ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no Twitter Campo Grande News no Instagram
ABRIL, QUINTA  18    CAMPO GRANDE 22º

Empregos

Desempregados “batem ponto” em agências, mas nada de oportunidade

Busca por oportunidade ultrapassa ano e as dificuldades começam desde a compra do vale transporte

Danielle Valentim | 04/05/2018 11:35
Alberto Baraúna, de 41 anos, enfrenta de perto o desemprego e a dor da saudade dos três filhos que ficaram com a avó em Salvador, na Bahia. (Foto: Danielle Valentim)
Alberto Baraúna, de 41 anos, enfrenta de perto o desemprego e a dor da saudade dos três filhos que ficaram com a avó em Salvador, na Bahia. (Foto: Danielle Valentim)

Não pensa em crise, trabalhe. Mas cadê o emprego? As agências de emprego em Campo Grande viraram pontos de encontro, onde os rostos vistos já não são desconhecidos. Toda semana o processo é o mesmo: fila, encaminhamento na mão, entrevista na empresa e espera por uma ligação, que nunca acontece. Na falta de oportunidade e mesmo sem dinheiro para o vale transporte, o jeito é “bater ponto” na agência.

A saga na busca por uma oportunidade ultrapassa meses e até ano em alguns casos e o apoio da família, seja financeiro ou psicológico, é o que sustenta grande parte dos presentes, que madrugam nas filas para garantir uma senha.

Há um ano e três meses, o baiano Alberto Baraúna, de 41 anos, enfrenta de perto o desemprego e a dor da saudade dos três filhos que ficaram com a avó em Salvador. O nordestino conheceu a atual esposa pela internet e atravessou o país por uma oportunidade de emprego, que nunca chegou.

“Hoje, a minha única vontade é voltar para minha terra e rever meus filhos, que precisam de mim. Desde que cheguei aqui não consigo mandar dinheiro para eles e isso me dói o coração. Eu e minha esposa moramos de favor com minha sogra no Jardim Canguru e está muito difícil. Tenho experiência como repositor, mas já perdi as contas de quantas vezes voltei aqui. Não aguento mais gastar o que não tenho. Preciso de uma oportunidade”, disse.

A espera de um ano também atinge Marli Oliveira de Melo, de 38 anos, que “bate ponto” nas agências públicas de emprego da Capital em busca de uma oportunidade como zeladora ou auxiliar de estoque, funções que possui experiência em carteira.

“Eu fui demitida do último serviço e desde, então, não consigo mais nada. A gente vem, espera o atendimento passa por entrevista, mas eles nunca ligam depois. Já aconteceu de chegar na empresa e a vaga já ter sido preenchida. Meu marido segura as pontas em casa, mas também tenho filhos. É muito difícil. Está muito difícil. Eles pedem a experiência a gente prova, mas não consegue. Mas hoje quero o que aparecer”, conta.

“Se eles dessem uma oportunidade ou ensinassem o que é para fazer seria mais fácil", diz Nayara. (Foto: Danielle Valentim)
“Se eles dessem uma oportunidade ou ensinassem o que é para fazer seria mais fácil", diz Nayara. (Foto: Danielle Valentim)

Há nove meses, Nayara Rosa Santana, de 29 anos, busca uma oportunidade de emprego. A frase “em qualquer área” virou lema da jovem que tem dois filhos e vive de favor na casa da mãe, no Bairro São Conrado.

“Se eles dessem uma oportunidade ou ensinassem o que é para fazer seria mais fácil, mas eles sempre pedem experiência. A gente sai de casa às 4h e só perde tempo. Meu irmão tem 23 anos e também só está vivendo de bicos”, revelou.

O retorno às agências para o atendente de telemarketing Paulo Cesar Souza, de 31 anos, acontece há 10 meses. Ele conta que também tem conhecimento na área de manutenção de computadores, mas para conseguir um registro em carteira há a exigência do nível superior.

“Eu fui demitido do último emprego após fechamento do do setor e venho me virando com alguns bico de manutenção. Eu moro com a minha mãe, mas preciso ajudá-la e também preciso pagar minhas contas”, afirma.

Solidariedade - Se você se sensibilizou com a história do baiano Alberto e quiser doar uma passagem até Salvador - Bahia, o telefone é 67 99309-1594.

(Foto: Danielle Valentim)
(Foto: Danielle Valentim)
Nos siga no Google Notícias