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Interior

Caseiro que confessou matar patrão com faca e tiro seguirá preso

Defesa prepara habeas corpus e diz que Angelo "agiu para se proteger de ameaças"

Por Gustavo Bonotto e Helio de Freitas, de Dourados | 01/05/2025 19:24
Caseiro que confessou matar patrão com faca e tiro seguirá preso
O caseiro Angelo Gabriel Pereira França, durante audiência de custódia online, realizada nesta quarta (30). (Foto: Reprodução processual)

A Justiça de Deodápolis converteu em preventiva a prisão do caseiro Angelo Gabriel Pereira França, de 55 anos, que confessou ter matado o patrão, Vilson José Tondato, de 65, com faca e tiro de espingarda no Sítio Jardim do Éden, na segunda-feira (28). O crime ocorreu na zona rural do município, a cerca de 270 quilômetros de Campo Grande.

A decisão foi tomada pela juíza Natália Devechi Picoli Antunes, na tarde desta quarta (30), que atendeu a pedido do Ministério Público Estadual. Segundo a magistrada, a prisão é necessária para garantir a ordem pública e assegurar a aplicação da lei penal, devido à gravidade do crime e ao risco de reiteração delitiva.

Durante a audiência de custódia, a juíza mencionou que Angelo tem registros criminais anteriores e chegou a ter contra si uma execução penal aberta por tentativa de homicídio, ocorrida em Campo Grande. O processo foi extinto no início deste ano por prescrição, mas, segundo o Judiciário, o réu não foi localizado para começar a cumprir a pena, o que pesou na decisão pela manutenção da prisão.

A magistrada também destacou que o crime foi praticado contra alguém com quem o autor mantinha relação de confiança, em circunstâncias que exigem aprofundamento das investigações antes de se discutir eventual legítima defesa — argumento apresentado pela defesa de Angelo.

Caseiro que confessou matar patrão com faca e tiro seguirá preso
Momento em que policiais chegavam à delegacia com o autor do crime. (Foto: Ligado na Notícia)

Procurado pela reportagem, o advogado Heltonn Bruno Gomes Ponciano Bezerra afirmou que já está preparando um pedido de habeas corpus. Segundo ele, há elementos suficientes para demonstrar que o crime ocorreu após ameaças do patrão, e que seu cliente agiu para se defender.

Angelo foi localizado escondido no galinheiro da propriedade, na noite de terça-feira (29), por equipes da Polícia Civil e da Polícia Militar. Ele continua preso na delegacia de Deodápolis.

Discussão após bebedeira – Trabalhando há quase um ano no sítio, Angelo França contou que o crime ocorreu após desentendimentos entre ele e Vilson Tondato no domingo (27). Após o almoço daquele dia, os dois deixaram a propriedade no veículo do patrão para verem vacas leiteiras na 13ª Linha, mas no caminho pararam num bar e começaram a ingerir bebida alcoólica.

Depois de duas horas no estabelecimento, Vilson teria desistido de ir ver as vacas que pretendia comprar e voltaram para o sítio. Antes, passaram em um mercado na cidade para comprar mantimentos. Angelo conta que pediu para o patrão comprar mistura e um pacote de fumo para ele. Como resposta, o sitiante teria dito que o funcionário já lhe devia dinheiro e não sabia se ele daria conta de pagar.

Angelo disse que certa vez, ao levar o patrão que estava passando mal ao hospital, bateu a Chevrolet Blazer de Vilson em outro carro e o conserto ficou em R$ 5 mil. Mesmo ganhando R$ 1,5 mil por mês, ele pagava a dívida do conserto em parcelas mensais de R$ 1 mil.

O caseiro alega que se sentiu humilhado, pois a declaração de Vilson teria sido feita na frente de outros clientes do mercado, e pediu ao patrão que falassem sobre a situação quando voltassem para o sítio.

Caseiro que confessou matar patrão com faca e tiro seguirá preso
Vilson, em foto publicada nas redes sociais. (Foto: Direto das Ruas)

Angelo afirmou que na noite de domingo e na manhã de segunda-feira viu o patrão circulando pela propriedade com duas espingardas. Por volta de 14h30, depois de passar boa parte do dia longe da vista de Vilson Tondato, os dois se encontraram perto da porteira de acesso aos açudes.

Assim que o viu, conforme o depoimento do preso, o sitiante teria lhe apontado a espingarda. Angelo alega que, para se defender, segurou no cano da arma e entrou em luta com o patrão. Ele afirmou que tentou convencer Vilson a largar a arma e conversarem, mas o patrão insistia em matá-lo.

Para se defender, segundo a versão do autor do crime, ele pegou a faca que sempre carregava na cintura, desferiu um golpe em Vilson (ele alega não se lembrar em qual parte do corpo), pegou a espingarda e disparou um único tiro no sitiante. Depois, contou o ocorrido para a mulher do patrão, cobriu o corpo com lona e fugiu para o mato.

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