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Capital

“Um noiado tirou a vida do meu pai”, diz filho de idoso morto na Nhanhá

Antônio Souza de Deus, de 82 anos, morreu quatro dias após ser espancado dentro de casa

Por Bruna Marques e Geniffer Valeriano | 17/10/2025 09:27
“Um noiado tirou a vida do meu pai”, diz filho de idoso morto na Nhanhá
Familiares e amigos se despediram de Antônio na manhã desta sexta-feira. (Foto: Geniffer Valeriano)

“Um noiado tirou a vida do meu pai.” A frase dita por José Ferreira, de 52 anos, resume a dor e a revolta da família de Antônio Souza de Deus, de 82 anos, que morreu nesta quinta-feira (16), quatro dias depois de ter sido espancado dentro da própria casa, na Vila Nhanhá, em Campo Grande.

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Antônio Souza de Deus, de 82 anos, morreu após ser espancado durante um assalto em sua residência na Vila Nhanhá, em Campo Grande. O idoso, conhecido como "Tonhão", era um dos pioneiros do bairro e proprietário do primeiro açougue da região. O autor do crime, Paulo Alberto de Castro Pereira, de 38 anos, invadiu a casa da vítima no domingo (12), agrediu o idoso e roubou R$ 1.600. Foragido do sistema prisional, o criminoso foi preso dois dias depois pela DERF. Antônio não resistiu aos ferimentos e faleceu na quinta-feira (16), transformando o caso em latrocínio consumado.

Antônio, conhecido como “Tonhão”, era um dos primeiros moradores da região e dono do primeiro açougue do bairro. “Ele era querido por todo mundo. Ajudava muita gente, inclusive escolas. Tinha um bom coração”, contou o filho, emocionado.

Apesar da idade avançada e de ter passado por cirurgias cardíacas e de próstata, Antônio mantinha boa saúde. “Com certeza ia viver uns 10 anos ou mais. Ele fazia exames sempre, estava ótimo”, disse José.

A ironia cruel, segundo ele, é que o pai temia justamente a violência que acabou vitimando-o. “O que deixava ele traumatizado era ver o tanto de usuários de drogas nas ruas, roubando fios, lixeiras... E, por ironia do destino, um desses noiados acabou tirando a vida dele.”

“Um noiado tirou a vida do meu pai”, diz filho de idoso morto na Nhanhá
Antônio Souza de Deus, de 82 anos, conhecido como “Tonhão”, foi o primeiro açougueiro da Vila Nhanhá (Foto: Geniffer Valeriano)

O crime ocorreu na manhã de domingo (12). De acordo com o boletim de ocorrência, Paulo Alberto de Castro Pereira, de 38 anos, invadiu o quintal da casa do filho da vítima. Ao perceber a movimentação, Antônio foi verificar o que acontecia e acabou sendo surpreendido. O criminoso pulou o muro, entrou na residência do idoso e passou a agredi-lo com socos e chutes, exigindo dinheiro.

O agressor levou cerca de R$ 1.600 e fugiu. Antônio sofreu múltiplas lesões e uma fratura na perna. Socorrido pelo Samu, foi levado à UPA Coronel Antonino, mas não resistiu aos ferimentos.

O autor foi preso dois dias depois pela DERF (Delegacia Especializada de Repressão a Roubos e Furtos). Segundo a polícia, Paulo era foragido do sistema prisional e acumula várias passagens por furto e roubo. A princípio, ele havia sido autuado por tentativa de latrocínio, mas com a morte de Antônio, o crime passou a ser considerado latrocínio consumado.

“Um noiado tirou a vida do meu pai”, diz filho de idoso morto na Nhanhá
Casa onde Antônio Souza de Deus morava, na Vila Nhanhá (Foto: Geniffer Valeriano)

Para o filho, a prisão não traz alívio. “Ele já foi preso várias vezes e sempre sai. Só está preso agora porque era foragido. Se não fosse, estaria solto. É revoltante”, lamentou.

José ainda teme que, se solto novamente, o agressor volte a cometer crimes. “Tem informação de que ele já espancou outro idoso, que também morreu. Se sair, vai fazer de novo. Não tem nada mais violento do que matar uma pessoa.”

O corpo de Antônio foi velado no Cemitério Memorial Park e enterrado na manhã desta sexta-feira (17), no Cemitério Santo Antônio. Moradores da Vila Nhanhá, onde ele viveu por décadas, compareceram para se despedir do “Tonhão”, homem simples, trabalhador e querido, cuja morte deixou a vizinhança em choque.

Gildo Oliveira, de 60 anos, cresceu ao lado de Antônio e lamenta a violência que tirou a vida do pioneiro do bairro. “Conheço ele desde os meus cinco anos de idade. Era uma pessoa do bem, trabalhador, criou os filhos com dignidade. Foi o primeiro açougueiro da Nhanhá, um homem respeitado”, contou.

“Um noiado tirou a vida do meu pai”, diz filho de idoso morto na Nhanhá
José Ferreira, filho de Antônio Souza de Deus, fala sobre a dor e a revolta após a morte do pai (Foto: Geniffer Valeriano)

Para Gildo, a morte do amigo simboliza o medo que hoje domina quem mora sozinho. “É uma perda muito grande. Ele tinha saúde, vivia bem, era tranquilo. Mas o que assusta é pensar que qualquer bandido entra e sai matando as pessoas. Mais de 40% de Campo Grande mora sozinho, e a insegurança está tomando conta. A gente precisa de proteção, de uma resposta”, desabafou.

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