Sem desistir, mãe luta pelos filhos e sonha em vê-los trabalhando

Mãe de cinco filhos, três deles dependentes químicos, além de um esquizofrênico, dona Guiomar Moura de Paula, 61 anos, é o retrato constante de uma mãe que não se cansa de lutar. Diariamente, ela vê dois dos filhos ociosos em casa, sem trabalho e lamenta a situação.

Por causa do vício, o filho Renato de 28 anos foi levado, por mais de uma vez, pelo Corpo de Bombeiros, depois de ficar agressivo querendo dinheiro para comprar droga. No dia da entrevista, o jovem havia acabado de ser levado para um posto de saúde. “Não sei como aguento essa rotina”, disse ela com o netinho no colo.

Apesar dos rompantes de abstinência, o jovem trabalha, é casado e tem um filho de um ano. A esposa lembra que o marido não sofria com o vício quando começaram a namorar.

“Ele tinha tido problema antes de a gente começar a namorar, mas ele não usava mais”, conta a menina.

Há alguns anos, Guiomar deixou São Paulo na tentativa de começar uma nova vida depois de se separar do marido. Em Campo Grande, longe da filha, que ficou na cidade paulista, ela cuida de toda família, mas não esperava que a vida ficasse assim.

Na casa, além dos quatro filhos, moram também a nora e o neto. O sustento da família vem da pequena aposentadoria que Guiomar recebe.

“Meu sonho é que eles comecem a trabalhar. Além de largar a droga, queria ver eles trabalhando”.

Com uma prótese na perna esquerda por causa de um acidente de moto, ainda em São Paulo, Guiomar se divide aqui entre mãe e avó. O filho mais velho, que chegou a quatro meses de São Paulo, veio fugindo da dor da recente separação, assim como a mãe fez alguns anos atrás.

“Eu era usuário, mas agora parei. Quero arrumar um trabalho”, disse o filho mais velho.

Tantos problemas não fazem a mulher forte desistir da vida. "Mesmo com tudo isso, tenho que cuidar deles e do meu neto. Fica todo mundo doente aqui. Minha nora ta magrinha, não aguenta mais", desabafou.

O filho esquizofrênico, segundo a mãe, ficou doente depois de tanto se drogar. "Ele fica deitado o dia todo. Não faz nada, até porque não consegue".

Renato já recebeu ajuda, mas Guiomar conta que de nada adiantou.