Quem já teve a covid, ainda precisa andar de máscara por aí?
Além de decreto que exige acessório, pessoa mesmo curada pode ser “colonizada” e levar vírus adiante

Manhã de sábado em uma padaria da Rua Rio Grande do Sul. Um senhor de mais de 60 anos entra sem máscara e, ao ser advertido pelo atendente sobre a obrigação de usar o acessório, diz: “Não uso, já estou imunizado”.
Apesar de a regra ser clara, o funcionário, visivelmente constrangido, deixa o homem entrar, escolher alguns doces, pagar e sair. A cena transcorre diante de olhares questionadores de quem divide o recinto e deixa uma pergunta no ar.
Quem já se curou da covid-19 precisa continuar usando máscara? A questão foi levada aos leitores em enquete do Campo Grande News. Para a maioria, 84%, o acessório permanece indispensável.
Um dos motivos é que o decreto 14.354, de junho deste ano, estabelece a obrigatoriedade do uso de máscaras de proteção facial em espaços fechados públicos ou privados de acesso ao público em geral no município de Campo Grande. É com base nesta determinação que lojas, mercados e shoppings, por exemplo, alertam os clientes sobre a obrigatoriedade do uso da máscara.
A resposta também é sim do ponto de vista médico. Pesquisas apontam que as pessoas que tiveram covid-19 ficam imunizadas (a reinfecção é vista como exceção), porém, por mais que não voltem a ficar doente, podem continuar ajudando na propagação do vírus.
“Quem já teve covid não vai ficar mais doente por esse mesmo agente. Mas pode fica colonizado. O ideal é todo mundo usar máscara”, afirma o infectologista Rodrigo Nascimento Coelho, do HR (Hospital Regional) Rosa Pedrossian, referência para tratamento da covid-19 na rede pública de Saúde.
Em novo contato com o coronavírus, a pessoa não se infecta, mas o micro-organismo pode se alojar na nasofaringe (parte superior das vias aéreas) e ser expelido para o ambiente.
Nas ruas – A reportagem foi à padaria, loja e supermercado e verificou que pessoa sem máscaras não são impedidas de entrar. Em uma loja, apesar do aviso do uso obrigatório, o segurança espirra o álcool na mão, mas não questiona a ausência do acessório.
Ele só agiu após ser questionado por outra cliente e pediu que a pessoa deixasse o local, porém permitiu que concluísse a compra, num claro desrespeito ao decreto. Em supermercado, pessoas sem máscaras recebem olhares contrariados dos demais clientes, mas é possível circular meia hora por todo o local até ser abordado por segurança.