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Capital

Pedro superou três cânceres, mas sucumbiu à covid-19

Sempre sorridente, Pedro, como contou a filha, nunca perdeu a esperança, mesmo nos momentos mais difíceis

Lucia Morel | 16/06/2021 15:19
Pedro com a esposa, com quem completaria 55 anos de casamento em 11 de junho. (Foto: Arquivo da família)
Pedro com a esposa, com quem completaria 55 anos de casamento em 11 de junho. (Foto: Arquivo da família)

Três canceres e nenhum deles levou o aposentado Pedro Sales de Lima, 76 anos, embora. Mas a covid-19, sim. Pai de cinco filhos, avô de 15 e bisavô de seis, o idoso se despediu da família no último dia 10 de junho, depois de duas semanas de internação.

“Tiveram outros momentos que a gente achava que ia perdê-lo, mas este não”, lamentou a filha, Eliane Gonçalves de Lima, 44, que é professora, ao comentar sobre a internação repentina na Santa Casa para tratar de um fungo no pulmão e a revelação infeliz que a covid-19 também tinha chegado.

Sempre sorridente e alegre, Pedro, como contou a filha, nunca perdeu a esperança, mesmo nos momentos mais difíceis. O primeiro câncer, de próstata surgiu quando ele tinha 60 anos e em seguida, entre um e dois anos depois, veio o de intestino. Ano passado, após exames, descobriu-se o terceiro, “que já estava vencido”, um linfoma.

“O que mais dói é que ele morreu de uma coisa que não tinha nada a ver com o que ele vinha tratando há anos”, disse Eliane, lembrando que o pai já havia também tomado as duas doses de vacina contra a covid. “Mas sabemos que o organismo dele estava debilitado, por causa da quimioterapia”.

Durante a última quimioterapia, em novembro do ano passado. (Foto: Arquivo da família)
Durante a última quimioterapia, em novembro do ano passado. (Foto: Arquivo da família)

A última vez que ela e maioria da família viu o pai foi em 31 de março, quando se reuniram para um terço no hospital. Como não havia suspeita, ainda, de ser covid, todos se juntaram na oração, comum na família. “Ele era ministro de eucaristia na Paróquia Santa Luzia e vicentino. Ajudou muita gente já”, contou a filha.

Com o pai ainda bem e sem intubação, veio o diagnóstico positivo para covid, o que o impediu de receber alta e precisou deixar de ser acompanhado por um filho, que dormia lá com ele. “Acreditamos que ele pegou covid no hospital, porque só ele e meu irmão pegaram, ninguém mais e ele morava comigo”, comentou Eliane.

Apesar disso, ela não reclama da Santa Casa es sabe que o pai estava em um local de risco quando foi internado. “O médico o internou para observação, para acompanhar a questão do fungo no pulmão. Como ele não melhorava é que suspeitaram que podia ser covid”, relatou.

Terço online, realizado enquanto Pedro estava internado. (Foto: Arquivo da família)
Terço online, realizado enquanto Pedro estava internado. (Foto: Arquivo da família)

Por vídeo, a família se reuniu para o terço mais uma vez, a última com Pedro vivo. O filho ainda estava lá com ele. “Ele nunca pensou em deixar a gente, tanto que estávamos programando uma viagem em família pro final do ano”, contou Eliane, lembrando que entre descobrirem que era covid e a morte do pai, foi tudo muito rápido.

“Por conta das comorbidades que ele tinha, o organismo já estava fraco. O corpo dele foi perdendo as condições para funcionar da forma correta. Primeiro foi o fungo no pulmão, daí deu problema no coração, o rim foi parando e agravou todo o quadro, mas muito rápido”, lamentou.

De uma semana para outra, a expectativa de que Pedro estaria de novo em casa deu lugar à intubação, que ocorreu poucos dias antes do óbito. Entre ele descobrir a covid e falecer, foram apenas cinco dias.

Pedro morreu em 10 de junho, um dia antes de completar 55 anos de casado. Como legado, segundo Eliane, ele deixou a alegria, que ele exalava em todos os momentos, bons ou maus.

“Ele sempre encontrava uma maneira de rir das situações, de si mesmo, de rir com as outras pessoas. O visível nele era o sorriso. O que ele nos ensinou é lutar pela vida, pela família e ser feliz”.

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