Tiroteio atinge casas, carro e espalha pânico no Bairro Santa Luzia

Uma sequência de tiros atravessou três ruas que se cruzam no Bairro Santa Luzia, em Campo Grande, no início da noite desta sexta-feira (7), deixando marcas em casas, atingindo um carro e espalhando pânico entre famílias que estavam dentro de suas residências ou passando pela via. Por sorte, ninguém ficou ferido.

Segundo registro da Polícia Civil, a corporação foi acionada para atender ocorrência de disparos de arma de fogo. No primeiro endereço, projéteis perfuraram o telhado de uma residência e caíram sobre o sofá da sala. No segundo ponto, um carro que estava estacionado na rua foi atingido. No terceiro local, o portão de uma casa recebeu três tiros.

Em todos os casos, os moradores relataram que não conseguiram ver quem atirou. Os disparos vieram da direção de uma área de mata próxima. Rondas foram feitas, mas nenhum suspeito foi encontrado. Testemunhas disseram ter visto duas pessoas entrando na mata, sem que fossem localizadas.

A perícia criminal esteve no bairro e recolheu projéteis que ficaram alojados nas estruturas atingidas. Os disparos estavam distribuídos pelos três endereços verificados pela polícia: as ruas Adolpho Pereira Barbosa, Santa Efigênia e Santa Gertrudes.

No bairro, moradores relatam uma noite de desespero. Uma promotora de vendas contou que enviou um áudio ao marido às 19h07 comentando sobre barulhos quando, logo depois, ouviu os tiros - que chegam a ser captados em uma das gravações. Por volta das 20h, ela viu uma viatura na região. Quatro pessoas estavam em casa no momento, e a filha, de 13 anos, preparava algo na cozinha quando quase foi atingida, já que estava exatamente abaixo das marcas deixadas no telhado.

A promotora de vendas diz que os cães ficaram agitados e que pedaços de telha caíram, mas nenhum projétil foi encontrado no chão. Ela afirma que mora há dois anos no imóvel e nunca viveu situação semelhante, embora saiba da existência de ponto de venda de drogas na região.

Outra moradora, que preferiu não se identificar, também descreve pânico. Ela afirma que estava na varanda com a mãe, a irmã e uma sobrinha de 8 anos, enquanto o pai estava na sala. “Foram muitos tiros; a gente presume que tenha sido cerca de 30 disparos”. Segundo ela, tudo aconteceu por volta das 18h50. Pessoas passavam normalmente pela rua — indo ao mercado, caminhando — quando os primeiros estampidos começaram. “Foi cena de guerra. As crianças passando na rua, os tiros passando, e eu saindo, pedindo para o pessoal entrar”.

Ela diz que chegou a ver um dos projéteis passando quando já estava na rua e que todos se deitaram na varanda para se proteger. A perícia esteve no local, mas não encontrou nenhum projétil. Ela própria consertou o telhado, aplicando massa.

Ainda contou pelo menos seis tiros na rua onde estava, outros dez na Rua Santo Agostinho e o restante na região da Vila Dedé. “Eram muitos tiros sequenciais, um atrás do outro; pode ser que seja pistola e mais de uma pessoa”, afirmou. A moradora, que atualmente vive em outra cidade, resumiu o clima daquela noite: “Parecia que a gente estava na favela da Rocinha; como pode uma coisa dessas?”

Na Rua Adolpho Pereira, a moradora da casa que teve o carro atingido também relatou o susto. Ela não quis se identificar. Estava sentada com a família na frente de casa, tomando tereré, quando ouviu os primeiros estampidos. “Foi aí que começou um atrás do outro”.

Havia muitas crianças na rua naquele momento. O carro estava estacionado na frente, na outra mão, e foi uma vizinha quem avisou que ele tinha sido atingido. O disparo acertou a traseira e atravessou até o painel do lado do motorista. A casa estava com cinco pessoas: ela, o esposo e três filhos, de 12, 8 e 5 anos. Todos correram para dentro assim que perceberam o que estava acontecendo.

O tiro danificou apenas os vidros, que já foram trocados. “Foi tudo muito rápido; a gente não esperava por nada disso; a vila aqui é sempre tranquila”, contou.

A polícia registrou a ocorrência, reuniu o material recolhido e encerrou os trabalhos no local após constatar que a autoria dos disparos permanece desconhecida. As demais providências seguem em andamento.

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