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Capital

Registro na oncologia da Santa Casa era feito fora dos padrões, diz delegada

Renan Nucci | 22/10/2014 12:35
Caso de três mortes na oncologia da Santa Casa é apurado pela 1ª DP da Capital. (Foto: Marcos Ermínio)
Caso de três mortes na oncologia da Santa Casa é apurado pela 1ª DP da Capital. (Foto: Marcos Ermínio)

Com um inquérito de aproximadamente sete mil páginas, a delegada Ana Cláudia Medina, da 1ª Delegacia de Polícia de Campo Grande, afirma estar perto de elucidar a morte de três mulheres após sessões de quimioterapia na Santa Casa. Ela afirma que durante as investigações, entre outras irregularidades, foi constatado que setor de oncologia operava com alguns procedimentos fora dos padrões, principalmente no que diz respeito ao livro de registros.

Segundo a delegada, o registro, documento de suma importância, não era feito no ato da manipulação, o que deixava lacuna para diversas possibilidades, principalmente falha humana. O farmacêutico manipulava o medicamento pela manhã, no entanto, as anotações eram feitas apenas durante à tarde, por uma segunda pessoa que levava em consideração somente a prescrição médica.

"É possível que alguns procedimentos fossem feitos de maneira errada, mas cadastrados como se estivessem corretos, pois o registro, feito depois, era baseado apenas nas prescrição médica, pois não o responsável não teve acesso à manipulação”, disse. Ela explicou ainda que pelo fato do livro não ser um documento confiável, as investigações encontraram mais obstáculos, já que ficava difícil rastrear em qual momento ocorreram os erros que resultaram nos óbitos. “Os registros falhos dão brechas para que algo errado possa ter acontecido e colocado em risco, inclusive, a vida de pacientes”.

Ela lembra ainda que o relatório da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) também apontou o mesmo problema. "È uma falha grave, inaceitável". Todo caso gira em torno das mortes de Carmen Insfran Bernard, 48 anos, Norotilde Araújo Greco, 72 anos, e Maria da Glória Guimarães, 61 anos, nos dias 10, 11 e 12 de julho, respectivamente, devido à complicações no tratamento de câncer colorretal. Durante quimioterapia, elas receberam doses do Fluorouracil (5-FU) em junho, apresentaram reações adversas ao medicamento e morreram no mês seguinte.

Após as mortes, a Santa Casa antecipou o rompimento de contrato com o Centro de Oncologia e Hematologia de Mato Grosso do Sul, empresa que prestava serviços à oncologia. O setor foi fechado para novos pacientes e a gestão foi assumida pelo próprio hospital, que vai manter o atendimento às pessoas que já vinham sendo tratadas no local. Por meio da assessoria, a entidade confirmou as falhas no registros, mas disse que só vai se manifestar novamente após a conclusão do inquérito. A principal hipótese, ainda de acordo com Medina, é falha humana.

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