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Capital

Preso com Alemão, dono de chiparia admite crime

Apesar de confirmar receptação, Máximo Aranda disse que não sabia que produto era furtado

Por Bruna Marques | 07/11/2024 10:17
Sacos de fécula de mandioca apreendidos em depósito de conveniência (Foto: Divulgação/PCMS)
Sacos de fécula de mandioca apreendidos em depósito de conveniência (Foto: Divulgação/PCMS)

Edson Barbosa de Araújo, dono do Alemão Conveniência e Salvador Conveniência, além de Máximo Aranda, proprietário de uma rede de chiparia em Campo Grande, presos nessa quarta-feira (6) suspeitos de envolvimento em um esquema de receptação de mercadorias furtadas, sabiam que os produtos adquiridos eram de origem criminosa, avalia delegada responsável por investigar o caso, Priscilla Anuda.

RESUMO

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Dois empresários de Campo Grande foram presos por receptação qualificada após comprarem fécula de mandioca roubada de uma empresa. Edson Barbosa de Araujo, dono do Alemão Conveniência e Salvador Conveniência, e Máximo Aranda, proprietário de uma rede de chiparia, compraram o produto a preços abaixo do mercado, sabendo que era oriundo de crime. As investigações apontam que a fécula foi roubada por uma organização criminosa que aplica golpes em empresas do Mato Grosso do Sul. Os criminosos utilizam sites e e-mails falsos para se passar por compradores legítimos e realizar a compra de produtos, que são posteriormente revendidos. A Polícia Civil investiga o caso e já prendeu alguns integrantes da organização criminosa.

“Formalmente na delegacia, Edson ficou em silêncio. Já o outro falou que comprou a mercadoria de um indivíduo que integra uma organização criminosa que já está sendo investigado há alguns meses”, disse a delegada titular da 3ª Delegacia de Polícia de Campo Grande.

Ainda conforme a delegada, Máximo contou que comprou a mercadoria achando que teria alguma vantagem. “O valor cobrado da mercadoria estava bem abaixo do comercializado. Os dois empresários já eram clientes da indústria e sabiam o valor. Apareceu alguém vendendo o mesmo produto, só que mais barato. Eles ignoraram que era produto de crime e compraram”, esclareceu Anuda.

Conforme consta no boletim de ocorrência, o caso tem origem em um golpe aplicado em setembro contra a empresa Amidos Ponta Porã - BRC Starch, que foi vítima de uma fraude envolvendo a venda de 24 toneladas de fécula de mandioca, no valor de R$ 73.920,00.

As investigações apontaram que os golpistas utilizaram um site e e-mail falsos para realizar as compras, e contrataram um transportador para fazer a entrega da carga. A mercadoria foi, então, redirecionada para os dois pontos comerciais da Capital, sendo revendida a preços abaixo do mercado e sem nota fiscal.

“Àqueles que receptam produtos objetos de crime, fica um alerta, podem responder por receptação qualificada, com pena de até 8 anos de reclusão”, finalizou.

Edson e Máximo foram presos ontem, em flagrante, por uma equipe da 3ª Delegacia de Polícia Civil e estão detidos em uma cela da Depac (Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário) Cepol. Os empresários passarão amanhã (8)por audiência de custódia.

A reportagem tentou contato com alguém responsável pelo Alemão Conveniência por diversas vezes, através do número de telefone fixo, mas as chamadas eram transferidas de um setor para o outro e nenhuma delas era atendida para pedir informação.

Na chiparia Máximo não foi possível contato. O espaço segue aberto para que ambas as empresas se manifestem.

Operação Miragem – Em nota, a Polícia Civil informou que a Operação Miragem resultou na prisão de integrantes de uma organização criminosa responsável por aplicar golpes em diversas empresas no Mato Grosso do Sul.

As investigações tiveram início no dia 22 de outubro quando proprietário de uma grande metalúrgica da Capital registrou ocorrência afirmando ter sido vítima de estelionato em que os suspeitos, se passando por representantes de uma rede de supermercados com grande credibilidade no Estado, adquiriram uma carga em tubos de aço avaliada em cerca de R$ 90 mil.

A partir de então, a equipe de investigação da 3ª Delegacia de Polícia realizou análise do fato, notando em primeiro instante tratar-se de um grupo que falsificava mecanismos utilizados no comércio para averiguação da autenticidade do cliente por meio de documentações, e-mails e sites fraudados, levando a vítima a acreditar na fidedignidade da empresa, sendo por esse motivo autorizada a venda, apenas se revelando o golpe após a não compensação dos boletos.

Foi verificada, ainda, a existência de outras empresas vítimas do mesmo golpe praticado pela mesma organização criminosa. O total do prejuízo causado com os estelionatos ainda é incalculável.

Paralelamente às diligências de análise, foram realizadas incursões em toda Campo Grande e adjacências. Os policiais conseguiram localizar três integrantes da organização criminosa, sendo que destes, cada um possuía sua tarefa bem estabelecida no contexto, de modo que ao menos sete envolvidos já foram identificados e integram o grupo investigado.

No dia 25 de outubro, foi realizada a prisão em flagrante de dois envolvidos no crime, sendo analisado inicialmente que um seria o responsável pela logística de pagamentos do grupo e o outro tinha a função de efetivar estes pagamentos.

A equipe identificou um suposto receptador das cargas de aço em um distrito de Aquidauana, onde foi localizado objeto de estelionato praticado pelo grupo no município de Três Lagoas, em 15 de outubro.

Na ocasião, os suspeitos subtraíram R$ 120 mil em telhas e R$ 183 mil em perfil metálico, sendo parte localizada sem utilização ainda em uma obra de condomínio fechado no município. Diante da situação, os investigadores fizeram diligências e encontraram o proprietário do empreendimento, que foi preso em flagrante por receptação qualificada.

Em continuidade às investigações, foi possível identificar uma terceira vítima em Ponta Porã, que havia vendido 24.000 kg de fécula, com valor estimado em R$ 74.000,00. Os criminosos induziram a vítima ao erro utilizando as mesmas práticas aplicadas contra as outras duas vítimas, conforme informado pela Polícia Civil.

A equipe realizou novas diligências, localizando 459 sacos do produto no Alemão Conveniência e na Máximo chiparia, no Bairro Guanandi, em Campo Grande.

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