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Cidades

Greve "sem fim" fecha 50 leitos no HU e suspende serviços essenciais

Flávia Lima | 15/07/2015 15:32
Usuária busca informação na maior agência do INSS da Capital. (Foto:Fernando Antunes)
Usuária busca informação na maior agência do INSS da Capital. (Foto:Fernando Antunes)
A dona de casa Nilza da Silva (dir.) tentou atendimento na agência central do INSS. (Foto:Fernando Antunes)
A dona de casa Nilza da Silva (dir.) tentou atendimento na agência central do INSS. (Foto:Fernando Antunes)

A greve dos servidores federais em Mato Grosso do Sul já completa esta semana 30 dias em alguns órgãos, porém os sindicatos das categorias não sinalizam um acordo com o governo federal, com isso, as paralisações vem sendo mantidas, sem previsão de término. Ao todo, o movimento engloba pelo menos sete mil servidores que atuam na UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), INSS, HU (Hospital Universitário) e Poder Judiciário.

Segundo informação dos sindicatos, a paralisação atinge entre 40% e 80% dos servidores, dependendo da categoria. Um dos movimentos mais fortes é o dos técnicos administrativos que trabalham na UFMS e no HU, tanto na Capital quanto no interior. A categoria decidiu cruzar os braços há quase dois meses, o que vem obrigando os pacientes a reagendarem consultas e, principalmente, as cirurgias eletivas.

De acordo com Adílson da Costa Oliveira, um dos membros do comando de greve, cerca de 10 mil pessoas procuram os serviços do Hospital Universitário da Capital. Mesmo obedecendo o índice de 50% de servidores nos serviços de emergência, como as CTIs (Centro de Terapia Intensiva) e de 30% nos serviços não essenciais, Adilson reconhece que os serviços prestados ficam a desejar. “As consultas prosseguem normalmente, mas é tudo feito de forma mais lenta”, ressalta.

Desde o início do movimento, de acordo com a assessoria do HU, pelo menos 50 leitos do PAM (Pronto Atendimento Médico), Pediatria, Maternidade e Clínica Cirúrgica foram fechados por falta de profissionais administrativos e da enfermagem, o que acaba sobrecarregando o sistema de regulação de vagas, já que pacientes precisam aguardar a liberação de leitos em outros hospitais da Capital.

No entanto, os sindicalistas afirmam que o fechamento dos leitos não ocorreu apenas devido a greve, mas pela deficiência de funcionários que já existe no hospital. Ainda segundo a assessoria, apenas as cirurgias eletivas não estão sendo agendadas, já as de urgência e os serviços de emergência estão mantidos.

Ao todo no Estado, são 3,3 mil técnicos distribuídos nos campi da UFMS e nos hospitais universitários de Dourados e Campo Grande. No HU da Capital atuam 700 servidores.

O impasse também é mantido entre os 1,3 mil professores da UFMS, que ainda nesta quarta-feira (15) realizam assembleia, iniciada às 14h, para deliberar sobre a reunião que a categoria terá em Brasília, junto a outros servidores federais em greve.

A greve afeta 15 mil alunos em todos os campi do Estado, que tiveram o calendário acadêmico suspenso pelo Coeg (Conselho de Ensino de Graduação da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul). Com isso, foram anuladas as aulas, provas, trabalhos, seminários, matrículas, estágios e atividades, inclusive as adotadas por docentes que não aderiram a paralisação.

A medida contribuiu, segundo representantes da Adufms (Associação dos Docentes da Fundação Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), a fortalecer o movimento grevista, no entanto, os alunos não sabem quando será o término do ano letivo e como serão feitas as reposições.

A pauta de reivindicação dos técnicos e professores é unificada. As duas categorias pedem 27% de reposição da inflação, além de melhorias nas condições de trabalho e a suspensão dos cortes nas verbas para a Educação. O governo federal fez uma proposta de 21.3% divididos em quatro anos. “Foi um total desrespeito essa proposta. Ainda estamos recebendo parcelamento de negociações passadas”, diz José Carlos Silva.

Já os servidores do Poder Judiciário, que engloba a Justiça Federal, Justiça do Trabalho, Justiça Eleitoral e Justiça Militar, totalizam 1,8 mil servidores em Mato Grosso do Sul e estão com as atividades paralisadas há 25 dias.

