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Capital

Secretário sugere avenida cortando o maior parque de Campo Grande

Ricardo Campos Jr. | 15/01/2016 17:56
Cruzamento da Hiroshima com a Mato Grosso: local onde começaria avenida que cortaria reserva, na visão de secretário (Foto: Gerson Walber)
Cruzamento da Hiroshima com a Mato Grosso: local onde começaria avenida que cortaria reserva, na visão de secretário (Foto: Gerson Walber)

Para resolver os problemas de trânsito no cruzamento da Mato Grosso com a Via Parque, o secretário municipal de infraestrutura, transporte e habitação Amilton Cândido sugere medidas drásticas, como avenidas dividindo ao meio o Parque das Nações Indígenas e a reserva ambiental do Parque dos Poderes. Para ele, as intervenções são possibilidades que podem ser discutidas no futuro.

A declaração do gestor foi feita durante entrevista à FM Capital nesta sexta-feira (15). Por enquanto, a prefeitura trabalha com alternativas em caráter paliativo, como a instalação de semáforos e abertura do trecho da Avenida Antônio Teodorowich ao lado do Hospital Miguel Couto.

Uma das possibilidades levantadas pelo município para solucionar o problema foi a construção de um viaduto no trecho em questão, o que já foi descartado.

Na visão de Cândido, uma das “novas vias” poderia começar no entroncamento da Mato Grosso com a Hiroshima, enquanto a outra transformaria o Parque das Nações em dois. Nos dois casos as vias terminariam na Afonso Pena.

Secretário sugere avenida cortando Parque das Nações (Foto: Gerson Walber)
Secretário sugere avenida cortando Parque das Nações (Foto: Gerson Walber)

Possibilidade – Para o engenheiro de tráfego Jorge Monson, a ideia do secretario é tecnicamente possível. “Campo Grande está crescendo e não teve um planejamento. Esse setor norte da cidade está cada vez maior. Se acham caro fazer um viaduto, essa é a melhor solução”, afirma.

Contudo, segundo o especialista, é preciso haver uma mudança de hábitos do motorista campo-grandense, que evita usar vias alternativas e opta pelas avenidas, transformando as vias da cidade em gargalos.

“É o contrário de grandes centros, onde as pessoas procuram rotas alternativas para não pegar trânsito congestionado. A questão é mais comportamento. Já fizemos vários estudos. Essa orla que fizeram em volta da cidade é bem vazia, aí você anda na Julio de Castilho, ela é congestionada. Não adianta nada o governo trabalhar e o cidadão não se adaptar à modernidade”, pontua.

Problemas – O arquiteto e urbanista Ângelo Arruda aponta três empecilhos para colocar em prática a ideia de Cândido. O primeiro deles tem caráter legal.

“O Parque das Nações e o Parque dos Poderes são áreas estaduais protegidas por lei e decreto. Quando elas foram criadas, nos anos 90, havia um dispositivo que foi aprovado dentro do CMDU (Conselho Municipal de Desenvolvimento Urbano) de que essa avenida ligando a Hiroshima à Afonso Pena seria proibida, pois ela separaria uma área de preservação de mata fechada, que é a reserva do parque dos poderes, e uma área de preservação aberta que seria o Parque das Nações”.

A segunda questão é de cunho urbanístico. “Se você abrir o mapa, dentro do site do Planurb, que tem a hierarquização do sistema viário, nesse lugar, onde o secretário está comentando, não há nenhuma previsão de via do futuro”.

Por último, existem questões de natureza técnica, conforme Arruda. “Tal qual a Afonso Pena, que o prefeito queria diminuir o canteiro da avenida para colocar um corredor de ônibus, vem sempre a ideia mais fácil e nunca a tecnicamente completa”.

Trecho da Avenida Mato Grosso onde possivelmente começaria avenida que cortaria Parque das Nações (Foto: Gerson Walber)
Trecho da Avenida Mato Grosso onde possivelmente começaria avenida que cortaria Parque das Nações (Foto: Gerson Walber)
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