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Cidades

Controle de vagas deve mudar, mas solução é a longo prazo, diz secretário

Antonio Marques | 03/05/2016 19:51
O secretário de estado de Saúde, Nelson Tavares, disse que a melhoria nas vagas do HR passa pela estruturação das unidades de saúde da Capital (Foto: Alcides Neto)
O secretário de estado de Saúde, Nelson Tavares, disse que a melhoria nas vagas do HR passa pela estruturação das unidades de saúde da Capital (Foto: Alcides Neto)

O secretário estadual de Saúde, Nelson Tavares, é cauteloso ao falar do assunto, mas reconhece que o sistema de ocupação de vagas nas unidades hospitalares, especialmente em Campo Grande, é complexo e a curto prazo não é algo simples para resolver sem o auxílio dos municípios. O funcionamento da Central Estadual de Regulação seria a saída mais eficiente para evitar que pacientes tenham que ficar esperando dentro de ambulância nas portas dos hospitais.

A curto prazo, segundo Tavares, a solução seria ajudar a estruturar algumas unidades hospitalares na Capital, em parceria com o município de Campo Grande, o que estaria tentando fazer há alguns meses. "Assim conseguiríamos desafogar os centros regionais de saúde e UPAs (Unidade de Pronto Atendimento), além de melhorar a resolutividade nessas unidades", explicou, acrescentando que com isso sobraria mais vagas nos hospitais.

Dessa forma, conforme Tavares, conseguiria evitar que casos como o de Jéssica Janaína, 24 anos, de São Gabriel do Oeste, que veio para Campo Grande com recomendação de vaga zero, e só conseguiu a vaga após recorrer à Polícia, voltasse a ocorrer. "Não teríamos mais essa situação se repetindo."

Jéssica chegou a ficar cerca de cinco horas dentro da ambulância aguardando vaga na fila do HR (Hospital Regional) Rosa Pedrossian. Ela só conseguiu ser atendida depois que o esposo Max Ricardo do Nascimento, 29 anos, com receio de ver a mulher morrer no veículo, foi à delegacia e registrou um boletim de ocorrência.

O secretário reconhece que a superlotação do Hospital Regional. Na busca de uma solução, ele esteve reunido, na tarde desta terça, com o corpo clínico da unidade. Segundo ele, vai ser preciso mudar o sistema de classificação de risco para o atendimento dos pacientes, de forma que o hospital possa atender maior número de pessoas do interior, com maior necessidade. "Vamos ter maior critério para internação."

Nelson Tavares disse ao Campo Grande News que, atualmente, 92% dos pacientes atendidos no Hospital Regional são da Capital, sendo que 50% são pessoas dos bairros ao redor da unidade. “Apenas 8% vêm do interior do Estado”, observou ele, lembrando que o certo seria o hospital receber mais pacientes do interior.

Esse fato de atender mais a população dos bairros no entorno do hospital também é apontado pelo presidente do CES (Conselho Estadual de Saúde), Ricardo Bueno, como motivo da superlotação do HR. “Temos casos frequentes de pacientes sem gravidade, como início de dengue e pneumonia que poderia ser atendido em UPA, e estão ocupando vagas no hospital de referência”, questiona.

Conforme Bueno, a solução para evitar que pacientes do interior em estado grave consigam internação no HR é tornar mais criterioso a classificação de risco e só internar pessoas em estado clínico de maior gravidade.

Tanto o secretário como o presidente do CES concordam que, por falta de estrutura nas unidades de saúdes nos bairros próximos faz com que as pessoas procurem o HR, por oferecer maior resolutividade. “Se o cidadão vai ao posto de saúde e não consegue fazer um raio-x, um eletro (exame de eletrocardiograma) ou até mesmo um exame de saúde, ele procura direto o hospital, onde vai conseguir resolver tudo de uma vez”, conta Nelson Tavares.

O secretário estadual de saúde afirma que essa é uma realidade nas unidades hospitalares da Capital, considerando que as pessoas tem mais facilidade de procurar os hospitais do que as UPAs e postos de saúde. “Já os pacientes do interior só vem para Campo Grande quando a pessoa tem mais atendimento no município.”

Para ele, o corpo clínico fica até desconfortável com a situação de ter que recusar até 80 pacientes do interior por mês, em razão de o hospital estar com as vagas ocupadas por pessoas em estado com menor gravidade, mas que residem na Capital.

Conforme o secretário, a administração deve implantar nos próximos dias novo sistema de classificação de risco para ocupação das vagas na unidade. A paciente de São Gabriel necessitava de uma vaga na ala vermelha, que tem capacidade para atender sete pessoas. Nesta terça-feira de manhã haviam 15 pacientes.

Médio prazo - A médio prazo, Nelson Tavares explica que a situação vai se resolver com a implantação da Central Estadual de Regulação, que deve funcionar ainda neste ano. “Com o sistema funcionando vamos ter uma fotografia da assistência hospitalar a cada segundo nas unidades de todo o Estado”, ressalta.

Com isso, Tavares reitera que vai conseguir evitar que pacientes tenham que ficar aguardando em ambulância na frente de unidades hospitalares na Capital.

“A grande solução é o projeto de descentralização da saúde, com foco na regionalização no Estado. Escolheríamos uns 20 hospitais em Mato Grosso do Sul, que pudessem aumentar seu nível de complexidade para desafogar Campo Grande, Dourados e Três lagoas”, destacou ele.

O secretário cita o exemplo de Coxim, onde aconteceu a primeira Caravana da Saúde, em que o hospital da cidade dobrou a capacidade de atendimento e há mais de quatro meses não vem nenhum paciente ortopédico para Capital. “Só vem parto se for gravidez de risco, dobrou a capacidade de fazer cirurgias gerais e fazemos cirurgias por vídeo lá. Reestruturamos o hospital”, afirmou Nelson Tavares, acrescentando que a ideia é que isso aconteça nas outras regionais.

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