Parte rica de avenida ganha acesso asfaltado, e a pobre fica com "trieiro"
Novos acessos foram abertos no canteiro para facilitar a vida de quem mora em condomínio de luxo

A Avenida Cônsul Assaf Trad tem 2,5 quilômetros de extensão entre a rotatória do anel viário, na saída para Cuiabá, e a Rua Marquês de Herval, no bairro Mata do Jacinto, em Campo Grande.
A via longa e expressa atravessa vários bairros na região norte da cidade e o trecho que passa por condomínio de luxo, mercados e empresas ganhou acessos asfaltados recentemente pelo poder público. Já no trecho da região do populoso bairro Nova Lima, foi aberto acesso de "clandestino" de terra pelos próprios motoristas.
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Os acessos asfaltados recém-feitos em frente ao condomínio Alphaville para facilitar a entrada e a saída dos moradores estão sem sinalização por enquanto, causando riscos segundo o empresário Natanael Medina, de 39 anos. "Daqui a pouco vai acabar causando acidente. Volta e meia tem os buzinaços ali, porque os carros entram na contramão e entram de frente uns para os outros", observa.
Natanael mora e trabalha na região e comenta que os acessos pouparam tempo dos moradores, pois o contorno pode ser feito logo na frente do condomínio.
O problema de atravessar o canteiro, segundo empresário, é o perigo em que os condutores se colocam. "Tem gente que acha que realmente é uma rua, então sai e atravessa achando que está tudo certo, mas é um risco, porque não tem sinalização. Então se o camarada não prestar atenção, dá acidente, tanto pra quem está indo quanto pra quem está retornando. Em uma avenida longa como essa, quanto mais acessos melhor".

A Avenida Cônsul Assaf acaba na rotatória do anel viário, onde está localizado o Shopping Bosque dos Ipês. Para facilitar o acesso ao centro de compras, condutores abriram um caminho no canteiro central, comprometendo a grama e a própria segurança no trânsito, pois como a passagem é 'clandestina', não é respeitada nem sinalizada, tampouco asfaltada.

O borracheiro Roberto Simões Soares, 51 anos, mora no Nova Lima há três anos e compara a quantidade de acessos em outros pontos da avenida, com a falta deles na entrada do bairro. "Eu não entendi a lógica da engenharia deles. Em frente ao condomínio tem várias entradas e saídas, e aqui não tem. Não entendo o porquê".
O morador ainda observa que após o condutor se arriscar para atravessar a avenida pelo canteiro central, ao entrar no bairro se depara com as ruas Júlio Bais, Albertina Pimentel e Agenor Pinto recém-asfaltadas, mas sem sinalização. "Ninguém sabe onde parar, se é aqui, ou se é lá, não tem nada sinalizado. Quem mora aqui no bairro sabe, mas quem vem de fora, não".
A falta de acesso e sinalização na entrada do bairro faz com que Roberto prefira entrar e sair pela Rua Zulmira Borba, mas o morador destaca que um acesso feito pelo poder público facilitaria muito o trajeto dos condutores, "porque daí não teria que fazer a rotatória movimentada, lá é complicado".

O comerciante Deivdson Rafael Silva de Oliveira, 36 anos, mora no bairro também há três anos e acredita que uma alça de acesso da avenida seria o ideal para economizar tempo de trajeto dos condutores. "Às vezes o pessoal que tá vindo de lá [do centro], se já tivesse o acesso, não precisaria dar a volta lá em baixo, então já teria acesso aqui tanto pra descer quanto pra subir".
O morador observa que após os acidentes fatais com vítimas que aconteceram na avenida, em frente ao condomínio Alphaville, novos acessos foram abertos para evitar conflitos no trânsito. Porém, o benefício não chegou ao Nova Lima, que fica há apenas alguns metros do condomínio de luxo. "Só vão tomar alguma atitude quando acontecer alguma fatalidade, esse é o problema. Em vez de prevenir, deixam acontecer pra depois fazer alguma coisa".
Avenida fatal - A Cônsul Assaf Trad é cenário de vários acidentes. O mais recente tirou a vida de motociclista de 29 anos, na manhã da última terça-feira (19). Na mesma manhã, o Campo Grande News noticiou pelo menos três acidentes no local.
O motociclista que seguia sentido centro conduzindo uma Yamaha Factor se desequilibrou, bateu na traseira da Fiorino, caiu e acabou atingido pelo ônibus.
Poucos metros do acidente fatal, na mesma manhã, um carro tombou depois de colisão com uma ambulância que veio da cidade de Alcinópolis e transportava um idoso e sua acompanhante.
Conforme apurado pela reportagem, a ambulância seguia pela avenida, sentido ao centro da cidade, momento em que a condutora do carro tentou fazer a conversão na via para acessar o mesmo sentido do veículo e bateu. Após a colisão, o carro tombou, mas foi desvirado por pessoas que passavam pelo local e pararam para ajudar.
A poucos metros do local onde carro e ambulância bateram, também na Avenida Cônsul Assaf Trad, uma menina de 11 anos foi atropelada por um carro Volkswagen Saveiro, conduzida pelo entregador Cezar dos Anjos, 50 anos. Segundo o entregador, a menina estava tentando atravessar a avenida quando foi atropelada.
A reportagem entrou em contato com a Prefeitura de Campo Grande, para questionar quando será feita a sinalização dos novos acessos da Avenida Consul Assaf Trad, e também das ruas recém-asfaltadas na entrada do Nova Lima, mas não obteve retorno. A prefeitura também foi questionada sobre a possibilidade de fazer novos acessos em frente ao trecho do bairros como o Nova Lima. Por enquanto não houve retorno. O espaço segue aberto.
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