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Capital

Presença de PM em porta de escola gera discussão sobre privilégios

Natalia Yahn | 22/03/2016 12:34
Pais podem entrar no drive thru para deixar os filhos na escola. (Foto: Fernando Antunes)
Pais podem entrar no drive thru para deixar os filhos na escola. (Foto: Fernando Antunes)

A presença de um policial militar do BPTran (Batalhão de Trânsito) em frente a uma escola particular na Rua Rodolfo José Pinho, em Campo Grande, gerou discussão em relação a possíveis privilégios para atuação da PM (Polícia Militar).

A beneficiada é a escola bilíngue canadense Maple Bear, que começou a funcionar no dia 15 de fevereiro e chegou a divulgar nas redes sociais uma propaganda da atuação do policial. Na mensagem postada no Facebook na quarta-feira (16), o texto afirma que o PM atua há algumas semanas no local, nos horários de entrada e saída dos alunos.

“Queremos apresentar o Soldado Felipe, que cuidará do fluxo de veículos e pedestres aqui na frente durante esses horários. Além de proporcionar um ambiente mais seguro, a presença do Felipe por aqui pode evitar pequenos acidentes e deixará nosso trânsito muito melhor”, diz a publicação.

Enquanto a presença do policial é comemorada pela escola de alto padrão, pais e funcionários do Lar Nossa Senhora Aparecida, que funciona ao lado desde 1973, afirmam que a medida acontece somente porque a unidade é da “elite”.

A mãe de um aluno do Lar Nossa Senhora Aparecida, que pediu para não ter o nome divulgado, afirma que nunca viu policiamento de trânsito no local. “Como sempre teve a policlínica da PM ao lado e um (policial) fardado por perto, as pessoas sempre respeitaram bastante o trânsito. Eu percebi que a polícia fica na porta da escola da elite, a gente vê que é por causa deles”.

O filho dela estuda há três anos na escola, que atende somente em período integral. “Tem bastante criança e o trânsito é tumultuado, principalmente nos horários de entrada e saída. Mas a escola nova não marcou para o mesmo horário e ainda não tem tandos alunos. Mesmo assim o policial fica lá na frente”, afirmou.

No Facebook, escola comemorou presença do soldado Felipe. (Foto: Reprodução Facebook)
No Facebook, escola comemorou presença do soldado Felipe. (Foto: Reprodução Facebook)

Uma funcionária da escola Lar Nossa Senhora – que também é particular, mas atende famílias de baixa renda –, confirmou que o policial fica apenas em frente a escola bilíngue canadense Maple Bear. “O PM só fica pra lá (apontando para a escola) e não passa nem aqui na frente. Começou a ter patrulha há pouco tempo atrás”, disse ela, que pediu para não ter o nome divulgado.

Outra mãe acredita que mesmo nítida a atuação da PM por conta da escola de alto padrão, o trânsito realmente melhorou. “A concessão é sim por questão social e financeiro. Mas ajudou bastante o trânsito, porque aumentou o fluxo de veículos. Ia ser um caos, bem complicado”, afirmou.

O diretor da escola Maple Bear, Guto Dobes Filho, afirmou que foi feito convênio para que o policial militar faça a fiscalização e orientação no trânsito quatro vezes ao dia, de segunda a sexta-feira. “É interesse de todos que seja organizado o trânsito. Temos recebido elogios de todos”.

Ele explicou ainda que a escola absorve parte do fluxo de veículos por ter um drive thru, que permite a entrada dos pais para desembarcar as crianças na área interna. “Se não fosse isso seria muito pior. Mesmo assim a rua tem o movimento natural”, disse Filho.

BPTran – Ao contrário do que os pais e funcionários afirmaram para a reportagem, o comandante do Batalhão de Trânsito, coronel Renato Tolentino, afirmou que a escola Lar Nossa Senhora Aparecida já tinha fiscalização no trânsito antes de ser designado um policial para atuar em frente a Maple Bear. “Ali é acesso para Avenida Zahran, por isso a fiscalização é importante. E aquela creche das freiras esta há anos ali, atuamos há tempos. Eu mesmo já trabalhei ali”.

Mas, confirmou que o início do funcionamento da escola de alto padrão influenciou para manter o policial no local. “É claro que a escola (Maple Bear) ali é um fator que contribui no fluxo. Nos preocupamos de não dar esta impressão, de atender apenas as escolas particulares e não as municipais e estaduais”.

Questionado sobre o critério para atuação dos policiais em frente as escolas e quais as outras unidades públicas que recebem o serviço o comandante explicou que a BPTran “atende Ceinfs (Centros de Educação Infantil), Escolas Municipais e Estaduais”, principalmente em campas educativas.

“Pela importância das vias, a atenção é maior na área central, principalmente de manhã e a tarde. Estamos sempre em frente as escolas Dom Bosco, Alexander Fleming, Mace, Montessori e também na creche Zedu, no Parque dos Poderes”, disse Tolentino.

Ele confirmou que as ações acontecem de forma rotativa ao longo da Avenida Mato Grosso e das ruas Padre João Crippa, das Garças, Abrão Júlio Rahe, Pernambuco, além da Avenida Afonso Pena – em frente a Escola Estadual Joaquim Murtinho. “Temos que priorizar locais com maiores problemas”, afirmou o comandante.

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