talvez estivesse em um terreno baldio com outro pessoal”, disse.

Já encerrando o dia, o jardineiro seguiu até um terreno perto da Avenida Afonso Pena. “Bati palma e saiu um sujeito. Perguntei se ele sabia da menina, mostrei a foto e ele falou que ela tinha ido ali. Deixei meu número de telefone, anotei na calçada e ele disse que qualquer coisa me ligava. Mas não ligou”.

Foi só na madrugada de quinta-feira que a filha retornou, já quando João tentava dormir. “Era 00h49min, eu anotei. Escutei um barulho, mas pensei que fosse a cadela. Aí liguei a luz aqui e olhei para fora, ela estava sentada na cadeira. Aí levei ela para dentro, não estava drogada. Estava lúcida, limpa”.

Ao pai, ela disse que apenas se lembrava de ter sido sequestrada e levada para uma casa. "Ela para aí, depois diz que não se lembra de mais nada", João relata.

Esperando a chegada - De acordo com João, essa foi a segunda vez que precisou procurar pela filha. “Dessa vez, ela não estava suja, da outra vez que eu encontrei, ela estava imunda. Ela estava lá na rodoviária, antigamente quando era cheio. Fui lá, peguei ela e trouxe para casa”, conta.

Sem saber explicar os caminhos que a levaram até os sumiços, o pai diz que quer focar no presente e no futuro. “A mãe dela faleceu em junho desse ano, acho que isso afetou ela, mas a gente não sabe dizer. Marcamos um médico para ela fazer acompanhamento, porque se deixar do jeito que está, a resposta vai ser outra”.

Dizendo que queria garantir o futuro, João se despediu da reportagem em frente ao portão de casa. Ali ficou parado, dizendo que ia esperar a filha retornar.

Nos siga no Google Notícias