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Empregos

De MS, 4 mil índios vão à SC e RS para trabalhar em colheitas de maçã

Acordo entre Funtrab, indígenas e MPT permite, pelo quarto ano, número inédito de trabalhadores para as colheitas da fruta no sul

Izabela Sanchez | 17/10/2019 12:15
Trabalhadores indígenas de MS seguram as maçãs que colheram no sul no início desse ano (Foto: Divulgação/Funtrab)
Trabalhadores indígenas de MS seguram as maçãs que colheram no sul no início desse ano (Foto: Divulgação/Funtrab)

De Mato Grosso do Sul 4 mil indígenas, aproximadamente, vão atravessar horas de viagem, no final de janeiro, para trabalharem em colheitas de maçã no sul do Brasil. Índios de todo o Estado vão para cidades da região onde há empresas do setor em Santa Catarina e Rio Grande do Sul.

O alto número de trabalhadores para este serviço temporário é novidade. Não a ida desses trabalhadores, que costumam migrar, todos os anos, para locais onde a lavoura pede mão-de-obra. Antes, ainda assim, essa viagem ocorria de forma ilegal.

Com intervenção do MPT-MS (Ministério Público do Trabalho em Mato Grosso do Sul), as contratações foram formalizadas e já ocorrem, na legalidade, pelo quarto ano consecutivo. É o que explica o Diretor-Presidente da Funtrab (Fundação do Trabalho de Mato Grosso do Sul), Enelvo Felini.

“Está previsto 4 mil índios, para Santa Catarina e Rio Grande do Sul, de quase todo o Estado. Vai de Dourados, Sidrolândia, Ponta Porã, Amambai, Tacuru, Caarapó, toda região que tem índios vai ser selecionado pra ir pra lá, Aquidauana. Vão pela Funtrab. A Funtrab junto com as empresas do sul. Fizemos reunião aqui dentro com todos os empresários do sul. [O trabalho é] em várias cidades do sul: Fraiburgo (SC), Lagoa Vermelha (RS), Vacaria (RS), a região que planta maçã no sul do país”, disse.

Antes que a colheita comece no final de janeiro 500 trabalhadores, aproximadamente, já vão até o sul para o que se chama de “raleio” da maçã: colher o excesso de frutos para que a árvore, sem estar muito carregada, dê frutos maiores e melhores.

“Ela aflorou muito, deu muita maçã, vão tirar algumas do pé, chamam de raleio, diminui elas para dar uma fruta maior e de melhor qualidade. Tu bota excesso de fruta no pé, dá miudinha, vende, mas mal”, comentou o diretor da Funtrab que conhece bem esse trabalho, já que é gaúcho.

Em MS, prestes a embarcar para o sul (Foto: Divulgação/Funtrab)
Em MS, prestes a embarcar para o sul (Foto: Divulgação/Funtrab)

Seleção e salário – A seleção dos trabalhadores é realizada pela Funtrab. “O procurador [do MPT] esteve conosco na região, fizemos ata com empresários, índios e governo estadual. Cada um tem as suas obrigações a cumprir. Qual a nossa missão? Selecionar bem os índios para os empresários. Vamos às aldeias, aos municípios onde estão os indígenas”, disse.

Os trabalhadores recebem salário mínimo e alguns chegam a receber um pouco mais. Esse ano, outra novidade além do número, são os cargos. Além de colhedores, a Funtrab vai encaminhar, também, tratoristas.

“Esse ano nós exigimos para eles pegarem cargos mais importantes. Vamos tentar ver se qualificamos o grupo até o final do ano, que ganha mais, achamos que vai precisar mais de 80 tratoristas, então ao invés de ganhar R$ 1,2 mil, já ganha mais”, pontuou.

Enelvo garante que todo o trabalho é fiscalizado in loco pelo MPT e Funtrab. Os trabalhadores, pontuou, ficam em alojamentos nas empresas, onde tem direito a alimentação e benefícios de saúde. Para chegar até os locais de destino, as empresas enviam ônibus às cidades onde os índios vivem. Os veículos chegam, inclusive, até o limite fronteiriço entre Brasil e Paraguai.

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