Vazamento de esgoto em avenida do Tiradentes provoca indignação
Sem ter para onde ir, água “podre” retorna para as casas e provoca mau cheiro. Segundo moradores, situação é antiga e piora toda vez que chove.
“Qualidade zero”. Foi com essas palavras que a aposentada Jane Nogueira de Macedo, 66 anos, definiu o serviço de esgoto que recebe em sua residência há mais de 10 anos. Com chuva ou sem chuva a situação já virou rotina: Moradores do bairro Tiradentes são obrigados a conviver com o mau cheiro e o risco de contaminação todos os dias, isto porque, em uma das principais avenidas do bairro, a José Nogueira Vieira, o esgoto vaza e chega a invadir residências.
Entre as ruas San Martin e Diva Ferreira, a situação é ainda pior. No local, há pelo menos três bocas de lobo com problemas de infiltração. Moradora do bairro desde 2000, a assistente social Franciele Degomar, de 23 anos, está inconformada.
A casa da jovem fica nos fundos de uma igreja, localizada na esquina da avenida Oceania com a José Nogueira Vieira, ao lado do asilo São João Bosco. Quando chove, a água se mistura a dejetos do esgoto e inunda o pátio da congregação.
E não é só isso. A “podridão”, que deveria permanecer nas tubulações, retorna para dentro da casa. “Quando chove, sai água pelo ralo do nosso banheiro e a gente não pode nem tomar banho”, relatou Franciele.
Segundo moradores e comerciantes da região, várias reclamações já foram feitas ao órgão responsável, mas até agora nada foi feito.
A assistente social relata que o problema incomoda tanto que chegou a provocar desconfiança entre os vizinhos. “Denunciaram meu pai e quase fomos multados porque pensaram que a gente tinha fossa”, contou.
Além disso, a situação reflete na qualidade de vida dos moradores. Franciele disse que já perdeu 3 quilos porque às vezes, devido ao mau cheiro, não consegue se alimentar. “Você acaba tendo que conviver com isso em um bairro que não é favela”.
Como o esgoto correndo praticamente a céu aberto, a proprietária de um Petshop localizado na mesma avenida fica desconcerta toda vez que clientes chegam e questionam sobre o mau cheiro.
“A gente tem que dar uma explicação”, contou Francisca Viana Bezerra, de 68 anos.
Com duas contas de água, que juntas somam quase R$ 1 mil, a aposentada Jane Nogueira, que mantém uma loja de roupas em frente à casa onde mora – na rua Diva Ferreira -, enfrenta o mesmo problema. “Eu fico com vergonha”, disse.
Jane afirma que não faz questão de pagar, mas o que quer é um serviço de qualidade. Na casa dela a água do esgoto também retorna pela tubulação e provoca transtornos. “Sai na pia do banheiro”, contou.
Questionada se já procurou solução para o problema, a aposentada foi enfática. “O bairro inteiro liga”, disse. “Nós estamos sofrendo”, finalizou.
O Campo Grande News procurou a assessoria de comunicação da Águas Guarirobas, concessionária de serviços públicos de água e esgoto de Campo Grande, mas não conseguiu contato.
