ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no Twitter Campo Grande News no Instagram
MAIO, QUINTA  16    CAMPO GRANDE 20º

Capital

Um ano após júri, juiz manda prender dupla condenada por matar em lava a jato

Patrão e o colega de trabalho de Wesner Moreira da Silva, de 17 anos, foram condenados em março do ano passado

Por Anahi Zurutuza | 19/02/2024 09:26
Thiago Giovanni Demarco Sena, 27, e William Enrique Larrea, 37, durante julgamento, em março do ano passado (Foto: Marcos Maluf/Arquivo)
Thiago Giovanni Demarco Sena, 27, e William Enrique Larrea, 37, durante julgamento, em março do ano passado (Foto: Marcos Maluf/Arquivo)

Trezentos e 26 dias após a condenação de Thiago Giovanni Demarco Sena, 26 anos, e William Enrique Larrea, 36 anos, pelo assassinato de Wesner Moreira da Silva, 17, o juiz Carlos Alberto Garcete mandou prender a dupla. Os mandados de prisão foram expedidos às 18h52 de sexta-feira, dia 16, e ainda não há comunicado de que foram cumpridos.

Thiago e Willian foram considerados culpados em júri popular que durou 12 horas, no dia 30 de março do ano passado. Sentenciados a 12 anos de prisão, eles deixaram o Fórum de Campo Grande pela porta da frente, porque tinham o direito de recorrer da condenação em liberdade.

No dia 12 de dezembro, contudo, os juízes da 2ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça negaram os recursos para a anulação do julgamento. O magistrado que presidiu o júri determinou que os dois fossem presos “diante do trânsito em julgado da sentença condenatória”.

Ainda na noite de sexta-feira, logo após a expedição das ordens de prisão, com validade até 2044, o advogado Wesley Holanda Roriz, de Brasília (DF), se habilitou no processo como representante de Thiago Sena. À reportagem, ele não quis dar detalhes sobre o cumprimento do mandado contra o cliente. Disse que não pode dar detalhes porque a defesa ainda está analisando a situação. A reportagem ainda tenta contato com a defesa de Willian Larrea.

Carro de familiares da vítima com mensagem de protesto (Foto: Marcos Maluf/Arquivo)
Carro de familiares da vítima com mensagem de protesto (Foto: Marcos Maluf/Arquivo)

O júri – Naquela quinta-feira, a acusação, feita por trio de promotores, conseguiu convencer o júri, formado por seis homens e uma mulher, a condenar o patrão e o colega de trabalho de Wesner por homicídio qualificado pelo dolo eventual (quando a pessoa assume o risco de matar) e recurso que dificultou a defesa da vítima. O juiz Carlos Alberto Garcete fixou a pena mínima para homicídio, a ser cumprida em regime fechado.

Marisilva Moreira, 50 anos, mãe do adolescente, se emocionou muito durante o julgamento, passou mal ao ouvir a leitura da sentença e foi apoiada por familiares.

Caçula da dona de casa, Wesner partiu aos 17 anos, em 3 de fevereiro de 2017, após ter mangueira de compressão, usada na limpeza de carros, introduzida no ânus. Ele trabalhava em um lava a jato na Avenida Interlagos, em Campo Grande. Com a pressão do ar, ele perdeu metade do intestino e teve vários outros órgãos lesionados até sofrer hemorragia grave e parada cardiorrespiratória.

Wesner morreu aos 17 anos após sofrer hemorragia seguida de parada cardiorrespiratória (Foto: Arquivo de família)
Wesner morreu aos 17 anos após sofrer hemorragia seguida de parada cardiorrespiratória (Foto: Arquivo de família)

Tentativa de absolvição - As defesas de Thiago e Willian alegaram o tempo todo que a tragédia não passou de uma “brincadeira de mau gosto” e que os clientes não tinham a intenção de ferir ou matar Wesner.

No plenário, o advogado Francisco Martins Guedes Neto transmitiu no telão “pegadinhas” em programas televisivos para comparar ao que aconteceu na data do crime, 3 de fevereiro de 2017, no lava a jato. "Olha o perigo, as pessoas brincando, dando risada, achando que é uma brincadeira e que pode ocasionar em morte", disse.

Já o advogado Ricardo Trad Filho disse que o patrão de Wesner e o lavador de carro eram “idiotas”. “Assassinos não, mas dois idiotas isso sim. Idiotas é isso que eles são por fazer uma brincadeira assim”.

Acusação – O júri teve réplicas e tréplicas, além de discussão entre a promotoria e a defesa dos réus. A acusação chamou um médico legista como testemunha e explicou, em termos técnicos, o que ocorreu com a vítima. “O ar entrou pelo ânus, então, a mangueira em contato íntimo com ânus com 90 psi de pressão tem energia muito alta. Essa pressão causou esta catástrofe nos órgãos do Wesner”, descreveu Marco Antônio Araújo de Melo.

No detalhamento da denúncia, consta que tudo começou com realmente com uma brincadeira. Segundo o MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul), Wesner pediu, em tom de brincadeira, que William comprasse Coca-cola. “De novo? Agora toda hora é Coca-cola!”, pegando um pano para bater no adolescente.

Em determinado momento, Wesner pediu para que o colega parasse, mas não foi atendido. O rapaz correu, mas William foi atrás dele e o imobilizou, agarrando-o pela frente e segurando braços e tórax. Logo em seguida, carregou o adolescente até onde estava Thiago, o dono do lava a jato, que pegou a mangueira de ar, retirou a bermuda e a cueca de Wesner, ligou compressor e o introduziu no ânus do adolescente.

O rapaz passou mal, vomitou, foi levado para posto de saúde, sendo transferido para a Santa Casa, onde morreu.

Receba as principais notícias do Estado pelo Whats. Clique aqui para acessar o canal do Campo Grande News e siga nossas redes sociais.

Nos siga no Google Notícias