Sem saber da morte de namorado, vítima nega racha e confirma 3º carro
Internada na Santa Casa e respirando com a ajuda de aparelhos, a estudante Letícia Souza Santos, 23 anos, desmente que o namorado Marcus Vinícius Henrique de Abreu, 22 anos, condutor do Polo, estivesse participando do racha, e confirma a presença de mais um veículo.
Letícia garante que havia um Celta na disputa, que acabou em tragédia no domingo, na avenida Duque de Caxias, em Campo Grande.
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Letícia ainda não sabe que o namorado faleceu no acidente, e com dificuldades para falar, a jovem pede a todo instante para ver Marcus, com que estava há um ano e já fazia planos para casar até o final de 2013.
A decisão de poupar a jovem da triste notícia, por enquanto, veio da família e da equipe médica, já que Letícia ainda está muito agitada. “Ela está depressiva e a gente achou melhor chamar um psicólogo quando for contar. Quando ela pergunta por ele, digo que ele está no CTI”, contou a mãe da estudante, Celina de Souza Gomes, 45 anos.
A estudante de turismo passou por uma cirurgia plástica, está com vários pontos pelo rosto e sente muita falta de ar. Ela negou que o namorado estivesse fazendo racha, como ainda investiga a polícia.
Indagada sobre a decisão em falar com a imprensa, ela salienta que a vontade é de defender o namorado. “Eu quero ter o direito de falar por mim e por ele. Ele está em coma e o estado dele é mais grave que o meu”, disse.
Letícia descreve o início da tragédia e diz que a última coisa de que se lembra do acidente, é o momento de agonia enquanto sangrava dentro do veículo. “Eu lembro que eu estava dentro do carro, sangrando e pedindo pelo meu namorado, porque ele foi lançado para fora do carro”.
A jovem explica que os motoristas do Celta e do C3 estavam fazendo racha, mas Marcus Vinícius não. “Era o celta vermelho e o C3 verde. Eles começaram o racha na altura do Gugu Lanches, na Afonso Pena. Eles começaram a fazer atos obscenos, mostrando o dedo”.
No primeiro momento, Letícia e o namorado chegaram a pensar que os jovens estivessem apenas brincando. “Depois achamos que iria bater e meu namorado achou que era melhor avançar a velocidade”. Ela conta que os dois motoristas jogavam os carros em cima do Polo, onde estava Letícia e Marcus, a todo instante.
Em certo momento, o motorista do Celta emparelhou com o Polo, conforme a estudante. “Meu namorado acelerou porque achou que podia ser um assalto. O C3 veio em alta velocidade e bateu no Polo. Não tinha como a gente se defender, porque o carro foi arrastado”, conta.
“O C3 perdeu o controle, bateu no carro do meu namorado, que rodou e bateu de frente ao poste”, relembra.
Em defesa do namorado, e usando o tempo verbal como se o jovem estivesse vivo, Letícia diz que Marcus, não bebia, não fumava e não tinha inimigos. “Estávamos tomando tereré na Afonso Pena e pegamos a Duque de Caxias porque era mais rápido para ir para casa”, afirma.
Clamando por justiça, ela diz que não entende o porquê das coisas. “Quero justiça pelo o que eles fizeram. Quero entender o motivo. Até agora isso não entra na minha cabeça. E se eu morresse?” questiona.
A mãe de Letícia diz que ao saber do acidente, a filha já estava na Santa Casa e a “ficha” só caiu quando soube da morte de Marcus.
Ainda hoje, uma psicóloga deve ir ao hospital e talvez Letícia receba a notícia da morte do namorado.
“Era um menino tranquilo, alegre e trabalhador. Quero justiça. Eles (condutores dos outros veículos) destruíram a vida deles”. Celina diz que tem certeza que Marcos não estivesse fazendo racha. “Ele não corria, ainda mais quando estava com ela”.