Segundo o representante do Sindjufe (Sindicato dos Servidores do Poder Judiciário Federal e Ministério Público da União em Mato Grosso do Sul), Antonio Cesar Medina, o movimento atinge 50% da categoria, que já teve aprovado pelo Senado, o índice de 59,5% de reposição salarial, divididos em quatro anos.

No entanto, o projeto corre o risco de ser vetado pela presidente Dilma Roussef devido a cortes no orçamento. Para garantir a sanção, os servidores decidiram manter o movimento e buscar apoio de deputados e senadores. Com a prorrogação da greve, pelo menos 200 audiências estão sendo canceladas diariamente, segundo Medina.

Mesmo com o índice obrigatório de 30% de funcionários, o sindicalista ressalta que está sendo possível atender apenas os serviços emergenciais, como medidas cautelares de urgência e mandados de segurança.

Mais recente - Iniciada há menos de uma semana, a greve dos servidores do INSS vem ganhando força e das quatro agências da Capital, duas estão com os atendimentos totalmente suspensos.

Segundo Adelson Nogueira, do comando de greve no Estado, os serviços estão paralisados na maior agência de Campo Grande, na Rua 26 de Agosto e na localizada na Rua Alexandre Flemming. Já nas agências da Rua Anhanduí, no Centro e no bairro Coronel Antonino, o atendimento é parcial, porém, a partir desta quinta-feira (16), deve ser suspenso totalmente.

No final da manhã desta quarta-feira, algumas pessoas ainda buscavam atendimento e informações na agência da 26 de Agosto. Foi o caso da dona de casa Nilza da Silva, que havia agendado uma entrevista com a assistente social para obter o auxílio doença. “Me disseram para esperar aqui fora porque tem alguns funcionários trabalhando, mas não sei se poderão me atender”, disse.

De acordo com Adelson Nogueira, a agência central realiza cerca de 500 atendimentos diários. “Mesmo com a falta de funcionários, esse número chega a 700 às vezes”, afirma. Atualmente a agência conta com 12 servidores no setor de atendimento quando, segundo o sindicalista, o ideal seria 60.

Com o fechamento das agências, incluindo as 26 do interior, pelo menos 5,4 mil atendimentos deixarão de ser realizados e pedidos como aposentadoria, perícias e auxílio doença, os mais requisitados, terão que ser reagendados e não há prazo para serem feitos. O comando de greve orienta os usuários a ligar no número 135 para obter informações, no entanto o congestionamento do serviço vem impossibilitando o esclarecimento das dúvidas via telefone.

A categoria reúne 500 servidores no Estado e pede reajuste salarial de 27% e o aumento no quadro de funcionários. O Ministério do Planejamento ofereceu 21% em parcelas para os próximos anos, proposta que foi rejeitada.
Quanto a defasagem de servidores, o governo federal liberou a realização de um concurso para o preenchimento de 8 mil vagas em todo o país. Porém, para Mato Grosso do Sul não foram autorizadas abertura de vagas.

Solidariedade – Enquanto o impasse entre as categorias e o governo federal permanece, os sindicatos representativos dos servidores federais mobilizaram as categorias para doarem sangue durante toda esta quarta-feira. Na Capital, o movimento se concentrou no banco de sangue do HU, onde no período da manhã pelo menos 50 servidores do hospital e da UFMS aderiram a campanha.

“Queremos mostrar que grevista não faz apenas piquete e manifestação. Como funcionários da Educação, devemos dar exemplo de cidadania”, diz a fisioterapeuta Fátima Del Fava.

A bibliotecária Dagmar dos Passos, também concorda que o caráter social deve ter lugar durante as mobilizações. “Temos que aproveitar o movimento para mobilizar as pessoas e incentivar a solidariedade”, diz.

A técnica administrativa Dagmar Passos foi ao banco de sangue do HU namanhã desta quarta-feira. (Foto:Fernando Antunes)
A técnica administrativa Dagmar Passos foi ao banco de sangue do HU namanhã desta quarta-feira. (Foto:Fernando Antunes)
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