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Capital

Silêncio marca endereços onde PF aprendeu US$ 2 milhões na Capital

A Alba Vírus cumpriu mandados de busca em fazenda e imóveis de Campo Grande, onde também apreendeu 3 veículos de luxo

Aline dos Santos | 28/08/2019 12:30
Imóvel no bairro Caranda Bosque aparece como sede de empresa de transporte. (Foto: Henrique Kawaminami)
Imóvel no bairro Caranda Bosque aparece como sede de empresa de transporte. (Foto: Henrique Kawaminami)

Nos endereços alvos da operação Alba Vírus, realizada na terça-feira (dia 27) pela PF (Polícia Federal) contra o tráfico internacional de cocaína, o dia foi de silêncio e surpresa. Em Campo Grande, a ação apreendeu 2 milhões de dólares e R$ 57 mil, além de 3 veículos de luxo, que não tiveram os modelos divulgados.

Na Rua Luzia de Castro Coimbra, no bairro Carandá Bosque, a reportagem não conseguiu contato na casa de muro alto e portão que impede qualquer visão do interior do imóvel, a contrário das casas vizinhas, cercadas por grades.

O endereço, informado à Receita Federal como localização da empresa S.O. Transporte, teve mais movimento ontem. No local, conforme apurado pela reportagem, por volta de 5h30, alguém bateu fortemente no portão e falava alto, chamando por Sandra. Também conforme informações fornecidas à receita Federal, a proprietária da empresa é Sandra de Oliveira.

A S.O.Transporte foi aberta em 2015, com capital social de R$ 30 mil. O Campo Grande News tentou contato por meio de dois telefones fixos. A reportagem também ligou para o celular que seria da empresa, mas a pessoa que atendeu disse não ter relação com a S.O. Transporte.

No bairro Coopharádio, a presença de equipe da PF quebrou a rotina na rua Albita. Lá, o alvo da operação também foi um imóvel. Conforme vizinhos, a casa nunca teve nada de diferente. “Só a Polícia Federal ontem”, diz um vizinho.

A reportagem apurou que os moradores tinham saído ontem à noite e ainda não tinham retornado. Conforme divulgado pela PF, o local é uma empresa de fachada. O imóvel fica numa esquina e não traz referência de placas ou informativos de destinação comercial.

A operação Alba Vírus também esteve na Fazenda Soberana, zona rural de Campo Grande, comprada, em dinheiro vivo, por ao menos R$ 10 milhões. Na Capital, foram apreendidos joias, celulares e dinheiro.

Em família – Segundo a investigação, liderada pela Polícia Federal de Santos, Sandra de Oliveira é sócia da S.O. Transporte, que adquiriu, em menos de um ano, R$ 1,2 milhão em caminhões. São quatro veículos, cada um com avaliação média de R$ 300 mil. Sandra foi presa na operação, porém o mandado não foi cumprido em Mato Grosso do Sul.

Ainda de acordo com a polícia, a empresária fez depósitos milionários em espécie, sem lastro patrimonial, e mantém contato com os demais integrantes da organização criminosa, “de modo que possui participação ativa nas atividades do grupo criminoso”.

Imóvel no bairro Coopharádio, alvo de operação da Polícia Federal. (Foto: Henrique Kawaminami)
Imóvel no bairro Coopharádio, alvo de operação da Polícia Federal. (Foto: Henrique Kawaminami)

Ela é mãe de Karine de Oliveira Campos, apontada como líder da quadrilha, especializada em remeter carregamentos de cocaína, por meio de contêineres em navios, para a Europa. No continente europeu, a cotação da droga chega a 35 mil euros.

A fotografia de Karine, que até ontem não havia sido localizada, estampava duas CNHs (Carteira Nacional de Habilitação) com nome de outras mulheres. Os documentos foram encontrados na casa de Mario Márcio da Silva.

Mario é protagonista do episódio que deu origem à operação. Em 20 de fevereiro de 2019, no Guarujá, ele foi flagrado com 968 quilos de cocaína e R$ 1 milhão. No celular do preso, foram encontrados vídeos detalhando os carregamentos da droga, as imagens seriam uma forma de prestar contas aos compradores. Num dos vídeos, foi identificada a voz do esposo de Karine. O pai dela também era investigado, mas faleceu no curso da apuração.

Os lucros do tráfico internacional de cocaína eram investidos em imóveis, fazenda, carros de luxo e joias. “Karine está adquirindo imóveis milionários, por meio de pagamentos em espécie, colocando-o em nome de familiares e amigos, em especial seus pais, todos integrantes da associação criminosa voltada ao tráfico internacional de entorpecentes”, detalha a Polícia Federal. Ela responde a três processos por tráfico internacional de entorpecente.

A 5ª Vara Federal de Santos decretou o sequestro de R$ 23 milhões em imóveis. Os mandados da operação foram cumpridos em São Paulo (São Paulo, Santos e Guarujá), Santa Catarina (Itajaí, Balneário Camboriú), Mato Grosso do Sul (Campo Grande) e Bahia (Salvador). Alba Vírus significa vírus ou veneno branco em latim. O nome faz referência à cocaína.

Dinheiro apreendido durante buscas: dólares e reais. (Foto: Divulgação/PF)
Dinheiro apreendido durante buscas: dólares e reais. (Foto: Divulgação/PF)
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